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28/06/2019 às 12h38min - Atualizada em 28/06/2019 às 12h38min

Furto de fios causa prejuízo de R$6 milhões

A solução seria o enterramento, mas está longe de ser posto em prática

João Marques - Edição: Giovane Mangueira
Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Postes antigos, danificados e com fios elétricos aglomerados é o que mais encontramos nas ruas, seja cidade grande ou interior, oferecendo diversos riscos para a população, sem contar o material que é alvo de vandalismo e acaba sendo furtado. Para aterrar esses cabos é necessário um valor muito alto para o serviço de instação e mais alto ainda é o valor que será repassado para os consumidores. 

A ideia para evitar danos para populção a implantação do aterramento desses cabos e fios. No Brasil, apenas 2% da fiação elétrica é enterrada, já na Europa, a média é aproximadamente 60%. No Rio de Janeiro, por exemplo, em alguns bairros grandes e importantes, o cabeamento no solo já existe. 

Diversos casos de furtos são registrados diariamente pelo país. Além da população que sofre com as interrupções, os prejuízos também afetam as empresas fornecedoras de energia. Entre os anos de 2017 e 2018, cerca de 40 quilômentro de cabos (21,1km em 2018 e 18,6km em 2017) foram furtados segundo a Light, concessionária de distribuição de energia da região Metropolitana do Rio. O total de cabos subtraídos em 2018 corresponde à distância do Centro do Rio de Janeiro a São João de Meriti, cidade da Baixada Fluminense.

O desvio representa um prejuízo de R$ 6 milhões para a Light. Segundo a empresa, em geral os cabos são retirados para a extração do cobre, produto vendido e muito procurado em ferros-velhos. A venda de cobre em galpões com sucatas, conhecidos como “ferros-velhos”, é livre e não segue uma fiscalização da origem e destino do material. Livremente é possível vender ou comprar.

Segurança 

Daniel Bento, diretor executivo da Baur do Brasil, destaca as vantagens da modernização e aterramento dos cabos. “A principal delas é segurança para o sistema e para a população. Além disso, o sistema subterrâneo dificulta muito o furto de equipamentos (especialmente cabos) e o furto de energia, os chamados "gatos". Outras vantagens são: cidades mais agradáveis (sem a presença do caos aéreo provocado pela fiação) e imunidade contra efeitos climáticos e queda de árvores, o que aumenta muito a confiabilidade do fornecimento de energia elétrica em comparação com a rede aérea”, conta.
 
Bento é engenheiro eletricista com experiência de mais de 25 anos com redes isoladas, tendo sido o responsável técnico por toda a rede de distribuição subterrânea da cidade de São Paulo ainda na Eletropaulo. Para ele, as redes subterrâneas esbarram, principalmente, na morosidade regulatória dos órgãos competentes do país. “Diversos prefeitos e governadores já demonstraram interesse em promover o enterramento dos fios, a exemplo do Governador João Dória que, recentemente, em reunião com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), solicitou que as linhas de transmissão que margeiam o rio Pinheiros fossem modernizadas e enterradas, liberando essas áreas para programas paisagísticos e de revitalização. No entanto, faltam leis e regulamentos que planejem e incentivem investimentos neste modelo”, explica.

Durante o Fórum “Redes Subterrâneas de Energia Elétrica” realizado recentemente em São Paulo, foi lançado um software de análise estatística STATEX. Solução que a partir da tecnologia de Big Data (análise de grandes volumes de dados), faz uma previsão da vida remanescente de cabos isolados de média tensão em operação. A novidade é resultado de estudos desenvolvidos em comitês internacionais e foi desenvolvida em parceria com a Kepco, concessionária de energia sul-coreana. Como o software permite quantificar, com uma boa margem de confiança o tempo útil remanescente do cabo isolado, a manutenção do sistema passa a ser mais confiável e são evitados gastos desnecessários com a troca de cabos ainda em perfeito funcionamento. A solução é interessante para concessionárias de energia e grandes consumidores de energia.

A competência para legislar sobre a rede subterrânea de todas as concessionárias do país é da União Federal, por meio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), segundo informou a Light. Em nota a Light informa que não existe projeto para esse serviço. "De acordo com a agência reguladora, não há projeto previsto para enterramento massivo de nossa da rede elétrica e o custo de construção da rede subterrânea pode superar em mais de 10 vezes o da rede aérea. Caso isto aconteça na concessão da companhia, o custo seria, em sua maior parte, obrigatoriamente, por regulação, repassado aos clientes dos 31 municípios atendidos pela Light”, diz nota.

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