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10/02/2023 às 14h51min - Atualizada em 10/02/2023 às 14h47min

Além da Música

Nomeada diva do pop mundial, Beyoncé é um símbolo de representatividade

Simone Santos - Editado por Luana Zuin

Talento, representação e inspiração definem bem a cantora e compositora norte-americana Beyoncé. A Queen B, como é conhecida, é também considerada a mulher do século no mundo pop. 

Nascida em Houston (Texas), a cantora se destacou desde o seu trabalho na banda "Destiny 's Child", depois disso nunca mais parou. Seus álbuns e videoclipes exaltam a beleza e cultura negra. Trazendo a diversidade de corpos, gêneros e raças, Beyoncé se destaca no movimento negro, causas LGBTQIA+ e empoderamento feminista nos Estados Unidos e no mundo. 

Além de fazer parte do ativismo negro, ela inspira a comunidade negra, em especial, jovens, a se engajarem também na luta. “Para mim o ativismo que ela faz através de suas músicas, principalmente na causa racial me inspirou e me inspira a lutar e apoiar essa causa”, contou o licenciando em Biologia, Jhonnatan Felipe (20), grande fã da cantora. Para ele, é muito importante que ela exalte isso nas composições e produções artísticas. Também ressaltou o comprometimento da cantora nas campanhas do “Black Lives Matter” e no apoio a artistas pretos, como quando anunciou o apadrinhamento da dupla de irmãs Chloe e Halle.

Na maioria das canções, Beyoncé também eleva a autoestima das mulheres pretas, enaltecendo a cor da pele, exaltando os traços negros e mostrando mulheres pretas no topo. “Enquanto mulher negra, Beyoncé me traz como referência um espaço onde eu posso estar”, descreveu a graduanda em Jornalismo, Geovana Araújo (21). 

 

Em Brown Skin Girl, música que conta com a participação de sua filha, Blue Ivy Carter, Beyoncé elogia a pele negra, trechos como “sua pele é como pérolas, a melhor coisa do mundo”, tamanha é a importância disso para meninas pretas que crescem em uma sociedade que condena seus traços negróides e a cor da pele. "Às vezes ouço a minha playlist com as músicas dela e sinto que sou a mulher mais poderosa do mundo”, disse a estudante de Jornalismo Cecilia Melo (20).

Em 2020, Beyoncé lançou o álbum “Black is King” - O Negro Rei (tradução livre em português) e foi um verdadeiro acontecimento. O trabalho foi baseado na história infantil “Rei Leão”, um clássico dos estúdios Disney, que ganhou refilmagem em 2019 com a participação de Beyoncé dublando a personagem Nala. O álbum é repleto de referências ao povo negro, ancestralidade, religiões e deuses africanos. “Essas produções artísticas me inspiram a querer entender mais sobre minha ancestralidade, no que eu consumo enquanto música. Mudou a minha visão sobre a indústria musical”, contou Geovana Araújo. 

A mesma também afirmou que seu contato com as produções musicais de Beyoncé aconteceu por um processo pessoal em buscar consumir mais artistas negros e as produções que mais a inspiram são o álbum “Lemonade” lançado em 2016 e o dueto “The Carters” de 2018, composto por Beyoncé e seu marido, Jay Z. 

Além das composições musicais reverenciarem a cultura negra e criticarem o sistema, também tem a presença do movimento queer. “Vale ressaltar que o estilo 'House' é um estilo musical marginalizado que era escutado em sua maioria por pessoas negras e LGBTQIA+ em bailes 'secretos' nos EUA em sua época de segregação racial. O estilo foi apresentado a ela pelo seu tio que é gay, destacando mais ainda o apoio que ela dá para a comunidade”, narrou Jhonnatan. 

O último álbum da cantora, “Renaissance”, foi muito bem recebido pelo público queer. Na faixa “Cozy”, a artista descreve as cores da bandeira  LGBTQIA + e usou um trecho do discurso empoderador da ativista trans, Ts Madison. Além disso, a cantora dedicou esse álbum ao seu tio, que é gay, a quem ela carinhosamente chama de madrinha. Foi ele quem a inspirou e ajudou em sua carreira musical. 

 

Beyoncé é uma grande voz para a indústria da música e é imensurável o que as letras de suas canções representam na vida das pessoas. No Grammy deste ano, ela fez história se tornando a cantora mais premiada da história. Ao todo são 32 vitórias e 88 indicações ao Grammy ao longo de sua carreira.

 No entanto, mesmo quebrando recordes, mais uma vez, a cantora não levou o troféu pelo Melhor Álbum do Ano, o que deixou os fãs insatisfeitos e decepcionados. Acusam a premiação de boicote, racismo e machismo. “O público em geral achava que o 'Renaissance' seria imbatível levando em consideração tudo o que ele representa, o impacto cultural, o impacto dele na história de uma indústria foi infinitamente maior do que o do álbum campeão da categoria”, relatou Jhonathan.

Na opinião dele, o resultado do álbum do ano foi injusto e não reconhece a grandiosidade do trabalho da cantora. “A gente poderia falar que o Renaissance é imbatível de várias maneiras, mas ele não era imbatível em uma coisa, no racismo da bancada preconceituosa que em mais de 60 anos de premiação, se conta nos dedos a quantidade de artistas negros que venceram a categoria mais importante da noite”, contou o fã. 

 

Não só em Renaissance, como em todas as produções que Beyoncé faz, ela entrega excelência. É frustrante que o Grammy não reconheça isso, mas é inegável a potência, a voz e o símbolo que Beyoncé representa. Tanto na indústria musical, na comunidade queer, no movimento negro e, principalmente para meninas negras, a Queen B sempre será uma inspiração. 




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