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18/02/2023 às 13h23min - Atualizada em 18/02/2023 às 12h27min

Investigação sobre manipulação de resultados na Série B de 2022 chega aos Estaduais de 2023

Ministério Público de Goiás investiga denúnica envolvendo apostadores e jogadores de manipular resultados na Série B do ano passado e descobre novos esquemas, agora, nos estaduais

Ellen Cútolo - labdicasjornalismo.com
Possíveis casos de manipulação vem a tona no futebol brasileiro Foto: Lucas Figueiredo/CBF
Um esquema de manipulação de resultados nos jogos do Campeonato Brasileiro da Série B do ano passado envolvendo apostadores de jogos, intermediador e jogadores de clubes vem sendo alvo de investigação do Ministério Público de Goiás (MP-GO). Deflagrada como “Penalidade Máxima”, o Ministério Público pretende estender as investigações a nível nacional mediante o desdobramento do caso que inclui novos jogos nos Campeonatos Estaduais de 2023. Até o momento, não se sabe ao certo todos os atletas envolvidos, entretanto, quatro Estados brasileiros já aparecem na lista de citados.
 
Segundo o Promotor de Justiça de Goiás, Fernando Cesconetto, “a manipulação consistia em cometer pênaltis sempre no primeiro tempo dos jogos de forma a garantir um elevado ganho financeiro para os apostadores e também para atletas direta ou indiretamente envolvidos. Acontece que para a aposta dar certo, era necessário que os pênaltis ocorressem nos três jogos”, explicou em entrevista sobre o esquema que começou em 2022. O vazamento do caso parece ter começado por causa do jogador Romário, que atuava em 2022 no Vila Nova (GO), partida pela qual atuaria contra o Sport e não aconteceu conforme combinado.
 

Entrevista concedida pelo Promotor à Radio Bandeirantes
Apesar de intermediado para cometer um pênalti ainda no primeiro tempo da partida do Vila contra o Sport, na última rodada do campeonato, a manipulação não aconteceu porque o jogador não foi escalado para a partida. Houve o pagamento do sinal, mas o resultado não terminou como o combinado, com isso, o apostador começou a intimidar o jogador pelo prejuízo. Foi a partir daí que a denúncia chegou ao conhecimento do presidente do clube, Hugo Jorge Bravo, quem também delatou ao Ministério Público do Estado, alegando ter recebido uma denúncia feita por alguém externo ao clube.

Como o esquema era organizado?

Apostadores de jogos formaram um esquema entre (pelo menos) um intermediador e jogadores para manipular o resultado dos jogos, na Série B, por meio de marcações de pênaltis. Cada jogador receberia R$150 mil reais, com adiantamento de R$10 mil como sinal. O resultado das partidas, seguindo as interferências pretendidas e combinado ao resultado dos três jogos que aconteciam na mesma rodada, prometia dar o lucro estimado de R$2 milhões ao apostador. Foi no jogo do Vila contra o Sport que o esquema deu errado, uma vez que não houve a marcação do pênalti.

Três partidas são apontadas como manipuladas envolvendo a 38ª rodada: Vila Nova (GO) x Sport, Sampaio Corrêa x Londrina e Criciúma x Tombense. O nome dos jogadores investigados nesse esquema das três rodadas no campeonato do ano passadado são: Romário, ex-Vila, e Gabriel Domingos, também do Vila, suspeito de emprestar a sua conta para o depósito de pagamento referente ao Romário. Além deles, aparecem o Mateusinho, que atuava na época no Sampaio Corrêa (atualmente no Cuiabá), e o jogador do Tombense, Joseph. Entretanto, novos desdobramentos aconteceram a partir dessas investigações, mostrando novos esquemas em 2023, agora envolvendo os estaduais.

Novas descobertas

Segundo o G1, a busca e apreensão nesta última terça-feira (14) revelam novos rumos do esquema. O celular de um dos suspeitos de ser intermediador foi apreendido por meio de mandado de busca e apreensão e foi encontrada uma mensagem que indicava a participação de outros jogadores de times no mesmo tipo de esquema nos campeonatos estaduais de 2023, nos estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul. Além disso, novas interferências aparecem. Se tudo começou com pênaltis, agora outros tipos de manipulações foram incrementados: escanteios, cartões e resultados parciais nos placares tanto no primeiro quanto no segundo tempo.

Ainda conforme informações do G1, por enquanto, o único preso temporário em São Paulo é o empresário Bruno Lopez de Moura, suspeito de ser o responsável pela aliciação dos jogadores e quem efetuava os pagamentos. As acusações podem ser enquadradas em três tipologias penais: associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção no âmbito esportivo. Os nomes que aparecem escritos no celular apreendido são dos clubes de São Luiz (RS), Novo Hamburgo (RS) e Vila Nova (MG).  A boa notícia para os clubes é que o Ministério Público não pretende os penalizar, já que não estão envolvidos diretamente.

Mais apurações

Além da investigação do Ministério Público do Estado de Goiás, O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) também começou a investigar esquemas de apostas e manipulação de resultados envolvendo não apenas a Série B, mas as Séries C e D de 2022.  Conforme confirmado pela assessoria da procuradoria do Tribunal ao ge, nesta sexta-feira (17), “estão sendo apuradas possíveis irregularidades envolvendo jogadores e apostadores na edição do ano passado dos torneios". O inquérito, que está em sigilo, foi instaurado a partir de informações repassadas pela CBF.

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