O livro "As boas mulheres da China" da jornalista chinesa Xinran, foi publicado em 2002 e é feito por histórias de mulheres que, viveram os anos da Revolução Cultural da China nas décadas de 40 a 80. Entre 1989 e 1997, Xinran entrevistou mulheres e sob suas vivências registrou a violência, os medos e as dificuldades. Por essas histórias a jornalista conseguiu identificar as vozes, antes silenciadas pela repressão, e trouxe por meio de um livro reportagem as vidas oprimidas daquelas mulheres.
A Revolução Cultural na China ocorreu entre 1966 e 1976 sob a dominação de Máo Tse Tung, as famílias da época enfrentaram problemas sociais como a fome, o desemprego e a violência. Isso ocorria ao mesmo tempo que uma ditadura na qual não haviam condições de saber o que passava com essas famílias. Tudo era proibido, a cultura, a educação e a ciência também padeceram. O livro de Xinran resgata essas histórias perdidas pelo tempo e mostra uma realidade das mulheres. A jornalista escreveu mais dois livros sobre a China: A grande fome de Mao e As filhas sem nome.
O foco da narrativa é em terceira pessoa, então, o narrador é um observador da história. Em alguns momentos há relatos em primeira pessoa, principalmente quando Xinran se vê ou sente-se tocada pela história, ela mergulha profundamente no relato, como resultado o leitor é levado a uma época e vivência diferentes. Por vezes, o significado de felicidade, liberdade e autonomia é questionado. Famílias oprimidas e opressoras. É um livro devastador que abala as estruturas. Tem todo tipo de abuso, violência e opressão às mulheres. Se o mundo já está difícil agora, pior foi para as boas mulheres da China.