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01/11/2021 às 21h27min - Atualizada em 01/11/2021 às 20h24min

Dress Code: entenda como empresas se aproveitam dos seus colaboradores

Empresa de aviação Ucraniana, chama atenção a lançar nova linha de uniformes que serão utilizados por suas funcionárias. A inovação foi recebida com bons olhos e comentários positivos.

Keilla Lima - Editado por Larissa Barros
https://www.aeroin.net/companhia-aerea-aposta-em-comissarias-com-cabelo-solto-e-tenis/
SkyUp - Channel | Reprodução: Mikael Jansson.
A construção histórica em relação aos movimentos sociais incitou na repercussão dos encaixes de grupos em locais sociais. É evidente o reflexo ocasionado no ambiente de trabalho, onde mulheres para serem respeitadas começaram a utilizar de vestimentas masculinas. Muito dessa influência é caracterizada na década de 80 e 90 por descrever uma mulher feminina com os adjetivos frágil, delicada e sensível, as associando como mulheres incapazes, totalmente ao contrário do que os adjetivos citados significam, assim, acabando por induzi-las a se vestirem com terno.

De fato, já era um marco mulheres poderem trabalhar naquela época e para que pudessem passar despercebidas, muitas delas aderiram a alfaiataria masculina como referência. Afinal, elas não queriam ser julgadas por serem mulheres e mães.

E foi em 1980 que o termo Power Dressing se tornou popular, onde mulheres brancas que estavam ingressando no mercado de trabalho ousaram vestir-se de maneira poderosa e feminina. A grife de luxo Channel, foi responsável por adequar os elementos masculinos as roupas femininas, sendo até hoje associada ao movimento por seus ternos e alfaiataria clássica.
 
 

 
Em entrevista a UOL, Thais Farage e Mayra Cotta, autoras do livro "Mulher, Roupa, Trabalho — Como se Veste a Desigualdade de Gênero", retratam sobre o processo da criação do livro e como o código de vestimenta influência como a mulher será tratada no ambiente de trabalho.

Profissional da moda com experiência na área, Thais afirma que a discussão sobre o que vestir no trabalho existe há muitos anos, mas sempre no sentido de guia. Como se a gente fosse tão inadequada que tivesse sempre que seguir um monte de regras, e que afirma  perceber o incômodo das suas clientes.

 É um fato que a vestimenta em si não seria o problema, mas a consequência de o ato onde reprimir os funcionários demostram a falta de empatia e ética diante das diretrizes da empresa. Hoje, as corporações optam por não incluir na política da empresa sobre o código de vestimenta e imagem pessoal, por conta da repercusão que isso causaria. Por isso muito funcionários são coagidos a seguir um padrão, os mais populares são para mulheres: salto alto, maquiagem, e para os homens: barba feito e cabelo aparado. E quando citamos esses requisitos, por parte, deveria ser um absurdo, mas muitas empresas ainda pressionam suas funcionárias e funcionários a vestirem-se da forma que a corporação opta, a famosa vestimenta social. O que contradiz o Artigo 5º presente na Constituição Federal, onde eles estão fundamentados os princípios.
 

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.

 
Através dos acontecimentos gerados em torno do assunto, entrei em contato com a Jéssica Riana, Supervisora de RH e especialista em psicologia organizacional para que possamos intensificar o posicionamento de um especialista da área, que enfatiza sobre os processos de admissões.

“As organizações precisam avançar muito ainda neste quesito, é desrespeitoso ter que impor corte de cabelo, padrão de corpo, julgar por tatuagens e piercing, geralmente perdem ótimos profissionais por conta disso. Eu como gestora de RH, tenho essa consciência, não faço seleção de candidatos tendo características padrões como pré-requisito, muito pelo contrário, acredito que o caminho é pela diversidade.” afirma Jéssica. 


A violação dos direitos do cidadão está sujeita a repreensão, porém as circunstâncias são outras quando envolve outrem grupos. Uma pesquisa realizada pelo Data Labe, laboratório de dados localizado na Favela da Maré (RJ), indica que raça, gênero e território influenciam no nível de empregabilidade. A equipe realizou cruzamentos entre as Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2017 a 2021. Os dados constituintes apontam que mulheres negras correspondem ao dobro do número de desempregados em relação a homens brancos, e ainda é possível verificar que quem mora na favela tem duas vezes a probabilidade de estar desempregado.
 
Em entrevista realizada com Laís Botelho, mulher preta, bacharela em Humanidades, estudante de Direito e empreendedora. Ela relatou sobre os obstáculos no âmbito profissional:
 

“Sob essa ótica, mesmo com o avanço e ampliação do mercado trabalhista, ainda há a manutenção do racismo institucional, no qual nossa subjetividade é apagada dia após dia. Digo isso, pois, mesmo que eu consiga fazer parte de determinada equipe corporativa, devo me enquadrar num modelo de vestimenta, maquiagem, cabelos domados etc. Sem contar na autossabotagem que nós mesmas nos submetemos dada a historicidade do racismo e sexismo na sociedade brasileira.”

 
É valido lembrar que para que as mudanças tenham validade, elas precisam primeiro ser significativas. Há diversos tipos de desconfortos enfrentado por milhares de mulheres todos os dias. A Lais que já trabalhou no setor de aviação relembrou sobre o deslumbre de estar nesse ambiente de trabalho.
 

“Como condição para exercer aquele trabalho deveríamos estar sempre maquiadas, com os cabelos presos e perfeitos, se quisesse utilizá-los soltos, não deveria passar das orelhas, brincos pequenos e delicados, unhas pintadas apenas com 3 cores (nude, vermelho e francesinha), farda impecável sempre com meia calça por baixo e lenço no pescoço. Foi uma experiência única e que me agregou muito profissionalmente. No entanto, existia e ainda existe um molde no qual você precisa se encaixar.”

 
E para demonstrar que não está tudo perdido, recentemente uma companhia aérea ucraniana de baixo custo fundada em 2018, decidiu mudar o uniforme de suas funcionárias. A SkyUp Airlines, informou que realizou um estudo sobre as vestimentas das comissárias de voo desde o início de 1930, por isso optou por uma mudança que agregasse ao bem-estar de suas funcionárias. O novo fardamento passou a ser um terno com estética de alfaiataria acompanhado de um tênis confortável. Finalizando, para a imagem pessoal, o cabelo solto também compõe o novo fardamento chamado de SkyUp Champions.
 


 

Marianna Grigorash, Chefe do Departamento de Marketing da SkyUp Airlines acrescentou a publicação com seguinte frase:  “Os tempos mudaram, as mulheres mudaram, por isso, ao contrário dos clássicos conservadores, saltos, batom vermelho e um coque, surgiu uma imagem nova, mais moderna e confortável de campeã'”.

 Diante de diversas mudanças em relação os discursos abordados por movimentos sociais, o fardamento profissional tem gerado grande repercussão no mundo durante o ano de 2021. Nas olimpíadas de Tokyo tivemos o caso das atletas do handebol de praia que foram penalizadas por não utilizarem biquini na competição. Também podemos apresentar sobre a equipe de ginasta da Alemanha optando por usar uma calça legging, ao invés da saia.

Levando o posicionamento de que toda essa discursão resulta em como o bem-estar dos profissionais precisam ser levado em consideração, desde a existência da imposição de etiquetas superficiais diante o empregado.


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