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05/02/2022 às 00h51min - Atualizada em 05/02/2022 às 00h03min

Editor-executivo do site The Intercept Brasil, Leandro Demori, foi perseguido e ameaçado em Balneário Camboriú

O jornalista estava passeando com a esposa e o filho quando foi abordado na rua por um desconhecido

Maria Isabel Chaves - Editado por Maria Paula Ramos




O jornalista Leandro Demori expôs em suas redes sociais ter sido perseguido e intimidado por um homem em Balneário Camboriú (SC), no dia 09 de janeiro. O episódio aconteceu durante uma ida à mercearia ao lado da esposa e do filho.
 

“Estou em férias. O meliante, um clássico "cidadão de bem", achou por bem perseguir e intimidar um pai e uma mãe que passeavam distraídos com uma criança de 3 anos em um carrinho de bebê. Estamos bem, depois do susto.”, contou em seu perfil no Twitter.

  No site do The Intercept Brasil, Demori explicou como ocorreu a abordagem. Após saírem de uma mercearia, o editor-executivo e a família estavam indo para casa buscar um cartão de crédito. Ao andarem cerca de meia quadra, “uma pessoa chegou pelas nossas costas – ela nos seguiu desde a mercearia, saberíamos depois –, colocou a mão no meu ombro e me disse para eu “me ligar” porque “a vida do teu filho depende de ti”. O tom foi, inequivocamente, de ameaça.”, detalhou.

Em outra publicação no Twitter, o jornalista expôs um vídeo de câmera de segurança, no qual mostra exatamente o momento da perseguição e da abordagem. Na legenda, Leandro enfatizou que se ocorrerem novos casos como esse último, não medirá esforços para identificar e buscar punições para o agressor.

 



Leandro Demori se tornou alvo de ataques por sua participação na Vaza Jato - série de reportagens que revelaram conversas entre integrantes da Operação Lava Jato. Desde então, a ONU (Organização das Nações Unidas) recomendou ao governo brasileiro garantir a integridade física dele. Entretanto, a medida não foi acatada, e os seguranças que acompanham o editor-chefe são custeados pelo The Intercept. 

ATAQUES À LIBERDADE DE IMPRENSA E AOS JORNALISTAS

O caso de Leandro Demori não é o único no Brasil. O relatório de Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa, feito pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), mostrou que em 2021 ocorreram 430 casos de violência contra os profissionais da comunicação.

 

Segundo o relatório, os números de 2021 não cresceram com expressividade em relação ao ano anterior - que continua sendo o mais violento desde o início da contagem em 1990. Entretanto, “A constância da violência contra jornalistas de um ano para outro está diretamente associada a três fatores: à sistemática ação do presidente da República, Jair Bolsonaro, para descredibilizar a imprensa; à ação de seus auxiliares e apoiadores contra veículos de comunicação social e contra os jornalistas; e à censura estabelecida pelo governo Bolsonaro aos profissionais da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).”, explica o levantamento. 

Os dados divulgados mostram também que o Presidente Jair Bolsonaro é o maior agressor dos profissionais da comunicação, representando cerca de 34% de todas as agressões registradas. Ele foi responsável por 129 episódios de descredibilização da imprensa e 18 agressões verbais a jornalistas. 

 

A forma como Bolsonaro se dirige aos jornalistas, abre liberdade para que cidadãos comuns - principalmente a camada que apoia o Presidente - repitam os atos e tratem os profissionais com a mesma violência. “Os manifestantes bolsonaristas foram responsáveis por 20 ataques diretos a jornalistas, o que representa 4,65% do total. Os internautas cometeram nove agressões (2,09%), que somadas aos seis ataques de hackers (três a sites considerados progressistas e três a atividades sindicais) totalizam 15 ocorrências (3,49% do total).” detalha o relatório.


 

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