Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
11/08/2020 às 15h09min - Atualizada em 11/08/2020 às 14h43min

Tradição e emoção: a Ponte Preta comemora 120 anos de história

O time de Campinas é considerado o mais antigo do estado de São Paulo e o segundo mais antigo do Brasil

Anna Voloch
Queima de fogos realizada em frente ao Estádio Moisés Lucarelli à meia noite. (Foto: Reprodução/PontePress)
Há 120 anos atrás, em 11 de agosto de 1900, nascia a Associação Atlética Ponte Preta. A primeira equipe de futebol do Brasil em funcionamento ininterrupto foi fundada em Campinas, interior de São Paulo, por um grupo de estudantes de um colégio da cidade. O clube, com a famosa Macaca como mascote,  tornou-se um dos grandes clubes do futebol nacional e revelou grandes nomes como Carlos, Dicá e Luís Fabiano.
 
Atualmente, a Ponte Preta disputa a Série B do Campeonato Brasileiro e ficou entre os quatro melhores clubes do Campeonato Paulista. Durante seus 120 anos de história, a Macaca passou por altos e baixos, sempre com o apoio de uma torcida apaixonada e de jogadores que honraram a camisa preta e branca com a tradicional faixa diagonal.
 
HISTÓRIA E TORCIDA
 
O grupo de amigos responsável pela fundação da Ponte Preta gostava de jogar bola em campos improvisados no bairro que levava o mesmo nome do clube: originado de uma ponte de madeira construída na região, pintada com piche para que ficasse conservada, logo tendo a cor preta. Além da criação partida do povo, a Macaca também teve outra participação popular muito importante na sua história. Em 1948 era inaugurado o Estádio Moisés Lucarelli, o tão sonhado estádio próprio de futebol da Ponte Preta, construído pela própria torcida pontepretana e idealizado pelo patrono Moyses Lucarelli, que foi homenageado ao ter o estádio batizado com seu nome.
 
Ao longo de seus anos de história, a Ponte foi um dos destaques do interior paulista ao realizar grandes campanhas a níveis estaduais, nacionais e internacionais. A Macaca, apesar de não ter conquistado títulos de “expressão”, orgulhou sua torcida ao chegar em sete finais do Campeonato Paulista, alcançar o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro com o grande time de 1981 e obter a terceira melhor campanha da Copa do Brasil de 2001. Além de dois vice-campeonatos da Série B e o tão importante vice-campeonato na Copa Sul-Americana, em 2013, sendo o primeiro e único time do interior paulista a chegar na final da competição.
 
A torcida, presente desde a construção do estádio conhecido como Majestoso, nunca abandonou o clube. Sempre presente nos jogos, em casa, do outro lado do país ou até mesmo na Argentina. Os torcedores são os maiores responsáveis por embalar a Macaca Querida, independente dos momentos difíceis ou das finais perdidas. Os títulos, sempre tão comentados, apesar de desejados nunca foram uma preocupação para o torcedor alvinegro. Os 120 anos de existência do clube provam que não é somente torcer, é viver e sentir a emoção de ser pontepretano.
 

Mosaico feito pelos torcedores na final da Copa Sul-Americana, em 2013, no Estádio do Pacaembu. (Foto: Reprodução/Gabriel Uchida/FotoTorcida)
 
PRIMEIRA DEMOCRACIA RACIAL DO BRASIL
 

A Ponte Preta sempre se orgulhou de ter sido o primeiro clube do Brasil a ter um jogador negro no time profissional. Miguel do Carmo, nascido em 1885, três anos antes da abolição da escravatura, trabalhava na Companhia Paulista de Estradas de Ferro, em Campinas. Integrou o time como jogador após sua fundação. Miguel jogou pela Macaca até 1904, antes de ser transferido. Sendo assim, foi o primeiro atleta negro a jogar por um clube brasileiro em um esporte que, até então, era marcado pela elite branca no país.
 
Hoje, o clube faz questão de lembrar suas origens na luta contra o racismo, dentro e fora do futebol, ainda comum no Brasil. A Macaca continua a revolucionar:  o atual presidente, Sebastião Arcanjo, é o único presidente negro dentre as 40 equipes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro. Em matéria sobre o dia da Consciência Negra de 2019 publicada no site oficial do clube, foi declarado que
 "a Ponte Preta inclusive já requisitou junto à Fifa o reconhecimento internacional por ter sido o primeiro time de futebol do mundo a aplicar o conceito de democracia racial. Mais ainda, a Ponte abraçou esta democracia em suas mais profundas raízes, a ponto de ter transformado preconceito em honra".

O presidente alvinegro ainda ressaltou a importância desses 120 anos tanto para a história do clube quanto para a da luta pela igualdade no futebol brasileiro.

 
“A Ponte Preta é um time formado pelo povo, por pessoas que não tinham poder aquisitivo e enfrentaram muita dificuldade. Desde o início, no ano de 1900, tinha negros e brancos na diretoria e no elenco. Esse processo de inclusão, essa democracia racial no futebol é o grande elemento que permite ter perenidade ao longo desses 120 anos. Logo nas primeiras décadas do clube, quando pejorativamente começaram a chamar nossa torcida de macaca, macacos - por serem de uma maioria operária, pobre, negra - abraçamos o apelido e o transformamos em um símbolo, uma causa. Daí vem a nossa origem, nosso DNA, resistência. É esse processo histórico que nos orgulha por estarmos liderando hoje essa instituição que é muito mais do que um time: é um amor que não se explica. Somos frutos de uma paixão e de uma história sem igual, somos Ponte Preta”, declarou.

Confira o vídeo comemorativo de aniversário publicado no canal da Ponte Preta no Youtube:


(Fonte: Reprodução/PONTV)
Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »