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26/03/2021 às 10h54min - Atualizada em 26/03/2021 às 10h49min

Um traficante disfarçado: “cabeça branca” se escondeu da polícia por 30 anos

O narcotraficante utilizava tintura no cabelo, fazia cirurgias plásticas e até usou um RG falso para não ser preso pela polícia, além de ter acesso às informações vazadas sobre as investigações

Julia Wellmann - Editor: Ronerson Pinheiro
Foto: Cabeça Branca em suas várias versões - Reprodução/TV Globo
 
Luiz Carlos da Rocha, hoje com 61 anos, conhecido no mundo do crime como “Cabeça Branca”, fugiu da Polícia Federal por mais de 30 anos e criou um patrimônio bilionário. O narcotraficante utilizava tintura no cabelo, fazia cirurgias plásticas e até usou um RG falso para não ser preso pela polícia, além de ter acesso às informações vazadas sobre as investigações.

Cabeça Branca cresceu em uma família de contrabandistas, quando morava em Londrina, Paraná. Nos anos 80, era responsável pelo transporte ilegal de toneladas de café para o Paraguai, Luiz aproveitava sua logística que já estava montada para traficar cocaína. “Ele passa a trazer a cocaína dos países andinos, especialmente da Bolívia no início” comenta Allan de Abreu, jornalista e escritor. “A Polícia Federal calcula que pro Brasil, ele enviava pelo menos cinco toneladas de cocaína por mês”, complementa.

Sua prisão quase foi realizada em 2004, quando policiais federais se disfarçaram de garçons em uma comemoração do aniversário de sua mãe, em uma pizzaria em Londrina, mas na última hora, o traficante alegou que precisava ir para uma fazenda. Há suspeitas de que ele tenha recebido informações sobre a operação policial.

Em 2005, Cabeça Branca chegou a ser um dos bandidos mais procurados no Brasil e no Paraguai. Com o aumento de sua procura, ele começou a fazer cirurgias plásticas para modificar o rosto, pintar o cabelo de preto para se diferenciar do seu codinome no mundo do crime e usar um RG falso com o nome Vitor Luis de Moraes. Além disso, o narcotraficante pouco se expunha para evitar que o achassem. “Eu não boto a mão em nada, mas as pessoas que botam a mão por mim, ou elas matam, ou elas morrem por mim”, afirma Cabeça Branca em um áudio fornecido pela Policia Federal.

"Ele [Cabeça Branca] costumava andar no interior do Paraguai com uma maleta recheada de dólares para que se, eventualmente, a polícia o prendesse, ele oferecesse suborno e esse seria o seu 'kit liberdade'", explicou o jornalista.

Mesmo possuindo informações privilegiadas de dentro da própria Policia Federal, uma equipe da PF de Londrina após dois anos de investigações, conseguiu identificar parentes e comparsas do traficante, e com a quebra do sigilo telefônico, descobriram o número de celular que Luiz usava e até sobre seu falso RG.

Com a deflagração da Operação Spectrum, em 1 de julho de 2017, para desarticular a organização criminosa transacional especializada em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, cerca de 150 policiais federais cumpriram 24 mandados judiciais nas cidades de Londrina/PR, Araraquara/SP, Cotia/SP, Embu das Artes/SP, São Paulo/SP e Sorriso/MT. Então, Cabeça Branca foi detido em sua casa no interior do Mato Grosso, além da prisão, uma tonelada de cocaína foi encontrada na residência.

Os bens do narcotraficante, avaliados em mais de R$ 1 bilhão no Brasil, estão bloqueados pela Justiça. A estimativa é que o homem tenha outros bens estimados em cerca de R$ 300 milhões no Paraguai.

Hoje Luiz Carlos está condenado a mais de 100 anos de prisão e cumpre pena em um presídio de segurança máxima.


Editora-chefe: Lavínia Carvalho 

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