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28/05/2023 às 21h22min - Atualizada em 28/05/2023 às 21h04min

Profissionais da Saúde podem contribuir para a prevenção e deteccção do abuso sexual infantil

Laira Souza - labdicasjornalismo.com
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Durante todo o mês de maio acontece o "Maio Laranja", um período dedicado à conscientização e prevenção do abuso sexual contra crianças e adolescentes. Essa campanha tem como objetivo alertar a sociedade sobre a importância de proteger e garantir os direitos das crianças, promovendo um ambiente seguro e saudável para o seu desenvolvimento.

Durante o Maio Laranja são realizadas diversas ações para conscientizar a população sobre o abuso sexual infantil e incentivar a denúncia de casos suspeitos. Palestras, debates, campanhas educativas e eventos são organizados em escolas, instituições de saúde, órgãos públicos e diversos outros locais, com o intuito de disseminar informações sobre os sinais de abuso, formas de prevenção e os canais de denúncia disponíveis.

A prevenção do abuso sexual inclui a educação e conscientização de todos os membros da sociedade, envolvendo os profissionais de saúde, educadores, assistentes sociais e demais agentes que lidam diretamente com as crianças, para que estejam preparados para identificar sinais de abuso e saibam como agir de forma adequada e acolhedora.

Os profissionais da saúde, especificamente, podem atuar de forma mais próxima das crianças e adolescentes, nas consultas de rotina. Segundo o Dr. Henrique Flávio Gonçalves Gomes, pediatra e especialista em gastroenterologia pediátrica pelo hospital Albert Einstein, embora os cursos de medicina não abordem esse tema em sua grade curricular, os pediatras podem auxiliar pais e responsáveis a prevenirem os abusos contra as crianças através de informações sobre formas de prevenção, incluindo educação sexual desde os primeiros anos de vida, para que esses pais estejam atentos aos sinais e sejam adultos abertos ao diálogo, já que muitas vítimas se sentem inseguras em se abrirem quando algo de errado está acontecendo.

O médico aponta que o diálogo é o melhor caminho tanto para a prevenção de abusos quanto para a detecção deles. “Esse diálogo deve ser pautado desde a infância. A criança precisa sentir que pode conversar com os pais de maneira direta sem ser culpabilizada de imediato. Caso a criança revele que foi abusada, é preciso dar atenção total, evitando perguntas. O importante é ser ouvinte.”

O pediatra Dr. Henrique Flávio Gonçalves Gomes lista os sinais físicos que podem caracterizar indícios de abuso sexual infantil:

- Dor ao evacuar ou urinar;
- Presença de hematomas em diferentes partes do corpo, principalmente próximo à genitália;
-  Presença de sangue ou esperma nas genitálias;
- Doenças sexualmente transmissíveis;
- Roupas que aparecem rasgadas;
- Cefaleia persistente (dores de cabeça);
- Dor abdominal.

Além de profissionais da saúde conseguirem identificar os abusos através desses sinais físicos, há também, sinais psicológicos que servem de alerta tanto para médicos, quanto para os pais ou responsáveis:

- Mudança repentina de comportamento;
- Proximidade repentina com o agressor;
- Regressão de comportamento, passando a ter reações mais infantis;
- Alteração nos hábitos diários;
- Crianças passam a guardar segredos dos pais;
- Reprodução do comportamento do abusador em outras crianças/adolescentes (por exemplo: chamar os amiguinhos para brincadeiras com cunho sexual).

Diante de qualquer suspeita de abuso sexual durante consultas, o médico deve notificar o caso ao ministério público ou órgão competente (polícia, conselho tutelar). O artigo 245 do ECA (Estatuto da criança e do adolescente) prevê pena de até 20 salários mínimos ao médico, professor ou responsável por estabelecimento de saúde ou educação que não comunicar às autoridades competentes a suspeita ou confirmação de maus-tratos, confirma o pediatra Dr. Henrique Gomes.

Existem protocolos de atendimento médico que incluem testes a serem feitos durante consultas para detectar sinais de abuso, como o “MANUAL PARA ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA NA REDE DE SAÚDE PÚBLICA DO DF”. Nele há recomendações para que o médico solicite uma avaliação ginecológica, visando contribuir no diagnóstico de suspeita, além de indicação de profilaxia do HIV e de gravidez (quando necessário), encaminhando a criança/adolescente para o Centro de Saúde referência em DST/AIDS mais próximo da residência dela, a fim de adquirir o restante das medicações anti-retrovirais e fazer o acompanhamento. Logo após, há indicação de encaminhamento da criança/adolescente para acompanhamento psicossocial. Além disso, realizar as notificações aos órgãos responsáveis.

O “Maio Laranja” acontece uma vez por ano, mas a prevenção ao abuso sexual infantil deve acontecer de forma permanente. O Governo Federal disponibiliza uma cartilha com orientações sobre como prevenir o abuso sexual infantil e a pedofilia:

- Desde a infância converse sobre sexualidade com as crianças;
- Oriente as crianças sobre o que é abuso sexual ensinando que existem partes do seu corpo que são íntimas e que devem dizer “não” caso alguém queira tocar nessas partes;
- As crianças devem ser orientadas a não aceitar balinhas, dinheiro ou presentes de pessoas estranhas e sempre que ganhar algo de algum parente ou desconhecido, devem comunicar aos pais ou responsáveis;
- Oriente as crianças sobre o uso e os riscos da internet e sobre a importância de não enviar dados pessoais ou fotos para quem quer que seja (mesmo para os conhecidos).
- Ensine a criança a jamais pegar carona ou entrar em carro ou casa de pessoas estranhas, sem o seu expresso consentimento;
- Não deixe crianças com pessoas estranhas, especialmente em shoppings, mercados, mesmo que por alguns minutos apenas;
- Procure conhecer os pais e a família dos amigos de seus filhos e evite deixá-los com adolescentes mais velhos com quem ele se relaciona;
- Ensine que jamais devem guardar segredo sobre esses fatos e que quando alguém diz que “não devem contar algo” pois podem machucar seus pais e familiares, exatamente nessas situações é que os pais precisam ser informados devendo-se contar com urgência o ocorrido;
- Se alguma criança relatar situação de abuso, não duvide, critique ou julgue-a. Evite, acima de tudo, não desconsiderar seus sentimentos;
- Caso precisem, procurem orientação qualificada e a ajuda de profissionais da saúde ou segurança pública. Evitem ficar tratando desse assunto com vizinhos, parentes ou pessoas que não podem, de fato, prestar o auxílio adequado;
- E principalmente, acolha a criança sem usar frases como “eu te disse” ou “eu te alertei”, caso essas situações sejam relatadas por elas. Deixe bem claro que a culpa do abuso é sempre do abusador e não deles;
 
A prevenção ao abuso vai muito além do ciclo familiar, é responsabilidade de todos que lidam com crianças. O “Maio Laranja” representa a importância da união de forças para que toda a sociedade cuide das crianças e o número de casos diminua. Se desconfiar de algum caso, denuncie. Disque 100.
 
 
 

 
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