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03/03/2023 às 18h40min - Atualizada em 03/03/2023 às 18h10min

Fake News e Checagem de Nótícias:

Como as redes sociais e a tecnologia estão mudando o jornalismo

Carolina GuiRe - Nicole Bueno
Era uma manhã de segunda-feira como qualquer outra. Eu estava tomando meu café e vendo as tristes notícias do dia, em meio a tragédia que caiu sobre o Litoral Norte de São Paulo, quase aqui do lado, quando me deparei com uma notícia alarmante: comerciantes estariam vendendo água para os moradores e turistas desassistidos, por R$ 93,00 reais! 
''Um absurdo! Cadê o Procon? Como as pessoas são aproveitadoras, meu Deus!'' - indaguei completamente perplexa.
Um dos repóteres que realizava a cobertura, pela maior emissora do país, começou a chorar noticiando o fato.

Mas então algo estranho aconteceu. Ao longo do dia, comecei a receber mensagens de pessoas que questionavam a veracidade da notícia. Algumas delas apontavam erros na informação, outras diziam que não havia fontes confiáveis citadas na matéria. Fiquei intrigado e comecei a pesquisar mais sobre o assunto.

Passado alguns dias, descobri que a notícia era falsa. Não havia nenhuma água sendo vendida a tal preço estatrosférico. A informação tinha sido criada por um morador e não havia sido checada pela imprensa antes de ser divulgada. A vítima foi a comerciante Maria Isabel Estavski, 70 anos, é proprietária de cinco mercadinhos — dois na Vila Sahy, localizada na encosta e ponto mais castigado pelas chuvas — um na Barra do Sahy, área mais “rica” e onde ficam os principais condomínios e casas de veraneio — e outros dois em praias vizinhas.



A mentira, foi descoberta pelo próprio Procon, que foi até a região, inestugar as falsas denúncias. Só que o estrago já estava feito. De lá para cá, Isabel e a família — que afirmam não terem aumentado os preços em nenhum momento — queixam-se de estarem sofrendo todo o tipo de hostilidades, que vão desde ofensas racistas contra a comerciante, até o cancelamento de contratos e ameças de linchamento e de morte. Com os acontecimentos, além da segurança pessoal de Isabel, os filhos dela temem agora pela falência dos negócios, mantidos pela família há mais de trinta anos. Até o fechamento dessa matéria, Isabel ainda não havia reaberto os estabelecimentos.


 







Como pode uma notícia falsa ser divulgada tão facilmente, sem nenhum tipo de apuração por parte da imprensa? E o pior é que muitas pessoas acreditaram na notícia e ficaram apavoradas com a possibilidade de um tal golpe...

Isso me fez pensar sobre a importância da apuração jornalística e da responsabilidade dos veículos de comunicação na divulgação de informações.

Há tempos que as fake news se tornaram uma praga na sociedade. São notícias falsas que circulam pelas redes sociais e pelos aplicativos de mensagens, criando confusão e desinformação. O problema é tão grave que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou as fake news como um dos dez maiores riscos para a saúde global.

Mas por que elas se espalham tão rapidamente? Porque elas são criadas para gerar polêmica e compartilhamento. Muitas vezes elas têm títulos sensacionalistas e apelativos, e usam imagens e vídeos manipulados para dar veracidade à informação falsa. E o pior é que muitas pessoas acreditam em tudo o que leem, sem questionar a fonte ou a veracidade da informação.

Um exemplo recente foi a pandemia de COVID-19. Desde o início da crise, muitas fake news surgiram sobre a doença. Algumas delas afirmavam que o coronavírus era uma invenção de governos para controlar a população, que ele era uma arma biológica criada em laboratório, que o uso de máscaras era inútil, entre outras mentiras. Essas notícias falsas causaram pânico, confusão e, em alguns casos, até mortes, como no caso recente, da dona de casa Fabiane Maria de Jesus foi espancada até a morte em Guarujá, no litoral de SP, em maio de 2014, após ser vítima de uma notícia falsa compartilhada nas redes sociais. Família ainda luta por justiça. E isso aconteceu na região vizinha, quer dizer, em nada aprendemos com esse absurdo.

O combate às fake news é um desafio para os jornalistas e para as plataformas digitais. Os jornalistas precisam checar as informações antes de publicá-las, confirmar a fonte e a veracidade dos fatos. E as plataformas precisam combater a desinformação, removendo notícias falsas e bloqueando contas que as disseminam. Infelizmente, elas estão se tornando cada vez mais comuns em nossas vidas, e é nosso dever como cidadãos e leitores questionar as informações que recebemos e verificar a veracidade delas antes de compartilhá-las. Afinal, não podemos permitir que a desinformação prevaleça sobre a verdade.

Mas o papel dos cidadãos também é fundamental. Cada um de nós tem a responsabilidade de verificar as informações antes de compartilhá-las. É importante questionar a fonte da notícia, verificar se ela foi publicada por um veículo confiável e checar se outras fontes confirmam os fatos. Se a informação for falsa, o melhor a fazer é não compartilhá-la, para não contribuir com a disseminação da desinformação.

Em resumo, as fake news são uma ameaça para a nossa sociedade. Elas geram confusão, medo e desinformação, e podem ter consequências graves para a saúde pública e para a democracia. Por isso, é importante que todos façam a sua parte no combate à desinformação, checando as informações antes de compartilhá-las e denunciando as notícias falsas. Só assim poderemos construir uma sociedade mais informada e consciente.


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