Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
20/02/2023 às 15h36min - Atualizada em 20/02/2023 às 15h36min

Fatal Model entra no futebol para ressignificar profissão de acompanhante

Empresa, que cede espaço para anúncios, patrocina o Vitória com o intuito de combater o preconceito

Paulo Octávio - labdicasjornalismo.com
Nina Sag, porta-voz do Fatal Model; empresa já patrocinou a Portuguesa (RJ) e Altos (PI) em jogos da Copa do Brasil. Foto: Divulgação/Fatal Model
"Quando foi a última vez que você fez algo novo?" Com essas palavras, a Fatal Model divulgou nas redes sociais uma ação de marketing que pode ser considerada ousada. A empresa assinou contrato com o Vitória. O emblema da empresa ficará durante toda a temporada de 2023 nos ombros da camisa do clube e este é o maior investidor que time conseguiu. A ação ainda fomenta o respeito com as  acompanhantes. 

A plataforma é uma espécie de classificados, mas no ambiente virtual e utiliza da tecnologia. Não há lucro com os encontros. É oferecido espaço no ambiente digital para que as profissionais exibam os seus anúncios e “a contratação das acompanhantes não acontece dentro da plataforma”, afirma o responsável pelo marketing do site.  

E as produtoras de conteúdo do site exibem matérias sobre a profissão, como o cuidado para não cair em golpes e como criar uma rede de apoio. Além da exibição do podcast Acompanhadas que, no primeiro episódio da segunda temporada, recebeu o ex-BBB Wagner Santiago.  

Mas houve reação. O apresentador Uziel Bueno, do Brasil Urgente Bahia, considerou o patrocínio como algo indigno e ainda bateu com uma cinta no chão em protesto. Dias depois, a Band Bahia, que exibe o programa, afirmou ao site UOL que não compactua com as palavras ditas pelo condutor, mas o manteve na condução do policialesco. Bueno disse que ganhou mais patrocínio após a sua fala. Fatal  processa o comunicador após essa declaração. 

Já a repercussão popular foi positiva. Torcedores do Vitória aplaudiram Nina Sag, porta-voz do Fatal, quando ela entrou no estádio do Barradão para dar o pontapé inicial da partida do rubro-negro contra Jacuipense, pela penúltima rodada do Campeonato Baiano. E a atuação de marketing não é só no futebol. A Fatal também anunciou no podcast Flow no dia da entrevista com Sérgio Moro.

E surge a dúvida: como surgiu interesse de patrocinar uma equipe de futebol? Quem responde a essa e outras questões é o responsável pelo marketing do Fatal Model:

(Nota da Redação: respeitamos a intenção dele não querer ter o seu nome exposto na matéria) 

1) Como nasceu o Fatal Model? 

O site foi criado em 2016 com a missão de empoderar os profissionais do mercado adulto, rompendo os tabus sobre a profissão e atuando como um facilitador no contato com os clientes através da tecnologia. 

O Fatal Model é uma alternativa segura, gratuita e muito rentável para acompanhantes e profissionais do sexo que almejam parar de atender nas ruas em decorrência do risco de violência, no qual estão expostos, e também em estabelecimentos como boates ou casas de massagem, uma vez que o FM não exige o pagamento de qualquer tipo de taxa ou porcentagem pelos atendimentos realizados pelo profissional. 

 A plataforma possui um compromisso sério com o combate aos perfis falsos e usuários mal-intencionados. Por isso, o FM conta com um time responsável por elaborar medidas de segurança e melhorias que elevam o nível de confiabilidade do site, tornando-o um ambiente cada vez mais seguro para todos os usuários. Entre as medidas já desenvolvidas estão: as Mídias de Comparação, que foram criadas para assegurar que os clientes contratem a mesma pessoa que está registrada nas imagens dos anúncios. O time colocou em prática, também, a exigência de documentos no cadastro de anunciantes da plataforma. A documentação é solicitada para evitar, ao extremo, o aparecimento de perfis fakes e anúncios duplicados na plataforma. Vale ressaltar que o Fatal Model não se responsabiliza por qualquer ocorrência durante o atendimento, pois a contratação dos acompanhantes não acontece dentro da plataforma. 

2) Por que a intenção de patrocinar times de futebol? 

Temos que reconhecer que em estádios de futebol, há um grande público que precisa ser conscientizado sobre respeito aos profissionais do sexo, por isso que o Fatal Model decidiu propagar seus valores. 

Além disso, com as portas abertas para estar na rede de televisão aberta e por ser um ambiente predominantemente masculino, mais pessoas podem conhecer sobre a marca e seus valores, dando visibilidade para os profissionais anunciantes e também captando contratantes mais alinhados ao propósito de respeito da plataforma. 

3) Hoje muitas empresas grandes deixaram de patrocinar o futebol. Acredita que, atualmente, o investimento no futebol vale mais a pena pelo retorno financeiro ou pela divulgação da marca? 

Os motivos mencionados acima são os que explicam por que consideramos o futebol um ambiente propício para tal. O patrocínio ao Vitória, por exemplo, gerou inúmeros debates acerca da profissão de acompanhante. Inclusive notou-se pessoas mudando de opinião quanto ao exercício da atividade. Algumas, que, no primeiro momento debocharam da classe, hoje compreendem a necessidade de tratar acompanhantes com respeito, segurança e dignidade. [Esses são os] Nossos valores, por sinal. 

4) Futebol, muitas vezes, é marcado pela violência e as marcas são cobradas para exibirem um posicionamento frente a esse problema. Já pensaram em como agir caso ocorra algo negativo com uma equipe que vocês patrocinam? 

Notamos violência verbal a acompanhantes quando do nosso anúncio de patrocínio ao Vitória. Neste caso, entendemos que ser combativos era o caminho. Isso, afinal, não pode ser propagado. Em relação a violências físicas nos estádios, por óbvio somos contra. É algo para se analisar caso a caso para que se identifiquem os responsáveis e [que eles] sejam punidos. 

5) A Fatal Model fará ações de combate ao machismo e preconceito no esporte? 

Fizemos já no jogo de estreia do nosso patrocínio com o Vitória. Os jogadores entraram em campo com uma camiseta pedindo respeito, segurança e dignidade. Nina Sag, nossa porta-voz, acompanhante, deu o pontapé inicial. Foi um marco na história do futebol. Quando um(a) acompanhante deu um pontapé inicial num jogo de futebol, um ambiente historicamente dominado pelos homens? Portanto, não só faremos ações como já fizemos nesta primeira oportunidade junto ao Vitória. Já fazemos isso também através de placas publicitárias em oito campeonatos estaduais patrocinados por nós. 



 6) O apresentador da Band agiu com preconceito ao abordar a assinatura do contrato. Vocês entendem que este é um preconceito da mídia em relação ao sexo ou é um caso isolado? 

 A imprensa está ao nosso lado, já que concorda que todos são dignos de respeito. Muitos veículos repercutiram a notícia do anúncio positivamente. Infelizmente, não foi o caso deste apresentador que, como você muito bem colocou, agiu com preconceito. 

 7) Como enxergam casos de jogadores acusados de assédio? Acreditam que o meio do futebol incentiva ações desse tipo? 

 Jogadores são pessoas como todas as outras. Quem de fato assedia merece ser punido. O futebol é um ambiente saudável, mas, com mazelas, assim como nossa sociedade. 

 8) Pensam em alguma ação de apoio a outras modalidades esportivas e também para o esporte feminino? 

 Temos muitas alternativas no radar. A procura de clubes pelo Fatal Model cresceu muito após o patrocínio ao Vitória. Estamos avaliando caso a caso. Patrocínios a equipes femininas também podem vir a acontecer, sim. 

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »