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30/04/2023 às 14h27min - Atualizada em 30/04/2023 às 14h20min

Congelamento de gametas torna-se mais popular entre adultos jovens

Laira Souza - Editado por Ynara Mattos
O mundo mudou, os jovens já não sonham somente com um bom casamento e filhos para formarem uma vida familiar, até então considerada por anos como sendo tradicional. O maior acesso à educação faz com que jovens queiram fazer Mestrado, Doutorado, muitas vezes fora do país. Outros buscam estabilidade financeira e isso faz com que trabalhem mais, com rotinas quase sempre agitadas. Também temos um grupo que prefere pensar em conhecer o mundo, viajando e até morando em outros países.

Todas essas possibilidades fazem o projeto “filhos” serem adiados. Porém, a fisiologia humana não acompanhou essa modernidade e a fertilidade feminina continua sendo limitada pela idade. O avanço tecnológico já permite que gametas — óvulos e espermatozoides — sejam congelados para serem implantados no futuro e isso tem atraído muitas pessoas que desejam ter filhos, mas não agora. A atriz e humorista Dani Calabresa é um exemplo desse adiamento, como contou no Podcast “Poddelas”, ela congelou óvulos para aumentar as chances de engravidar quando chegar o momento certo.
 
Segundo o Dr. Marcos Sampaio, médico ginecologista e especialista em reprodução assistida, tem crescido a procura pelo processo de congelamento de óvulos e espermatozoides. Na clínica Origen BH, onde o médico atua, os procedimentos tiveram aumento entre 25% e 30% desde 2018 sendo que no ano 2022 esta demanda apresentou-se superior. As mulheres são as que mais procuram o serviço de congelamento de óvulos, porque diferentemente do homem, que mantém uma carga de espermatozoides aptos à fecundação por mais tempo, a mulher nasce com seu ‘estoque’ de óvulos já predeterminado e, ao longo da vida, pode apresentar doenças nos ovários, como a menopausa precoce, a Síndrome dos Ovários Policísticos ou a Endometriose, que podem trazer maior dificuldade na capacidade de engravidar. No caso dos homens, a procura geralmente acontece quando o cliente passará por tratamento de alguma doença, como o câncer, que pode gerar infertilidade.

O congelamento de óvulos e espermatozoides foi criado nos anos 80, mas ganhou notoriedade na transição dos séculos 20 e 21, quando um bebê britânico foi gerado graças ao congelamento do óvulo de sua mãe, realizado seis meses antes da fertilização. Essa experiência abriu novas possibilidades para esse adiamento da decisão de ter filhos.
 
O Dr. Marcos explica que graças aos avanços da medicina reprodutiva, hoje as técnicas de congelamento estão bem mais eficazes e consegue-se taxas de gravidez elevadas, até 30%, com a criopreservação dos óvulos. A técnica mais empregada atualmente e que apresenta a maior taxa de sucesso é conhecida como vitrificação (congelamento ultrarrápido). A mulher faz uso de medicamentos para estimular os ovários a produzirem óvulos e amadurecer os que já estão lá. Em seguida, os folículos maduros são coletados e os óvulos extraídos em laboratório em um procedimento pouco invasivo. No caso dos homens, o procedimento é um pouco mais simples, com a coleta de sêmen através da masturbação. Todo o material é congelado e armazenado nas clínicas. O custo de todo o processo varia entre R$ 15 mil a R$ 25 mil e para manter o material congelado, a taxa anual é de, aproximadamente, R$1 mil por ano.
 
Após o congelamento de espermatozoides e óvulos, homem e mulher poderão decidir quando gostariam de descongelá-los para uma futura fertilização in vitro, também conhecida como FIV. Assim, mesmo ao envelhecer, ambos terão seus materiais preservados, com a ‘idade’ em que foram congelados.
 
“Muitos pacientes quando vão a clínicas de reprodução assistida buscam informações sobre qual a idade ideal para o congelamento de óvulos e espermatozoides. A resposta é: quanto mais jovem, melhor. Os espermatozoides também ‘envelhecem’ e merecem cuidado. Então, sempre digo que o ideal para o congelamento de gametas é até os 35 anos. A partir dessa idade, o congelamento pode ser feito, mas as taxas de gravidez começam a diminuir para as mulheres, e a qualidade dos seus óvulos também.” Pontua o médico.
As possibilidades de adiar os planos da maternidade/paternidade são muito promissoras, mas a chance de sucesso da fertilização in vitro (FIV) é de, em média, 30% para cada ciclo de tentativa e isso é um ponto negativo para quem quer congelar gametas.  Apesar disso, para a geração atual é um grande avanço na corrida contra o tempo.

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