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02/12/2019 às 18h48min - Atualizada em 02/12/2019 às 18h48min

Resenha: Depois de Auschwitz - Eva Schloss

"A história real e emocionante da meia- irmã de Anne Frank que sobreviveu ao Holocausto"

Talyta Brito - Editado por Socorro Moura
Saraiva
Até onde vai a maldade humana? O questionamento surge diante imagens, vídeos e relatos do Holocausto –  termo é utilizado pelos historiadores para designar a perseguição aos judeus liderada por Adolf Hitler. O antissemitismo, ideia da superioridade entre raças, marcou o século XX. As atrocidades praticadas atrás dos muros dos campos de concentração ainda chocam o mundo tempos depois.

De acordo com a reportagem do jornal El País “Por que falamos de seis milhões de mortos no Holocausto?” publicada em 16 de setembro de 2017 e assinada por Guilhermo Altares, não se pode precisar ao certo a quantidade de pessoas mortas durante o regime nazista, mas os especialistas estimam um número entre cinco e seis milhões. Felizmente, houveram sobreviventes que decidiram expor toda a barbárie praticada pelos alemães. Foi o caso de Eva Scholls, no livro Depois de Auschwitz – a história real e emocionante da meia-irmã de Anne Frank que sobreviveu ao holocausto. Além de falar da dura rotina vivida sob domínio nazista, Eva também destaca sua vida pós-libertação e os traumas gerados por aquele horrendo período de confinamento.

Natural de Viena na Áustria, Eva tinha uma vida economicamente estável ao lado dos pais e do irmão Heinz. Entretanto, em 1933 Adolf Hitler assume o poder na Alemanha e a sua política antissemita gerou algumas reviravoltas nas famílias judaicas. As mudanças nas primeiras semanas sobre o domínio nazista eram perceptíveis. Os soldados obrigavam as crianças a escrevem nas janelas das lojas dos seus pais a palavra judeu. Os vizinhos começaram a tratá-los com aspereza e judeus tinham seus chapéus arrancados enquanto caminhavam nas ruas. Diante de tais atitudes, muitos começaram a lutar por visto e assim escapar da opressão.

Com a família Scholls não foi diferente, após o filho mais velho apanhar de alguns colegas de classe, com o consentimento dos professores, seus pais decidiram que era hora de buscar refúgio em outra cidade. Algumas semanas depois da saída de Eva e sua família alguns países fecharam sua fronteira para refugiados judeus. A partir de então a família teve que se separar. No dia do seu aniversário de quinze anos Eva foi capturada e tornou-se a prisioneira A/5272.

“Auschwitz era um mundo de sujeira, fome, depravação – e gestos de solidariedade. Paapy certa vez me disse para nunca me sentar no vaso sanitário por causa dos germes, mas agora eu tinha de me agachar sobre um esgoto imundo com outras trinta mulheres. Nunca tinha feito planos para nada mais complicado do que um simples jogo de bolinhas de gude, mas eu aprendia a lutar por uma porção de comida racionada – e se, necessário, a passar fome ao trocar meu pão por outras coisas das quais eu precisava mais. Logo, percebi que o conceito de “civilização” é um véu fino fácil de ser arrancado, e me dei conta das verdadeiras necessidades da vida – como ter sua própria caneca para comer e beber, para garantir que você sempre tenha sua porção. Quando recebi minha caneca, amarrei-a às minhas roupas surradas e nunca a deixei fora da minha vista. ”

O cerne da obra está na reconstrução da vida pós Auschwitz. Eva terá de conviver com a perda do pai e do irmão, lidar com inúmeros questionamentos sobre a alma humana. Por outro lado, ela une forças a sua mãe e Otto Frank, que acabam se casando, para manter viva o legado de Anne Frank – uma das vítimas do holocausto. Dessa forma, o livro proporciona ao leitor uma imersão detalhada  e mantem viva a memória de um dos episódios mais tenebrosos da história humana. Emilia Viotti da Costa, historiadora e professora brasileira, declara que: “um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.”

 

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