A indústria cinematográfica Nigeriana, conhecida popularmente como Nollywood, é a segunda maior do mundo. Com uma capacidade de criação gigantesca, ela tem o potencial de gerar mais de 20 milhões de empregos por ano.
Ultrapassando a gigante do cinema mundial Hollywood, Nollywood comemora o seu sucesso produzindo cerca de 50 filmes em inglês, e em idiomas nigerianos, semanalmente.
No entanto, ela ainda é desconhecida pela maioria das pessoas e pouco valorizada. Isso porque, vivemos em um mundo onde a hegemonia norte–americana domina o cinema mundial, e compõe o imaginário social de muitas pessoas. Além do racismo e estereótipos produzidos pela supremacia branca que desumaniza a população do continente africano.
A existência de produções oriundas de diferentes lugares do mundo, como Nollywood, Bollywood, Asiáticos e tantas outras, faz parte da tentativa de resistir a essa lógica global, abrindo os olhos do mundo para as diversas realidades que não se limitam a bailes de formatura, armários escolares e patricinhas do ensino médio.
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As origens de Nollywood
O cinema na Nigéria teve seu início durante o período em que o país ainda era uma colônia britânica. Durante a Primeira Guerra Mundial, o governo colonial utilizou os cinemas para arrecadar fundos para a Cruz Vermelha.
Durante esse período, as produções do país africano eram dominadas por filmes e documentários feitos pelo governo. Debates parlamentares, campanhas publicitárias e propagandas militares eram disseminadas para a população.
Em 1965, a administração do órgão, passaria, finalmente para as mãos dos nativos, resultando em um forte aumento de obras locais e de público. Com a independência, veio a era de ouro do cinema local, impulsionada pelo boom da exploração de petróleo.
Mas, logo veio a declinar nos anos 80, por conta dos governantes do país que não apoiaram financeiramente a indústria. As produtoras locais voltaram para a televisão e o mercado de home video, e os filmes começaram a ser produzidos rapidamente e com baixo orçamento.
Com isso, os efeitos da falta de investimento logo deram as caras, junto com o controle, isso porque alguns países do continente reagiram às produções nigerianas com restrições e medidas protecionistas, acreditando que a Nigéria estava impondo sua cultura sobre outros países.
Particularidades e sucessos
Na última década, o mundo passou a acompanhar uma reestruturação da indústria cinematográfica nigeriana. Os estúdios passaram a priorizar a qualidade no lugar da quantidade. O governo, por sua vez, também investiu em fomentos e leis de incentivos para apoiar o setor, rompendo a lógica antiga de produções rápidas realizadas com baixíssimo orçamento.
As particularidades que envolvem Nollywood é o que diferencia das outras. Uma de suas principais características, é a ênfase nas histórias e narrativas locais, retratando temas e questões sociais relevantes para a população do país, com muitos filmes sendo, inclusive, voltados para a classe média e baixa do país.
Algumas produções têm alcançado sucesso internacional, como Lionheart (2018), que conta a história de Adaze (Genevieve Nnaji), uma profissional que está tentando crescer em um ambiente super machista e precisa ajudar o negócio da família. O longa permaneceu durante alguns meses, como o mais bem avaliado pela Netflix.
Outra produção que chamou bastante atenção desde seu lançamento é Por Uma Vida Melhor (2020). O filme retrata a história de uma jornalista que se infiltra na vida das garotas de programa de Lagos (Capital). Os perigos aumentam à medida que Òlòtūré (Sharon Oopa) adentra mais a fundo nos subúrbios da cidade, e tenta contar a história de milhares de jovens que estão à margem no país.