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29/05/2020 às 14h33min - Atualizada em 29/05/2020 às 14h33min

Covardia e morte. Homem negro é assassinado nos EUA e gera comoção Internacional

De acordo com os policiais, Floyd apresentou resistência no momento da abordagem e foi imobilizado pelos policiais

Rute Moraes - Editor: Ronerson Pinheiro
Portal: Brasil de Fato
Foto/Reprodução: Stephen Maturen/Getty/Imagens/AFP

A imagem é forte! Ela foi retirada de um vídeo que mostra um policial americano com o joelho sob o pescoço de um homem negro. A cena causou revolta na comunidade negra do Estados Unidos. Por quase cinco minutos, o agente pressiona a cabeça do jovem contra o asfalto, enquanto ele clamava “Por favor, por favor. Eu não consigo respirar”. George Floyd, 40, morreu asfixiado, na última segunda-feira (24), durante uma onda de protestos que vem atingindo a cidade de Minneapolis, no estado de Minnesota, nos Estados Unidos. 

momento em que o policial asfixia George

momento em que o policial asfixia George

foto/Darnella Frazier

Na imagem, o homem aparece imobilizado com o pescoço sob o asfalto. (Divulgação: Portal Brasil de Fato)

Tudo aconteceu quando os policiais se deslocaram para atender a uma ocorrência em uma loja de conveniência. Um homem tentava utilizar cartões falsificados, e George, que estava no interior de um veículo, foi considerado suspeito pelos agentes.

De acordo com os policiais, Floyd apresentou resistência no momento da abordagem e foi imobilizado pelos policiais. O vídeo que está circulando nas redes sociais, mostra os manifestantes na rua, alertando os agentes de que o homem estaria ficando sem ar e com o nariz sangrando. Pouco tempo depois, George já estava inconsciente e foi conduzido para uma ambulância onde a morte foi confirmada. O FBI (Polícia Federal Americana), investiga o caso.

Njimie Dzurinko, integrante do movimento negro, condenou a ação dos policiais e ressaltou que a violência é estrutural contra a população. “Ele não fez nada de violento. Era acusado de um crime econômico e por isso foi sufocado e morreu, com várias pessoas olhando e filmando. A história da polícia desse país retoma a escravidão do povo africano. A primeira polícia foram os capatazes, que perseguiam os escravos. A força policial sempre se desenvolveu neste país sendo fundamentalmente anti-negros e anti-pobres. E é assim até hoje”, contou a ativista em entrevista ao portal Brasil de Fato.

Para o professor e Doutor em psicologia social, Marcos Silva e Silva, o que aconteceu no Estados Unidos, com George Floyd é o mesmo que ocorreu aqui no Brasil, com o garoto João Pedro. “É racismo estrutural em escala global. As respostas que cada país ou grupo dá aos efeitos é o que parece ser diferente. Aqui, a falsa ideia de democracia racial e cordialidade social, nos torna vítimas da violência e ganha o apoio político e religioso em suas concepções de submissão paternalista”, crítica o professor.

Professor e Doutor em psicologia social, Marcos Silva e Silva

Professor e Doutor em psicologia social, Marcos Silva e Silva

foto/arquivo pessoal

Professor e Doutor, Marcos Silva e Silva. Divulgação (Arquivo Pessoal)

O Doutor, analisa o racismo estrutural, e diz que este preconceito foi constituído e construído ao longo da história, pela violência e pelo ódio para com os povos africanos. “Se nos E.U.A o que determina o racismo é o fator social, aqui no Brasil, temos a infelicidade de sofrer dos dois problemas. Fomos colonizados, jogados dos quilombos às favelas, das favelas às drogas, e isto não é vitimismo, mesmo que haja exceções. Mas, quem manda é sempre a regra, e a regra nos mostra que nos casos de George Floyd nos Estados Unidos e de João Pedro, aqui no Brasil, independente da forma de violência, o corpo negro é sempre o alvo principal, e aqui a bala atirada no escuro é sempre certeira”, analisa.

“O ódio contra o negro, é o ódio contra a possibilidade de uma outra história ser contada, é o ódio que não quer sair do lugar de privilégio, é o ódio que traz as desigualdades sociais, que se torna racismo nos E.U.A. É o ódio do racismo no Brasil, que gera a desigualdade social, o ódio que cria o preconceito racial contra o negro, seja nos Estado Unidos da América ou no Rio de Janeiro. É o ódio que encontra no corpo negro, o lugar de expiação”, conclui Marcos.

Mesmo com a pandemia provocada pelo novo coronavírus, diversas manifestações foram feitas nas ruas do município de Minneapolis, onde centenas de pessoas se reuniram no local do crime com cartazes da campanha “Black Lives Metter”, em tradução livre “Vidas Negras Importam”. Os atos foram registrados durante toda a semana, inclusive no último sábado (30), de forma pacífica em cidades como Los Angeles, Nova York, Chicago e Filadélfia. 

manifestantes protestam conta a morte de Floyd

manifestantes protestam conta a morte de Floyd

foto/reprodução Stephen Maturen

Manifestantes reunidos durante os protestos em Minneapolis, nos Estados Unidos. (Divulgação: Portal Brasil de Fato)

Em meio ao caos, os manifestantes relembram o caso de Eric Garner. O homem morreu ao ser estrangulado por policiais em Nova York em 2014. Garner, repetiu por onze vezes a frase “Não consigo respirar”, frase esta que se tornou uma palavra de ordem do movimento negro contra a violência policial.

video mostra policiais imobilizando Eric

video mostra policiais imobilizando Eric

foto/reprodução Internet

Eric Garner. O homem morreu ao ser estrangulado por policiais em Nova York em 2014. (Divulgação: Portal Brasil de Fato)

No final da tarde desta sexta-feira (29), a senadora do Partido Democratas dos E.U.A, Amy Klobuchar, confirmou a prisão do policial Derek Chauvin, que assassinou George Floyd. Ela disse que ele está sob custódia do Bureau of Criminal Apprehension. Para a senadora, esta prisão é um "primeiro passo". Os outros três policiais envolvidos, não foram incluídos no mandado de prisão. Chauvin, é o homem que aparece nas imagens, ajoelhado sob o pescoço de George Floyd.

A ativista Njimie, reforça que a demissão dos policiais não é suficiente, e que eles devem ser acusados de assassinato. “Existe uma revolta acontecendo nesses dias na cidade de Minneapolis, que atravessa a raça. São pessoas brancas, negras, latinos, atuando juntos para exigir justiça. Os quatro policiais envolvidos foram demitidos, mas queremos que eles sejam processados por assassinato”, exclama Dzurinko.

 


 
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