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07/04/2020 às 04h39min - Atualizada em 07/04/2020 às 04h39min

Sindicato dos atletas propõe redução do Campeonato Brasileiro; Globo é contra

Emissora paga pelos 380 jogos; pode haver um problema contratual caso número de partidas seja reduzido

João Felipe Carvalho - Editado por Paulo Octávio
Prioridade da CBF é finalizar os estaduais e a Copa do Brasil. (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

O Campeonato Brasileiro de 2020 pode ter um formato diferente. A Fenapaf (Federação Nacional de Atletas de Futebol Profissional) e o Sindicato dos Atletas cobraram da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e da  TV Globo, uma das detentoras dos direitos de transmissão da liga nacional, uma opção para viabilizar o término dos estaduais. A ideia é reduzir o número de datas do Brasileirão para concluir todas as competições  nacionais até o fim de dezembro e, assim, assegurar o pagamento de forma integral dos direitos de televisão.

O Brasileirão teria início na primeira semana de maio, mas a pandemia do novo Coronavírus paralisou o calendário mundial. Sem bola rolando, a emissora suspendeu o pagamento de parcelas pendentes das cotas de televisão. Apenas os clubes dos estados de Rio Grande do Sul e Minas Gerais não foram afetados, pois a comissão dos dois estaduais foi paga antes da pausa. Por outro lado, as 16 equipes do Campeonato Paulista ficaram sem uma parcela de R$ 62,5 milhões. E ainda, os 20 clubes da série A foram avisados sobre uma possível suspensão do depósito dos 40% da verba paga para transmissão do torneio -- o equivalente a R$ 439 milhões, que seriam divididos igualmente entre as equipes. Como alguns times dependem do pagamento da Globo para despesas imediatas, como folha salarial, as conversas para definir o futuro da competição podem ocorrer o mais rápido possível.

Em entrevista concedida ao UOL Esporte, o representante do Sindicato dos Atletas e da Fenapaf, Alfredo Sampaio, confirmou a possibilidade de redução do Brasileirão, mas ressaltou que a Globo e a Turner não concordam com a medida. Enquanto a emissora carioca tem contrato para 38 rodadas, o conglomerado americano conta com apenas 56 dos 380 jogos disponíveis para transmissão. Com um novo formato, esse número despencaria.

"Nós já conversamos várias possibilidades. Vai depender como a epidemia vai andar. Se tudo voltar ao normal até maio, dá para encaixar tudo. Se não voltar, vai ter que mudar o modelo de competição. Só que essa redução também passa por alguns problemas contratuais. A Globo tem contrato para transmitir 38 partidas. Se diminuir o número de partidas, a Globo pode não querer pagar", disse Alfredo, que também chamou a atenção para a indefinição do período de paralisação do calendário:

"Citamos dois grupos de dez jogando entre si, campeão de um contra o campeão de outro. E aí teríamos 22, 24 datas se fosse jogo ida e volta. O importante entender é que essa decisão depende muito da questão do vírus. Se o vírus acabar em maio, tudo bem, mas e se acabar em junho ou julho? Aí não tem como ter 38 datas”, completou.

A CBF já sinalizou com a decisão de priorizar a conclusão dos estaduais e da Copa do Brasil antes mesmo do pedido da Fenapaf e do Sindicato. A entidade também afirmou que não quer invadir a temporada de 2021. Um cenário com jogos até o fim de julho do próximo ano para adaptar o calendário brasileiro ao europeu está descartado, em razão da definição de datas das competições com transmissoras e patrocinadores. Os clubes estão envolvidos nas conversas e atentos à chance de uma pré-temporada reduzida, com apenas o recesso de fim de ano. Outra preocupação é a parada em datas-FIFA,  o que deve ser abolida, e continuidade das competições continentais, visto que a final da Libertadores permanece marcada para o dia 21 de novembro, no Maracanã.


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