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26/07/2020 às 04h39min - Atualizada em 26/07/2020 às 22h26min

Coworking: conheça a tendência que está ocupando espaço no mercado brasileiro

O modelo é um destaque entre as empresas jovens do mercado pela redução de custos e expansão do networking

Marina Semensato - Editado por Caroline Gonçalves
Imagem: WeWork / Reprodução: Archdaily

Com as possibilidades tecnológicas cada vez mais amplas, o setor empresarial tem presenciado o surgimento de diversos modelos de espaços de trabalho: além dos escritórios tradicionais, os virtuais e até mesmo os caseiros - mais conhecidos como home office - estão sendo adaptados ao funcionamento de companhias ao redor do mundo. Uma das alternativas de espaço de trabalho que está se popularizando entre as empresas mais jovens é o chamado Coworking, modelo de negócio baseado num escritório colaborativo, onde profissionais e instituições de diferentes áreas compartilham o ambiente, os recursos e as despesas do espaço enquanto crescem suas redes de relacionamentos e ideias. 

 

O que é o coworking?

Segundo Henrique Macedo, assessor da Coworking Brasil, o Coworking - ou cotrabalho - pode ser dividido em duas vertentes complementares: a cultural e a de negócios. Enquanto modelo de negócio, os espaços de coworking são os chamados escritórios compartilhados: as estruturas, os recursos e as despesas são de uso colaborativo de todos os seus frequentadores, independente se forem profissionais da mesma instituição ou área de atuação.
 

 “É um local ou empresa que reúne a estrutura necessária para que outras empresas se juntem a eles e desenvolvam seus negócios”, explica o assessor.


 

Enquanto movimento cultural, o Coworking se refere à expansão da rede pessoal e empresarial de networking por meio das diferentes experiências que acontecem no escritório compartilhado. Para Henrique, essa cultura pode ser explicada como o ato de “se aproximar de pessoas que têm vontade de compartilhar conhecimentos, conhecer gente nova e desenvolver projetos em conjunto com uma comunidade mais vibrante e diversificada.”

 

Jaine Oliveira trabalha na área de gestão financeira da empresa R30 Registros, que lida com registros de contratos de financiamento de veículos. Apesar de estar trabalhando em coworking há pouco tempo, Jaine vê no modelo de negócio uma oportunidade de crescer em comunidade, com pessoas diferentes e em áreas diferentes: “Eu adoro o local onde trabalho, adoro trabalhar em coworking, porque proporciona um ambiente mais informal, que faz com que a gente trabalhe com mais entusiasmo, conheça pessoas novas, possibilitando que eu agregue muito mais na minha vida.”

 

Uma história recente no mundo dos negócios 

O termo Coworking foi utilizado pela primeira vez em 1999, por Bernie DeKoven, mas o movimento do trabalho colaborativo - como conhecemos hoje - surgiu nos Estados Unidos, em 2005. O engenheiro de software Brad Neuberg decidiu abrir as portas do seu apartamento para profissionais que não tinham um espaço fixo de trabalho, com a intenção de que o utilizassem como escritório e compartilhassem experiências. Neuberg obteve sucesso e, tempos depois, se reuniu com mais dois amigos e juntos fundaram o escritório Hat Factory, em São Francisco. 

 

A premissa de um local de trabalho onde não apenas os gastos, como também o desenvolvimento de ideias e crescimento profissional seriam compartilhados foi facilmentemaderida por start-ups, empresas e autônomos de todo o mundo: em menos de dois anos do seu surgimento oficial em terras americanas, o Coworking deu as caras no Brasil em 2007, de acordo com o artigo da Desk Coworking. Nesses últimos treze anos, a tendência cresce lentamente no país, que hoje registra cerca de 1497 escritórios espalhados pelos 26 estados e o Distrito Federal, de acordo com o Censo Coworking Brasil 2019. O estudo ainda apontou que a adesão do modelo é mais forte no estado de São Paulo, que possui 663 escritórios registrados, sendo 388 deles na capital. 

 

Mas afinal, como esse espaço funciona? 

Primeiro, é preciso entender que os espaços de coworking não são feitos para uma pessoa ou empresa específica. De acordo com Henrique, todos tem a possibilidade de aproveitar esse mercado, já que os frequentadores podem ser de diversas áreas ou instituições: tanto um freelancer quanto o gerente de uma empresa podem dividir o mesmo espaço, desde que sejam adeptos ao modelo. “Desde o médico que precisa de uma sala pra realizar atendimento, até o chef de cozinha que precisa de um espaço completo, mas não quer abrir mão da economia”, o assessor explica.


 

Quanto à divisão do escritório, geralmente cada espaço possui o seu plano de acordo com a sua capacidade de lotação disponível num determinado horário ou dia da semana. “Outra forma seria o uso por agendamento, onde o coworker preenche o dia que gostaria de utilizar e isso já da uma ideia de como tudo está”, Macedo adiciona. Sobre as despesas, a única que é fixa do coworker (o frequentador) é aquela referente ao plano de uso que ele fez do local - o restante fica a cargo da empresa responsável pelo escritório. 

 

Outro destaque é da burocracia reduzida para o uso desses escritórios, que possibilita o acesso a uma estrutura escalável, fácil de se adaptar ao tamanho da equipe. Segundo Henrique, o modelo pode ser vantajoso para uma empresa jovem, que ingressou recentemente no mercado: Ela [empresa] pode aprender com os mais experientes no mercado dela, e em outros mercados. Ela pode conhecer parceiros de negócios para desenvolver projetos. E acima de tudo, ela tem um leque de possíveis clientes ao redor dela diariamente". Segundo dados do Censo 2018, uma em cada três pessoas já contrataram ou foram contratados por alguém que conheceu no coworking para desenvolver um projeto em conjunto.

 

Ao mesmo tempo em que traz muitas alternativas inovadoras para o mercado de trabalho, o modelo pode não ser tão promissor para alguns profissionais, principalmente aqueles que preferem um local de trabalho com mais privacidade ou sem muitas distrações. Além disso, em termos de horário, um escritório compartilhado pode não ser tão flexível quanto um particular, que permite sua utilização em horários não-comerciais e, em casos de home office, a dispensabilidade do deslocamento. 

 

Novos desafios requerem novas estratégias: o coworking no isolamento social

Com a pandemia do novo coronavírus, as medidas de prevenção levantaram questionamentos que envolveram a cultura coworker: como os escritórios compartilhados podem continuar funcionando, já que o isolamento, ao mesmo tempo que soa como o oposto da sua premissa colaborativa, é a medida mais recomendada pelas autoridades? 

 

Segundo Henrique Macedo, de início, o choque do mercado de coworking com a paralisação dos seus espaços fez com que muitos dos seus adeptos cancelassem seus planos e optassem pelo teletrabalho. Porém, a situação foi se revertendo: com as medidas de segurança, alguns espaços voltaram a funcionar com a capacidade reduzida e horários mais rígidos. No trabalho de Jaine, por exemplo, além das adaptações nos horários, os itens de proteção individual são requisitos da empresa, sem esquecer da ventilação do local e distanciamento dos integrantes.

 

Além de recomendar aos escritórios que se adaptem às medidas de segurança da OMS, o assessor da Coworking Brasil também sugere o uso da criatividade para a manutenção da cultura comunitária do coworking por outras formas, sejam elas “conferências virtuais, um grupo pra todos se entrosarem ou até mesmo um happy hour virtual, o que vale é a criatividade”.


Referências: 
DeskCoworking - Panorama do Coworking no Brasil - Disponível em: www.deskcoworking.com.br/o-panorama-do-coworking-no-brasil/#:~:text=O%20coworking%20surgiu%20no%20Brasil,forte%20tend%C3%AAncia%20da%20economia%20colaborativa - Acesso em 23 Jul.2020
Coworking Brasil - Censo 2019 - Disponível em: coworkingbrasil.org/censo/2019/ - Acesso em 23 Jul.2020
Coworking Brasil - Censo 2018 - Disponível em: coworkingbrasil.org/censo/2018/ - Acesso em 23 Jul.2020

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