03/11/2023 às 21h46min - Atualizada em 03/11/2023 às 21h35min
Filosofia e X-Men | Descubra como é possível mesclar os dois assuntos
Dois filósofos, fãs da franquia, escreveram um livro muito profundo acerca do mundo dos mutantes
Amanda Oliveira - Editado por Marcela Câmara
É possível embarcar em uma experiência sobre humana, mas não tão surreal assim ao ler o livro “X-Men e a Filosofia” de Rebecca Housel e J. Jeremy Wisniewski, sob a coordenação de William Irwin. Essa é uma das histórias em quadrinhos mais antigas, cativando milhares de fãs ao redor do mundo e permitindo que embarquem no X-verso.
Os conhecidos mutantes genéticos que têm liberado seus exclusivos poderes especiais a serviço tanto do bem quanto do mal desde 1963, é pauta no meio da filosofia. É partindo dessa ideia que os autores deram vida ao livro. Ao perceberem que o conflito de identidade de personagens complexos são enredos profundamente influenciados por importantes questões filosóficas.
Por meio de grandes filósofos como Aristóteles, Sartre, Camus, Lévinas, entre outros, X-Men e a Filosofia mostra como essa série notável fala não apenas a gerações de público da cultura pop, mas também ao cerne da condição humana. Diferentes, mas nem tanto assim.
Rebecca e J. Jeremy, contam que apesar de personagens fictícios, seus conflitos são muito semelhantes aos que todos presenciam socialmente.
“Os X-Men, como a maioria de nós, aliás, nasceram em circunstâncias que lhes escapam do controle, foram lançados em um mundo que não escolheram. E sua luta, não apenas para entender esse mundo, mas prosperar nele, reflete cada uma de nossas buscas por autenticidade e identidade” - Pg- 51.
As situações que a vida coloca o jovem adulto, os caminhos embaraçosos e prematuros que os prepara para crescer, exige a maturidade que muitas vezes ele ainda não está preparado. Não há um manual de como crescer, não há caminhos corretos e únicos para seguir. A angústia dos mutantes é se descobrir, se perceber e entender a manipular seus poderes, sem contar que deverá decidir em que lado estará nesta guerra de bom e mal.
Aqui entra outro paradoxo, eles tentam se encaixar no lado bom ou ruim, e se esqueçam que todos têm e vivem essa ambiguidade de bondade e maldade dentro de si e não há como separar, está intrinsecamente ligado ao ser humano ou não humano.
No decorrer do livro eles vão analisar personagens coringas, como: Wolverine, Wanda Maximoff que tem sua aparição nos quadrinhos primeiro em X-Men, Jean Grey, Tempestade e muitos outros. Tecem a partir daí a filosofia e os grandes pensadores em emaranhadas ideais que fazem sentido ao ser relacionada a vida cotidiana de humanos.
Mutantes e o existencialismo. O que tem a ver?
As pessoas não são predeterminadas, ou seja, elas são resultados de ações. Isso significa que a teoria existencialista se fundamenta na ideia de que a existência precede a essência, enfatizando a liberdade de escolha e a responsabilidade pessoal. Essa corrente filosófica que nasceu no século XX, após a Segunda Guerra Mundial numa Paris derrotada, veio de Jean Paul Sartre, contudo, com inspirações de Friedrich Nietszche.
Os filósofos existencialistas acreditam que a vida não tem um sentido pré-definido. O Existencialismo acredita que os indivíduos têm total liberdade e que devem assumir responsabilidade pessoal. Sua existência vai tomando forma ao longo do tempo, quando há as vivências e aprendizados. É por este motivo que Rebecca e J. Jeremy, acredita que essa é a teoria que se encaixa perfeitamente na história dos X-Verso. Se descobrem mutantes, não sabem o que fazer com sua existência e ao longo das tramas, histórias, quadrinhos e filmes, vão dando significado e se responsabilizando pelos atos.
O livro traz a reflexão não só sobre a vida destes personagens, como expande para a vida real, principalmente trazendo a ideia de José Ortega Y Gasset quando diz: “O homem é o que aconteceu com ele, o que ele fez”. Nos encontramos em uma situação na qual o que somos não está predeterminado, mas é antes resultado das nossas ações.
REFERÊNCIAS
X-MEN E A FILOSOFIA- HOUSEL, Rebecca e WISNEWSKI, J. Jeremy.
