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10/10/2021 às 00h00min - Atualizada em 10/10/2021 às 00h01min

Ortorexia: a obsessão por uma alimentação saudável

Stefany Carvalho - Editado por Júlio Sousa
Imagem de silviarita por Pixabay

Muito se fala sobre a importância de manter uma alimentação saudável para prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida. No entanto, algumas pessoas começam a ter comportamentos compulsivos em relação à dieta, buscam uma alimentação perfeita e se preocupam com a qualidade dos alimentos que comem. A ortorexia, é um transtorno caracterizado pela preocupação excessiva com a alimentação saudável, em que a pessoa consome apenas alimentos puros, sem agrotóxicos, contaminantes ou produtos de origem animal, além de também apenas consumir alimentos com baixo índice glicêmico, baixo teor de gordura e açúcar. 
 

“Os indivíduos que a possuem não estão preocupados com seu peso corporal, nem com a quantidade de alimentos que ingerem, seu principal foco está na qualidade dos alimentos que fazem parte de suas refeições. Estar atento ao que se come e preocupar-se em ter uma alimentação saudável é uma atitude, em geral, benéfica para a saúde e para a qualidade de vida. No entanto, é importante destacar que, quando a preocupação com o comer saudável é tamanha que se aproxima de uma obsessão, a vida do indivíduo acaba girando em torno da comida, o que pode acarretar grandes restrições alimentares e complicações sociais”, afirma a psicóloga, Bruna Szavara.


É normal que as pessoas com ortorexia nunca comam fora de casa e, muitas vezes, recusam convites de amigos e familiares. Ainda pode acontecer que essa pessoa aceite o convite, mas leve a sua própria comida.

O teste de Steven Bratman, médico americano que em 1997 deu nome à ortorexia nervosa, pode ser um indicativo para identificar se o paciente sofre de distúrbio alimentar. Mas vale ressaltar que é de extrema importância o diagnóstico vir de uma equipe médica que compõe médico, nutricionista e psicólogo. “É possível identificar a partir do momento que se alimentar bem se torna uma obsessão, causando prejuízos à saúde física, mental e vida social do indivíduo. O tratamento deve ser realizado por uma equipe multiprofissional (nutricionista, psicólogo, psiquiatra, endócrino...) para que a abordagem seja integral e individualizada, por se tratar de um transtorno delicado”, afirma a nutricionista, Ana Carolina Moraes.

 A nutricionista Ana Carolina Moraes, acrescenta: “O comportamento ortoréxico pode levar a danos ao organismo como deficiências de nutrientes, monotonia alimentar, perda de peso severa, disfunção intestinal, amenorreia, anemias etc. Essas situações podem se agravar para complicações médicas graves”. Como consequência, a psicóloga Bruna Szavara ressalta: “Essa busca eterna pelo “mais saudável” acaba se tornando extremamente cansativa e desgastante e eventuais “deslizes” provocam uma angústia ou uma enorme culpa no paciente. Caso o indivíduo não consiga seguir exatamente o estilo rígido proposto costuma se auto-punir e as suas auto-punições variam entre excesso de exercícios físicos, jejuns ou restrição alimentar".

Para quem adota um estilo de vida saudável, o Instagram é o lugar. É comum ver no feed de publicações, ao menos uma vez, fotos de refeições coloridas e elaboradas. Mas o hábito de fotografar tudo o que come pode estar aliado ao desenvolvimento da ortorexia.

 

“Com essa influência virtual cada vez mais crescente, vêm gerado uma busca incansável não apenas pelo corpo perfeito, mas pelo estilo de vida mais “interessante”, mais “saudável”, mais “instagramável”, o culto ao corpo é baseado em um discurso estético e de cuidados com a saúde, muitas vezes, camuflada em um falso “discurso de saúde”, impedindo que seja encarada como um problema”, diz Bruna Szavara sobre a influência das redes sociais.


A Ortorexia pode estar associada a outros distúrbios alimentares, como, anorexia, bulimia e pode estar ligada ao Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Vale o destaque que, “a ortorexia pode ser facilmente associada com a Vigorexia, que é um distúrbio psicológico também obsessivo-compulsivo, em que o indivíduo acredita que seu corpo não é musculoso o suficiente, e que para melhorar sua aparência, deve buscar sempre a hipertrofia. O uso de esteroides anabolizantes para aumentar o tônus muscular, é comum por essas pessoas”, afirma a psicóloga.

É importante ressaltar que é normal ter hábitos saudáveis ​​e preferir alimentos naturais. No entanto, o comportamento torna-se patológico quando essas escolhas são extremas e quando existem restrições alimentares que afetam a saúde e causam sofrimento emocional psicológico.

 

"A alimentação saudável é de extrema importância para a saúde, e assim como ela engloba e prioriza alimentos in natura e minimamente processados, ela também inclui comer como um ato social, prazeroso e que está ligado à saúde mental. Portanto, o ato de alimentar-se bem deve ser realizado de forma tranquila e prazerosa, para que os benefícios sejam obtidos”, relata a nutricionista Ana Carolina Moraes.


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