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11/02/2021 às 15h03min - Atualizada em 11/02/2021 às 14h49min

Maria Lúcia Alvim: poetisa morre após complicações da Covid-19

A mineira é conhecida por seus "mundos poéticos" e independência na escrita

Adélia Fernanda Lima Sá Machado - Editado por Andrieli Torres
Foto/Reprodução: Google
“Eu gosto mais de falar dos ‘mundos poéticos’ e não das técnicas, escolas e essa coisa toda exterior... falo em matéria de mundo poético, mundo interior porque eu só posso sentir a poesia através desses mundos”. É assim que Maria Lúcia Alvim se expressa em um trecho de seus livros de poema. A poetisa mineira faleceu aos 88 anos no início de fevereiro deste ano por complicações da Covid-19, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Mas de fato, quem foi Maria Lúcia Alvim? Qual sua trajetória, estilo e legado?

Não tem como tratar sobre Maria Lúcia sem tocar na sua maior obra prima, que é a poesia, já que ela largou seus estudos para viver exclusivamente dessa arte e também da pintura. O estilo da escrita da artista foi criticado por muitas pessoas por ser marcado por questões poéticas, românticas e não sociais, frente ao cenário que vivia com efervescência social.

Foi em 1959 que a mineira estreou no mundo literário, com a publicação do livro “XX Sonetos”, onde a escritora acolhe as inquietudes de sua voz lírica, fazendo jus ao título da obra, apresentando o lado lírico de sonetos e rimas. Após a primeira publicação, vários livros de poesia foram publicados por ela. Até 1989 a produção de livros de Mária Lúcia era grande, inclusive, lançando uma obra para completar seus 30 anos de no mundo poético. Pouco tempo depois, ela resolveu dar uma pausa nas produções, que ninguém imaginava quanto tempo duraria, nem mesmo ela.

                                                         
 
Em 2020, após 40 anos sem publicar nada, Maria Lúcia retorna com o lançamento de um livro de poemas intitulado "Batendo pasto". A publicação foi acolhida por vários leitores das mais variadas idades, inclusive, jovens, onde a escritora se mostrou surpresa e alegre. “Estou adorando que os jovens se aproximem de mim e de minhas coisas. Quero que cheguem cada vez mais perto, a um palmo de distância para a gente poder se entender um pouquinho”, disse ela em uma de suas últimas entrevistas sobre o lançamento da obra, a entrevista foi realizada para a Tribuna de Minas.
 


Confira uma das passagens do último livro de Maria Lúcia:

Manhã sem rusga
pequeno depósito de agrura na poça
exorbitei de alegria
a abóbada celeste não dá vazão
silos de silêncio
ó ser astral
o capim é minha grande reserva interior
a esperança
desleixo

O desejo da poetisa era que o livro publicado ano passado fosse lançado apenas após sua morte, mas por insistência que houvesse reconhecimento de seus escritos ainda em vida, foi levado ao público logo em 2020.  Mária Lúcia Alvim deixa grandes obras para o leitor e boas referências para escritores, que devem ser lidas e compartilhadas por expressarem força e encanto em forma de escrita que só ela tinha. 


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