É importante entender que o mulherismo africana é um pensamento afrocêntrico, pois suas teorizadoras iniciais Cleonora Hudson e Nah Dove fazem parte do pensamento chamado de pan africano afrocêntrico, sendo assim, para essas teorizadoras o mulherismo Africana vai pensar como os caminhos de experiência de mulheres mães negras na diáspora, ou seja, fora do continente africano, fazendo com que essas mulheres pensem de qual lugar vão partir para pensar suas realidades de vida, considerando que essas mães são portadoras e disseminadores da cultura.
Então em sua essência o mulherismo olha para experiências femininas diante das opressões ocidentais e procura o que ali pode ser matéria de valor civilizatório, no Brasil temos teorizadores que estudam também outros recortes do mulherismo como Katiúscia Ribeiro, Anin Urasse, Dandara Aziza, Raissa Imani, Ama Mizani muitas outras.
Em entrevista Aza Njeri nos conta que sua pesquisa acadêmica, sua filosofia de vida, está ligada a caminhos de reumanização da população negra, tema que intitula seu artigo final de pós doutorado "Caminhos artísticos e filosóficos de reumanização do negro".
A teorizadora do mulherismo pesquisa quais são as possibilidades diante do estalo de maafa, diante do holocausto do povo preto e quais são as possibilidades de se recuperar humanidade. Pois segundo Aza Njeri “quando a gente vem com essa humanidade recuperada ganhamos fôlego para poder fazer uma mudança paradigmática.”.
Sendo assim, para Aza o Mulherismo Africana é um dos caminho dentre muitos outros caminhos de pesquisa sobre a reumanização do povo preto, ela também explica que em sua concepção o mulherismo Africana não aparece como um rótulo, pois ela está no lugar de teorizadora para o mulherismo, que tem um objetivo maior em relação o processo de reumanização.
Buscando então entender o processo de como nossos ancestrais chegaram às américas, somente com o corpo, a palavra e o conjunto civilizatório ético e estético e como essa tecnologia que está aqui até hoje, e utilizamos essa tecnologia como forma de interação.
Em seus estudos Aza Njeri como mulherista e teorizadora é essa matéria que a interessa do mundo do mulherismo africano, saber que tecnologia é essa, que experiência e essa.
Homem preto no mulherismo Africano
Ao contrário do que se pensa o mulherismo nao passa pano para os homens pretos, na verdade o mulherismo chama esses homens para uma conversa e reflexão. Aza Njeri explica que os homens negros vem para o diálogo enquanto pares, pensando junto com as mulheres diante de todo esse processo civilizatório o que eles acham, como é que eles podem contribuir para fortalecer essa construção. Através das experiências dos desses homens negros, sendo assim a agenda da experiência dos homens negros.
O feminismo e o Mulherismo
Na entrevista com a professora Aza também conversamos sobre o embate do feminismo com mulherismo, devemos pensar sobre objetivos e propostas agência, o feminismo busca a equiparação em relação a uma questão específica, Aza entende que sendo assim que é visível que o feminismo discute uma questão que é a questão da igualdade de gênero em uma sociedade ocidental em um sistema patriarcal, que é a questão de igualdade de gênero dentro de um sistema ocidental opressor patriarcal.
Então o feminismo está dentro desta questão de igualdade das mulheres sendo elas quais forem com senhor do acidente, o mulherismo africana não está está somente para uma questão ele está para um sistema Aza diz que o mulherismo não está discutindo uma igualdade de gênero dentro de um sistema ocidental, queremos que o todo sistema ocidental caia e tudo que tem nele caia também.
A principal diferença entre eles é que o feminismo está muito mais pensando nessa questão legítima de igualdade absoluta de gêneros, enquanto o mulherismo africano está pensando em toda uma questão de supremacia e castração dos corpos negros no sistema ocidental diz Aza
Não há uma competição entre os movimentos, devemos olhar e pensar nas propostas que cada um propõe, cada um com seu objetivo como pode se perceber, aza Njeri dá um exemplos e nos mostra que para o mulherismo africana não há muita possibilidade sentar em pé de igualdade com o destruidor de todo nosso universo. É importante entender a vivência de cada um, pois não há problema que estejam satisfeitas e adequadas dentro da agenda ocidental.
Aza Njeri sugere livros e artigos para entender o Mulherismo e Afrocentricidade
Livros
Afrocentricidade: Uma abordagem epistemológica inovadora - Aurora: Elisa Larkin Nascimento
Duafe: Mãe africanas portadoras da cultura desenvolvedoras das mudanças social - Aurora: Nah Dove
Artigos
Reflexões artístico-filosóficas sobre a humanidade negra
Vamos falar sobre mulherismo africana?
O artivismo afrofuturista em "A Saga de Dandara e Bizum a Caminho de Wakanda"
Mulherismo africana: práticas na diáspora brasileira
Link para conhecer melhor o trabalho e os cursos ministrados pela Aza Njeri