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22/03/2024 às 08h24min - Atualizada em 22/03/2024 às 08h15min

Donzela: Um casamento fadado ao fracasso

O filme estrelado por Millie Bobby Brown, que mescla aventura fantástica e drama, enquanto explora temas de sacrifício e determinação.

Letícia Bento - Editado por Ana Terra
Imagem de divulgação do filme / Netflix
"Donzela", o mais recente filme estrelado por Millie Bobby Brown, que ganhou destaque em "Stranger Things" e "Enola Holmes", fez sua estreia no catálogo da Netflix no dia 8 de março, trazendo consigo um elenco repleto de talentos como Robin Wright, Angela Bassett e Nick Robinson.

Sob a direção habilidosa de Juan Carlos Fresnadillo, conhecido por suas contribuições em obras como "Intacto" (2001) e "Extermínio 2" (2007), o enredo de "Donzela" nos conduz por uma jornada onde uma jovem concorda em se casar com um príncipe encantado, apenas para descobrir que está destinada a ser sacrificada para quitar uma antiga dívida da realeza. 

Essa situação exemplifica como as mulheres são frequentemente tratadas como objetos ou peças em um jogo de interesses masculinos, sendo submetidas a decisões que impactam suas vidas de maneira significativa, mas sem que tenham voz ativa na tomada de decisões.

Aprisionada na caverna de um dragão feroz, ela se vê diante de um desafio que exigirá toda sua astúcia e coragem para sobreviver. O encontro com seu noivo, Henry (Nick Robinson), antes da cerimônia, sugere uma complexidade maior por trás do personagem do príncipe que não foi abordada. 

A única voz de desconfiança em relação ao conto de fadas é a madrasta da noiva, Lady Bayford (Angela Bassett), cujo tempo de tela limitado não impede que ela apresente uma personagem multifacetada, representa uma tentativa de subverter esse padrão patriarcal. Mesmo em um tempo de tela limitado, ela se destaca como uma personagem tridimensional, preocupada não apenas com as aparências, mas também com o bem-estar de suas enteadas. Em contrapartida, Robin Wright, no papel da rainha má Isabelle, é relegada a uma representação caricatural, sem profundidade humana.

Ao longo da narrativa, "Donzela" transita entre o universo da aventura fantástica e o drama da sobrevivência, desafiando o público a embarcar nessa jornada emocionante. Embora o filme ofereça soluções convenientes para manter a protagonista viva, ele também apresenta uma metáfora visual intrigante por meio do figurino de Elodie, simbolizando o sacrifício que permeia toda a história.

O filme não apenas narra uma história de aventura e sobrevivência, mas também oferece uma poderosa reflexão sobre as estruturas patriarcais que limitam a liberdade e a autonomia das mulheres, destacando a necessidade de desafiar e subverter esses padrões para alcançar verdadeira igualdade e justiça de gênero.

Apesar de suas virtudes, "Donzela" deixa a desejar ao não explorar plenamente o desenvolvimento dos personagens, especialmente a complexidade de Elodie e sua relação com sua madrasta e pai, bem como ao não aprofundar na história da mãe. O desfecho também poderia ter oferecido uma conclusão mais satisfatória para a "princesa", permitindo-lhe seguir seu próprio destino. 

Nota: 8/10.


REFERÊNCIA:

ALVES, Paulinha. Crítica Donzela | Encontrando a força do que é ser mulher. 2024. Disponível em: < 
https://canaltech.com.br/cinema/critica-donzela-netflix-281775/ >. Acesso em: 12 de março de 2024.
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