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26/02/2021 às 16h20min - Atualizada em 26/02/2021 às 15h41min

Mercado de livros se reinventa e consegue bons números em 2020

Em dezembro do ano passado, os 4,9 milhões de livros vendidos representaram uma variação de 7,6% em comparação com o mesmo período em 2019

Marília Felix - Editado por Ana Paula Cardoso
Clientes na Livraria Megafauna. Fonte: Felipe Campos Mello/Luiz Maudonnet / Reprodução: Publishnews

De acordo com os números do relatório divulgado pela consultoria Nielsen em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) sobre o mercado editorial em 2020 são positivos. Após o abalo gerado pela pandemia e o fechamento das lojas, o setor ganhou fôlego e terminou o ano com 0,87% a mais de volumes vendidos em relação ao ano anterior. O varejo online e as promoções oferecidas pelas editoras brasileiras são um dos fatores que explicam essa recuperação.

Em dezembro do ano passado, os 4,9 milhões de livros vendidos representaram uma variação de 7,6% quando comparado com o mesmo período de 2019. O faturamento do mercado também alcançou a marca positiva de R$ 197,8 milhões, um aumento de 4,9%. A única baixa do mês foi em relação ao preço médio do exemplar que passou de R$ 40,71 para R$ 39,72. O acumulado do ano atingiu 41,9 milhões de exemplares vendidos. Contudo, o faturamento anual representou uma diminuição 0,48% em relação a 2019, atingindo a marca de R$ 1,74 bilhão.

Grande parte da explicação para o respiro do setor é o mercado digital. Mais da metade dos livros vendidos durante o ano passado foram pela internet. A migração para as plataformas online seria inevitável no contexto de pandemia com as lojas físicas fechadas. Os perfis nas mídias sociais de livrarias e editoras contribuíram para a aproximação do público e possibilitaram a oferta de descontos e promoções.

Mesmo com o aumento do volume de livros vendidos graças ao mercado digital, o preço final ficou menor quando comparado à compra física. No ano, o desconto médio acumulado foi de 22,94%. Segundo Marcos da Veiga Pereira, presidente do SNEL e sócio da editora Sextante, os sites “Amazon, Americanas, Submarino e Magazine Luiza fizeram promoções que impactaram em maiores descontos ao consumidor”, disse em entrevista à Veja no mês de novembro.

Duas das mais tradicionais livrarias brasileiras, a Saraiva e a Cultura, mantiveram seus caminhos instáveis em 2020. Ambas pediram recuperação judicial em 2018. O plano apresentado pela Saraiva em julho ainda não conseguiu aprovação e o site da empresa não obteve interesse de possíveis compradores. A outra gigante do setor, a Livraria Cultura, também não teve o novo plano de recuperação aprovado por parte dos credores. 

Com isso, novas redes se consolidaram no mercado. Algumas lojas fechadas pela Saraiva foram incorporadas pela Leitura, dona do maior número de lojas no Brasil. Outras livrarias regionais ampliaram seu espaço, como a Travessa em Niterói, a Livraria da Vila em São Paulo e São Caetano, a Escariz em Salvador e A Página em São Paulo. 

O preço dos livros é também algo que chama atenção no mercado. Com base na pesquisa do G1, o valor do exemplar é estabelecido de acordo com: direitos autorais (10%); custos editoriais como revisão e projeto gráfico (5%); custos industriais de papel, impressão e embalagem (10%); despesas administrativas (15%); reservas para perdas diversas (5%); o lucro da editora (5%); margem para as livrarias (50% se comprarem diretamente com as editoras, quando adquirem das distribuidoras o percentual passa para 35% ou 30%).

Entretanto, esse preço pode aumentar ainda mais se a reforma tributária apresentada pelo ministro da economia, Paulo Guedes, for aprovada pelo Congresso. A proposta substitui a cobrança do PIS/Pasep e do Cofins em um único imposto sobre o valor agregado chamado Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS).

Com uma alíquota de 12%, o novo imposto acabaria com a isenção das vendas e importações dos livros, que ocorre desde 2004. Assim, a taxação elevaria o preço para o consumidor final. Entidades do setor, como a Câmara Brasileira do Livro, o SNEL e a Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares lançaram um manifesto contrários à mudança. Por enquanto, o projeto está estacionado no Congresso.

Na visão da jornalista e escritora Isa Colli, 2021 chega com ótimas perspectivas para o mercado de livros. O ambiente online deve se consolidar e a nova tendência é a associação das lojas físicas com os sites. Também pode ocorrer a Bienal Internacional do Rio entre agosto e setembro, se a situação da pandemia no momento for adequada para a realização. 

Referências

NIELSEN, SNEL. Painel do varejo de livros no Brasil. SNEL, jan. de 2021. Disponível em: <https://snel.org.br/wp/wp-content/uploads/2021/01/SNEL_13_2020_-_13T_2020.pdf> Acesso em: 26 de fev. de 2021.

G1. Mercado de livros fatura R$ 197,8 milhões em dezembro e número de vendas é o maior de 2020. G1, 20 de jan. de 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2021/01/20/mercado-de-livros-fatura-r-1978-milhoes-em-dezembro-e-numero-de-vendas-e-o-maior-de-2020.ghtml> Acesso em: 26 de fev. de 2021.

NETO, L. 2020 e o mercado dos livros. Publishnews, 23 de dez. de 2020. Disponível em: <https://www.publishnews.com.br/materias/2020/12/23/2020-e-o-mercado-dos-livros> Acesso em: 26 de fev. de 2021.

MENDES, F. Mercado de livros retoma na crise e empresas se unem para aquecer setor. Veja, 4 de nov. de 2020. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/economia/por-retomada-no-mercado-de-livros-empresas-se-unem-para-acao-promocional/> Acesso em: 26 de fev. de 2021.

MATOS, T. Livro, artigo de luxo? Quanto custa e quanto pode custar um livro no Brasil. G1, 17 de ago. de 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2020/08/17/livro-artigo-de-luxo-quanto-custa-e-quanto-pode-custar-um-livro-no-brasil.ghtml> Acesso em: 26 de fev. de 2021.

COLLI, I. Isa Colli: Mercado editorial aposta no aquecimento das vendas de livros online em 2021. O DIA, 26 de jan. de 2021. Disponível em: <https://odia.ig.com.br/opiniao/2021/01/6071367-isa-colli-mercado-editorial-aposta-no-aquecimento-das-vendas-de-livros-online-em-2021.html> Acesso em: 26 de fev. de 2021.

MATOS, T. Taxação de livros: como proposta de reforma tributária pode encarecer obras. G1, 11 de ago. de 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2020/08/11/taxacao-de-livros-como-proposta-de-reforma-tributaria-pode-encarecer-obras.ghtml> Acesso em: 26 de fev. de 2021. 


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