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30/03/2023 às 09h43min - Atualizada em 30/03/2023 às 10h01min

Sobre a romantização de rotinas desgastantes consumidas na internet

Raíssa Junqueira - Editado por Fernando Azevêdo
Foto: Unsplash
Pós-pandemia, vimos crescer o número de jovens produzindo e consumindo conteúdos que focam em ter uma vida perfeita, com a rotina, metas e corpos perfeitos na maioria das vezes. 

 

Criadores de conteúdo, principalmente no TikTok ganharam força falando sobre como passar em provas de vestibular, como ter o que deseja com manifestações e afirmações no âmbito lei da atração. Além do alcance de corpos perfeitos, que continuam crescendo, mesmo com os movimentos body positive, que consistem em aceitação de corpos reais. 

 

A problemática é que, ao criar esses conteúdos para seus seguidores, os criadores vendem uma vida que, além de não saudável, é considerada frustrante para quem não faz o mesmo em seu dia a dia. 

 

O chamado Clube das 5 da Manhã foi criado justamente com o objetivo de alcançar uma produtividade vista como desnecessária por muitos neurologistas, por não ser uma prática benéfica para todos os tipos de pessoas. Rotinas precisam ser ajustadas de acordo com a realidade de cada um. 

 

Por isso, outros pequenos influenciadores resolveram criar conteúdos reais, que vão em direção contrária aos que romantizam o desgaste, poucas horas de sono, etc.

A tiktoker Luiza Alencar fala sobre a frustração de já ter sido a pessoa que não conseguia seguir as rotinas dessas pessoas.
“Elas não fazem pela produtividade, e sim, porque esse conteúdo vende e engaja, principalmente por pessoas como nós (produzir mais = ganhar mais dinheiro).


Você, assim como a Luiza, já se sentiu um fracasso por tentar seguir essa rotina e não conseguiu? Amanda Bordoni, vestibulanda de medicina, falou um pouco sobre isso: "Eu não gosto de vídeos assim, eles servem pra deixar a gente mal. Vi um vídeo em que uma menina acordava às 4h da manhã e ia dormir às 23h estudando, isso faz a gente pensar que só assim vai passar.” É importante ressaltar o quanto esse tipo de rotina não é saudável, principalmente se pensarmos na quantidade de horas necessárias para uma boa noite de sono. 

 

Ao ver esse tipo de conteúdo, as pessoas se sentem influenciadas a fazerem o mesmo: considerar produtivo um dia em que você não teve a quantidade de horas ideais dormidas, não teve momentos de descanso, mas bebeu água e foi para a academia. Isso não é saudável. 

 

De acordo com o último grande mapeamento global de transtornos mentais, realizado pela OMS, no Brasil, pelo menos 9,3% sofrem de ansiedade patológica, e o consumo desses conteúdos pode intensificar o aumento desse índice. Ao contrário do que tais conteúdos virais da internet propagam, poucas horas de sono podem trazer consequências para o corpo como queda da imunidade, alterações na concentração e no humor, fadiga e sonolência diurna.

Os sintomas, quando somatizados em um corpo que não descansa adequadamente, podem levar a casos mais graves, como crises de ansiedade generalizada e até
Burnout. Conteúdos midiáticos, muitas vezes, generalizam as questões para todos os corpos e a escuta para o que cada corpo precisa, na sua maneira individual, fica em terceiro plano.

 

Por isso, o necessário é ter cuidado e sempre procurar ajuda e adaptar as rotinas de acordo com o que é preciso para cada um individualmente, não apenas seguir o que é passado na internet.


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