Resenha | Fazendo Meu Filme

A adaptação do best-seller de Paula Pimenta finalmente chegou ao Prime Video

Cartaz oficial do filme. Foto: Divulgação/Prime Vídeo / The Music Journal

Em fevereiro, chegou ao Prime Video a aguardada adaptação do livro “Fazendo meu filme”. O longa dirigido por Pedro Antônio é inspirado no livro escrito por Paula Pimenta, best-seller que já vendeu mais de 800 mil copias. O filme foi a anunciado em 2020 e gravado em 2021, porém só foi lançado para o público esse ano.

Enredo de fazendo meu filme

Na história, acompanhamos Estefânia, carinhosamente chamada de Fani. A jovem de 16 anos é sonhadora, tímida, e nutre diversas paixões, entre elas, um crush em seu professor de biologia e uma vontade genuína de estudar cinema. De repente, sua vida sofre uma mudança inesperada quando sua mãe, Cristiana (Samara Felippo),  incentiva a menina fazer o teste para estudar no exterior. Dias depois, ela é aprovada em um intercâmbio com destino a Inglaterra. Em meio a tudo isso, Fani precisa lidar com os sentimentos de deixar todos os seus amigos para trás e descobrir estar apaixonada por seu melhor amigo, Léo.

 

 Trailer oficial de 'Fazendo meu filme' ( Reprodução: Prime Video - You Tube )

O filme apresenta diversos pontos interessantes, começando pela forma como a narrativa foi conduzida, com um bom roteiro e direção que entregam o que prometem. Além disso, as interpretações são maravilhosas. Vamos analisar cada um desses aspectos que tornam o filme uma obra que vale a pena assistir.

A narrativa rápida

A trama se desenrola rapidamente, apresentando logo de cara um pouco da personalidade e gostos da protagonista. Na primeira cena, vemos ela interagindo com o público e quebrando a quarta parede, o que pessoalmente eu adorei. O compartilhamento dos sentimentos da personagem com quem assiste trouxe conexão, diversão e uma identificação mais forte com a protagonista.

Os outros personagens, como Gabriela (Alanys Santos), Leonardo (Xande Valois), Natália (Júlia Svacinna) e Vanessa (Giovanna Chaves), são apresentados sem muita demora e de forma cativante logo no início, prendendo ainda mais a atenção do espectador. Os personagens são apresentados em cliques rápidos, nos quais é falado um pouco de suas personalidades.

Um dos aspectos positivos do filme, além da rapidez com que envolve o público na trama, é a química entre Fani, interpretada por Bela Fernandes, e Leo, interpretado por Xande Valois. O casal, que durante a maior parte do filme são “apenas” amigos, já demonstram sentimentos e um clima a mais no ar. O personagem de Leo é meio receoso quanto aos seus sentimentos, mas amigo e leal com quem gosta.

A protagonista

A personagem principal, Fani, traz vários elementos que fazem com que o  público se lembre ou até mesmo se identifique com uma fase da vida que vivem ou já viveram: a adolescência, principalmente no que diz respeito a sonhos, dúvidas e primeiras paixões. Isso faz com que os espectadores tenham grande empatia por ela. Fani é super cativante e tem um grande carisma, muito disso devido à ótima interpretação de Bela Fernandes, que conseguiu transmitir a essência da personagem.

( Foto: Laura Campanella/Divulgação)

Paula Pimenta e Bela Fernandes no set de filmagens do filme.

Durante o filme, acompanhamos a vida de Fani na escola, com seus amigos e amigas. Logo no início da trama, vemos que Fani tem um crush em seu professor de biologia, o Marquinhos (Caio Paduan), mas esse amor platônico é desfeito quando ela descobre que o professor tem uma namorada. O filme mostra uma protagonista apaixonada, tímida, com pensamentos férteis e decisões demoradas, já que ela pensa muito antes de fazer algo.

A dinâmica dos personagens

Dos coadjuvantes do longa, tenho um destaque especial para Gabriela e Natália. O trio funciona bem na trama. Apesar de terem personalidades bem diferentes, elas se ajudam e isso contribui bastante para muitos momentos decisivos na história. Uma incentiva e auxilia a outra a lidar com os problemas naturais da idade, além de, é claro, sempre se apoiarem em tudo.

O amigo mais próximo de Fani, Léo, nutre uma paixão por ela desde o início da história, o que cria uma dinâmica interessante entre os dois. Na trama, eles estão constantemente nessa situação de não falarem abertamente sobre seus sentimentos, mas fica claro que a paixão é recíproca. Essa tensão persiste ao longo do filme, até que finalmente, o casal acontece. O clássico "Friends to lovers" é feito de forma envolvente e aguardada ao longo das 1 hora e 35 minutos de filme.

(Foto: Divulgação / Galeria Filmes)

Fani e léo em uma cena do filme.

Na história, tudo conspira para que os personagens principais demorem a ficar juntos, e um dos obstáculos para isso é a chegada da personagem  Vanessa (Giovana Chaves). Fani e ela não se dão muito bem, e em certo momento da trama, Léo e Vanessa começam a ter um relacionamento, o que atrapalha a amizade dos dois. Mas, com as algumas questões da história, tudo foi resolvido.

Outros personagens aparecem muito pouco, apenas em alguns momentos pontuais, como é o caso do casal Rodrigo (Pedro David) e Priscila (Kiria Malheiros). Queridinhos dos fãs, eles possuem sua própria história no livro "Minha Vida Fora de Série". Seria interessante se esses personagens tivessem mais tempo de tela, já que no filme eles ficaram sem nenhum desenvolvimento, ficando superficiais.

Isso não afetou tanto a adaptação, mas ficamos com um gostinho de quero mais, para vê-los aparecerem na história. Apesar desse ponto, os atores conseguiram entregar uma boa química. Além da falta de aprofundamento de alguns personagens, outro aspecto negativo na trama são as mudanças bruscas, que podem parecer confusas para quem assiste. Um exemplo disso é quando o Léo se afasta da Fani sem muitas explicações e um contexto claro.
 
A Direção e o roteiro

Mas no geral, a adaptação é muito fiel ao livro. Muitos internautas nas redes sociais elogiaram o filme, comentando que ele transmitiu a essência da obra literária. O roteiro, que teve a participação da própria autora da obra original, conseguiu realizar de forma bem executada a transição do espaço literário para o espaço cinematográfico. Os planos de câmera, a harmonia entre o elenco, a escolha dos atores, o cenário e as composições das cenas foram muito bem feitas. A direção foi habilidosa e fez um bom trabalho. O longa é muito bom, uma comédia romântica levinha e clichê que vale a pena assistir.

Ao final da trama, a palavra "continua" é exibida na tela, e para quem não sabe, o livro que serviu de base para o filme possui 4 continuações. Será que podemos esperar em breve por mais aventuras da Fani nas telinhas?

Curiosidade: A autora do livro faz duas aparições no filme: primeiro, como vizinha do Léo; e depois, como aeromoça na cena final do aeroporto.