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08/07/2022 às 09h09min - Atualizada em 08/07/2022 às 08h40min

Inocência e amadurecimento: os ritos de passagem da vida presentes no filme "Sussurros do Coração" do Studio Ghibli

Ana Luíza Lima - Editado por Larissa Bispo
Créditos/Reprodução: Google
Sussurros do Coração (ou Whisper of the Heart, 1995), do diretor Yoshifumi Kondō, trata-se de um filme com muita precisão e sensibilidade para retratar uma fase conturbada e repleta de novas descobertas: a adolescência. Foi o primeiro filme do Studio Ghibli a conseguir o feito de mesmo não sendo dirigido por Hayao Miyazaki e Isao Takahata, os co-fundadores do estúdio.
 
Miyazaki, conhecido por seu grande sucesso "A viagem de Chihiro", trás para o Studio Ghibli um sentido diferente para suas obras; um simbolismo que ultrapassa o sentido da fantasia que muitos dos filmes conseguem transmitir. Ele retrata de forma sutil e emocionante diversas temáticas da natureza e emoção humana. 
 
 A obra resgata uma crítica ao forte processo de industrialização e, principalmente, urbanização com a chegada de diversas indústrias, temática marcada constantemente pela música Country Roads de John Denver. Entretanto, o enredo vai retratar os dilemas e conflitos da adolescência. Os ritos de passagem que se dão através de um amadurecimento dos personagens, como dos jovens protagonistas Shizuku e Seiji, que descobrem suas paixões na escrita e em violinos. 
 
Principalmente sobre o que diz respeito ao contexto que o Japão vivia na década de noventa, a trama em torno das questões do espaço rural e urbano também trazem sentido para o enredo, pois essas transformações trazem consigo a emoção dos personagens e como eles vivenciam o período. Desta maneira, a obra consegue carregar consigo um olhar sociológico, por trazer sentido para mudanças socioeconômicas e sociais, em como aquilo pode influenciar a vida dos jovens que estão prestes a se tornarem adultos e lidarem com fases de amadurecimento emocional, intelectual, família, entre outros. 
 
Em paralelo a essa perspectiva, a história de Shizuku retrata a busca de uma jovem moça que tenta descobrir mais sobre a própria vida. Uma leitora apaixonada e uma escritora com muita coragem de ir atrás do universo que a intriga. E apenas um simples cartão de biblioteca com um nome é o suficiente para levá-la a uma série de descobertas sobre si, suas demandas, inseguranças e sua própria coragem. 
 
E, ao longo da trama, Shizuku e Seiji criam laços em torno da leveza, inocência e imaginação que a jovem apresenta. Já o jovem rapaz é uma figura que representa as próprias tentativas e reais dificuldades que o mundo real apresentará para Shizuku. 
 
As breves passagens de lugares onde ela passa, um gato pouco amigável, a idealização do Baron, um rapaz em busca de aperfeiçoar suas próprias habilidades, são o suficiente para dispertar nela novas decisões e mudanças que já não a agradam. Assim, ambos começam a representar a mudança que eles buscam em si mesmos. Neste ponto, a obra supera facilmente os padrões de "fantasia" sem precisar apelar para o elemento fantástico, entretanto, a representação da busca por si através da passagem do tempo e do outro é o suficiente para fazer de Sussuros do Coração uma obra muito sincera e sensível. 
 

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