Sabe-se que o Oscar é o prêmio cinematográfico mais importante para atores, diretores, escritores, figurinistas, etc. A premiação é vista como sinônimo de qualidade e referência.
Com o passar dos anos, a Academia tem se politizado cada vez mais devido ao público que exige visibilidade, representação e o entendimento de que há diversos trabalhadores da indústria que merecem reconhecimento por seu trabalho, mas não conseguem devido ao racismo, LGBTfobia, etarismo, dentre outros fatores que afetam a indústria.
Nessa resenha, primeiro será exposto alguns momentos políticos que ficaram marcados na história do Oscar e em seguida será analisado algumas mudanças feitas ao favor da inclusão e do respeito no Oscar
Alguns Momentos Políticos no Oscar
Hashtag: Oscars So White em 2016
Em 2016, na véspera da cerimônia do Oscar uma nova polêmica surgiu, era o segundo ano consecutivo onde não havia atores ou atrizes negros indicados nas categorias de Melhor Atuação.
Logo após a divulgação dos nomeados surgiu a hashtag ‘oscars so white’ que cobrava maior diversidade no Oscar. Alguns famosos como Will Smith e sua esposa Jada Smith boicotaram a cerimônia.
Em 2021 o acontecimento completou 5 anos e houve certos avanços. Nunca houve tantos atores e atrizes negros indicados.
Hashtag ‘Times Up’ em 2018
A corrente Times’ Up criada pelas atrizes Nathalie Portman e Meryl Streep e dentre diversas outras atrizes no começo de 2018 foi um fundo de defesa legal que arrecadou milhões para proporcionar apoio as mulheres e homens vítimas de agressão, assédio e/ou abuso sexual em seus locais de trabalho.
Diversos atores e atrizes usaram preto no Oscar em forma de protesto, assim como ocorreu no Golden Globes.
As atrizes Ashley Jud, Salma Hayek, e Anabella Sciorra acusaram o diretor Harvey Weinstein de abuso, subiram no palco durante a cerimônia para o momento dedicado ao movimento Time 's up.
‘‘As mudanças que estamos testemunhando são lideradas por novas e poderosas vozes, diferentes, nossas vozes, que estão se unindo em um grito que diz basta. Nós trabalhamos juntas para nos assegurar que os próximos 90 anos sejam de possibilidades ilimitadas de igualdade, diversidade, inclusão e interseccionalidade. Foi isso que esse ano prometeu’’ disse Jud.
‘‘Você não precisa de Ouro para brilhar’’ foi a campanha dedicada a sensibilizar artistas indicados ao Oscar 2023 a se tornarem embaixadores da causa dos Indígenas Yanomami que vivem entre o Brasil e a Venezuela e passam por uma grave crise humanitária.
Uma estatueta de barro similar ao Oscar, que representa o Omama, divindade Yanomami foi enviado aos ganhadores da cerimonia.
Nas redes sociais a iniciativa marca os perfis de artistas e chama a indústria do cinema a uma reflexão sobre o papel do ouro no mundo dos brancos e o custo da exploração do metal para as populações tradicionais que vivem onde há jazidas.
O porquê atrás dos momentos políticos no oscar
O Oscar por ser um evento cinematográfico de importância para a indústria, há de refletir as mudanças sociais e culturais da sociedade. É notável que hollywood não é a única indústria que contém racismo, etarismo, fobia contra diversos grupos sociais, etc.
A diferença é que Hollywood está nos holofotes da sociedade e, em uma plataforma fácil de ser vista. E hoje a indústria é composta não só por pessoas privilegiadas, mas também por pessoas que vieram de lugares comuns e exigem direitos iguais.
A discussão que ocorre durante esses momentos políticos é derivado do fato que atores negros independentes de seus talentos sempre precisaram trabalhar dez vezes mais para estar ao lado de um ator branco cujo talento nunca foi questionado.
Enquanto homens brancos de Hollywood continuam trabalhando e recebendo oportunidades quando chegam aos 50, as mulheres deixam de receber ofertas aos 45 porque não as consideram atrativas como antes.
Logo, as diversas pessoas que fazem parte da indústria hollywoodiana estão cansadas e fazem uso das diversas plataformas sociais para exigir mudanças.
E para o Oscar permanecer relevante e não perder a sua audiência como tem acontecido nos últimos anos, é necessário mudanças para torná-lo menos voltado aos eleitores e mais ao público, que deseja celebrar as melhores produções cinematográficas do ano.
Mudanças Implementadas
Esse ano, os organizadores anunciaram que a partir de 2024, o oscar adotará espécie de sistema de cotas para ampliar a representatividade. Ou seja, a partir de 2024,os filmes que quiserem concorrer na categoria de melhor filme deverão atender, no mínimo, dois dos quatro padrões. Mudança incentivada pelo movimento Oscars So White citado anteriormente. Alguns dos padrões são:
1- Ter membros de grupos sub-representados em papéis de protagonista ou coadjuvante ou 30% do elenco composto por estes mesmos grupos.
2- Pelo Menos 30% da equipe do filme preenchido por minorias ou pelo menos 2 pessoas em cargos de liderança pré-determinados.
3- Oferecer oportunidade de estágios pagos ou treinamentos para grupos sub-representados em seus estúdios e distribuidoras.
4- Ter a mesma representatividade relacionada acima em marketing, publicidade e distribuição dos filmes.
"Acreditamos que estes padrões de inclusão serão um catalisador para mudanças essenciais e duradouras em nossa indústria", diz uma nota conjunta e assinada respectivamente pelo presidente e pela ex-diretora executiva da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas Hollywood, David Rubin e Dawn Hudson.
