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14/06/2023 às 16h49min - Atualizada em 14/06/2023 às 15h40min

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso e a saúde mental

Filme mostra os heróis de maneira mais humanizada

Taís Wölfert - Editado por Letícia Nunes
Fonte: Sony Pictures / Reprodução: Exame


Homem-Aranha: Através do Aranhaverso chegou aos cinemas em primeiro de junho, o filme tem uma abordagem e foco grande na questão mental dos personagens. Como se sentem, como lidam com isso, o que buscam. Mais da metade do filme é bem menos focada na ação e mais na emoção, algo que não é muito visto em filmes de super-heróis. Mas esse já começa assim.



O ponto de vista inicial é o de Gwen Stacy, a personagem já havia aparecido no primeiro Aranhaverso lançado em 2018. Gwen têm diversos problemas, principalmente, em fazer amigos. Mas não só, logo no início é mostrado alguns de seus receios e como ela sofre por coisas que já fez. E assim como muitas pessoas também da vida real, guardar algo por tão tempo vai fazendo com que cada vez mais ela vá para o fundo do poço. Sentir que não tem ninguém com quem contar só piora as coisas.

Mas não é só Gwen que têm pontos a tratar, Miles Morales, apesar de ter menos questões que Gwen, é cheio de reflexões. Principalmente, sobre a família. Mesmo com pais amorosos, uma situação financeira familiar tranquila, ele não pode simplesmente chegar nos pais e falar “eu sou o Homem-Aranha”. Por isso, têm atitudes e comportamentos que fazem os pais desconfiarem, mas tudo que ele faz na verdade é pelo que julga ser o bem maior.

Quem melhor para conversar sobre o dilema “contar para seus pais que você é um Aranha” do que com outra Aranha? Assim, Miles e Gwen dialogam e mostram que enquanto os heróis salvam todo mundo, quem é que salva eles? Com quem os amigões da vizinhança podem contar? Isso é pressão demais, e com certeza mexe com o psicológico de alguém. Ainda mais quando existem perdas envolvidas na vida dessa pessoa.

Por muitos anos, super heróis foram vistos como algo diferente da nossa realidade, vivendo situações que nós nunca viveríamos. Mas já há algum tempo, esses personagens vêm sendo mais humanizados, sendo mais fácil ver dilemas nossos e situações nossas na vida deles também. Às vezes você quer ir para uma faculdade que seus pais não querem deixar por ser longe, mesmo ela sendo uma das melhores. Dilemas reais assim, fazem o público se identificar mais, mas não só isso, também é possível abordar a importância da saúde mental.

O primeiro Aranhaverso já tinha feito um pouco isso com o personagem Peter B. Parker que estava no fundo do poço e com tudo o que acontece ele se reergue. Mas não sem ajuda. E talvez essa seja a mensagem principal tanto do primeiro e segundo filme, mas também da vida. É normal precisar de ajuda e está tudo bem pedi-la.

Mas existe um outro Homem-Aranha que é apresentado nesse segundo filme e têm problemas que poderiam ser melhores resolvidos com uma terapia. Miguel O’Hara, o Homem-Aranha 2099, é quem controla a “rede dos aranhas”. Miguel têm tantos problemas e traumas que mesmo sem ter tanto tempo de tela isso fica claro. A forma que achou para lidar com eles, não foi trata-los, mas sim tentar se manter no controle e quando perde isso, ele explode.


Miguel O'Hara em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Miguel O'Hara em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Fonte: Sony Pictures / Reprodução: Do Nerd


Pelo jeito, faz parte da vida de um Aranha ter perdas. Mas será que não existe nenhuma exceção para a regra?

Lidar com situações do cotidiano não é fácil, pode gerar ansiedade, crises de pânico e tudo mais. Quando se é um herói é normal supor que toda a questão psicológica vem com mais questões ainda. É importante falar sobre isso, abordar a saúde mental, até mesmo em super-heróis. Porque se o Peter Parker tem problemas e fica na “bad”, tá tudo bem eu também ter esses problemas. Tá tudo bem ficar mal por certas coisas, deixar os sentimentos fluírem, o importante é saber quando não é possível lidar com algo sozinho. Quando está mais do que na hora de contar com alguém.

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso mostra isso. Mesmo que o filme não tenho de fato um final, a sequência está prometida para 2024, e que seja mais parado do que muitos gostariam, o filme aborda essa temática tão importante de maneira a conseguir chegar em diversas faixas etárias e camadas da sociedade. Falar sobre saúde mental é importante, seja lá de que forma isso for feito, numa roda de amigos, na terapia ou em um filme de animação. O importante é falar e mostrar que não se está sozinho, todos têm problemas, a questão é ir atrás de soluções. Muitas vezes, a solução é muito mais fácil do que parece.
 
 
REFERÊNCIAS:
SCHENDES, William. Curta de Aranhaverso aborda saúde mental de Miles Morales. Olhar Digital, 12 de jun. de 2023. Disponível em:
https://olhardigital.com.br/2023/06/12/cinema-e-streaming/curta-de-aranhaverso-aborda-saude-mental-de-miles-morales/ > Acesso em: 12 de jun. de 2023
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