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13/06/2024 às 16h05min - Atualizada em 13/06/2024 às 15h38min

Parada da Diversidade: 22 anos de história, luta, respeito e amor

Conheça mais sobre o evento que faz parte do calendário oficial de Teresina

Ana lya Costa - Revisado por Paola Pedro
Ponte Estaiada em Teresina. Foto: Reprodução/PMT

A construção de uma história passa por diversas etapas e sempre ressalta a importância da luta e do esforço de muitas pessoas e foi dessa forma que, há 22 anos, surgiu a Parada da Diversidade. Em maio de 2002, surgia o Grupo Matizes, uma associação civil, sem fins lucrativos, cuja missão é voltada à defesa dos direitos humanos, com ênfase na caminhada de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT+).

 

Diante da criação do grupo e com um propósito bem definido, surgiu, ainda em 2002, o maior evento de rua organizado por uma entidade da sociedade civil em Teresina. Com uma trajetória que já passa de duas décadas, a Parada da Diversidade celebra todas as formas de amor e se tornou um importante palco de reflexão e luta contra a homofobia e em defesa dos direitos voltados para a comunidade LGBTQIAP+.

 

Marinalva Santana, ativista em Direitos Humanos e vice-coordenadora do Grupo Matizes, faz parte da associação desde o início e relembra os primeiros passos do evento. “A primeira edição foi realizada no dia 28 de junho de 2002 e de lá para cá, nesses 22 anos de realização quase que ininterruptas, só não tivemos parada em 2020. Então, nesses 22 anos vimos a parada ganhar corpo. Começamos no centro de Teresina com pouquíssimas pessoas, em 2012 fomos para Raul Lopes. Nós já tivemos edições, como a de 2018, em que a polícia militar estimou 120 mil pessoas na avenida, isso representa cerca de 15% da população de Teresina. É um número expressivo de pessoas que vão às ruas para dizer sim ao respeito, sim ao amor e sim a ampliação de direitos", destaca a ativista.

 

Outro importante evento, também idealizado pelo Grupo Matizes e realizado antes da Parada da Diversidade, foi criado com a perspectiva de que a desconstrução do preconceito se faz, em grande parte, através da educação. Seguindo esse pensamento, surgiu a Semana do Orgulho de Ser. Essa realização acabou se tornando um importante espaço de formação e atualização para servidores públicos, estudantes, professores e outras pessoas interessadas no tema dos direitos da comunidade LGBTQIAP+. 

 

Sendo uma realização do Grupo Matizes em parceria com o Governo Federal, o Governo do Estado e a Prefeitura de Teresina, a parada celebra neste ano sua 22° edição, sendo que o evento está incluído no calendário oficial da capital através da Lei Municipal n° 4158/2011. Diante dessa data, Marinalva Santana ressalta a relevância de sua realização.

Tem muita gente que equivocadamente diz que a parada é uma festa, é um momento de festa. É também um momento de festa, de celebração, mas a parada é antes de tudo, e acima de tudo, um momento para irmos às ruas reivindicar igualdade de direitos, para reafirmar nosso orgulho de ser quem nós somos. É um momento também para as pessoas renovarem seus afetos, porque na parada só tem espaço para alegria. É para somar, para trocar energia com outras pessoas que acreditam que o mundo se constroi com respeito, onde as pessoas possam conviver sem ódio, sem intolerância, em um mundo possível", conclui.

 

18° SEMANA DO ORGULHO DE SER 

Com uma programação diversificada e recheada de conteúdo, a 18° Semana do Orgulho de Ser acontece dos dias 12 a 15 de junho. Serão palestras, cirandas, rodas de conversa e diversas outras ações que se finalizaram com a Parada da Diversidade, que tem como percurso tradicional a Avenida Raul Lopes, seguindo-se até o estacionamento da Ponte Estaiada.

 

 

22° PARADA DA DIVERSIDADE

Neste ano, em sua 22° edição, o evento acontece neste dia 15 de junho trazendo como tema “É Tempo de Alegria” e conta com Célia Gomes e Nego Val, como madrinha e padrinho, respectivamente, da parada deste ano. Célia Gomes, fundadora e presidente da Associação de Prostitutas do Piauí (APROPI) destaca seu sentimento por ter sido escolhida como madrinha da edição de 2024.

 

É uma coisa que eu nem sei explicar. Eu faço parte dessa história com eles e podemos ver que nesse momento o movimento se uniu. Há 30 anos, a gente trabalha também com as pessoas LGBTs que também estão juntos com as trabalhadoras sexuais, alguns deles estão lá. E para nós que trabalhamos com prostitutas, isso é um reconhecimento. Isso quer dizer que estamos juntos, que temos uma luta igual", pontua.

 

A madrinha deste ano, Célia Gomes, ainda evidenciou a importância da pauta levantada pela Parada da Diversidade. “Eu penso que fortalecer é se mostrar, é dizer a que veio, então quando chega o dia da Parada da Diversidade é uma história que vem sendo contada anos atrás e que tem, até hoje, uma resistência. Então, a Parada da Diversidade veio para mostrar e dizer para todo mundo que nos respeite, não nos mate e que toda forma de amor é possível e merece respeito", conclui.

 

Luís Pedro da Silva, coordenador da Atenção Primária em Saúde, já participou de edições anteriores do evento e destaca um de seus diferenciais. “Na parada, podemos observar uma maneira de resistir à violência contra LGBTs através da ocupação de espaços abertos ao público de todas as idades. Sendo que na parada sempre temos uma experiência nova, pois cada edição traz algo novo", finaliza.

 

Com todas as preparações para esse grande evento, as atrações musicais se destacam como um caso à parte. Nomes como a cantora e compositora Urias, o músico Edson Cordeiro com a turnê “Disco Clubbing - 25 anos” são os grandes nomes confirmados. As DJs Tainah Porta e Bossa Sasa também estarão presentes no evento, além das Drag Queens Naomi McQueen e Made In Africa.

 

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