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08/09/2020 às 14h24min - Atualizada em 08/09/2020 às 14h15min

​ Jorge Amado – de aluno fujão a best-seller

Obras do escritor baiano foram traduzidas para mais de 56 países e 48 idiomas

Talyta Brito - labdicasjornalismo.com
Reprodução - Editora Todavia
O imenso muro – que pressupõem haver em todo colégio interno - não foi capaz de detê-lo, muito menos as consequências que aquela infração o trariam. Era 1924 e na época o menino Jorge, com apenas 12 anos, capou o gato – como costuma-se dizer na Bahia – para Itaporanga - SE, onde vivia seu avô materno. Mal sabia aquele aluno fujão que anos mais tarde suas obras se tornariam leituras obrigatórias nas escolas de todo o país.

Na verdade, quem descobriu sua vocação para escritor foi o Padre Cabral, seu professor, após ler uma redação intitulada “ O mar”. Jorge Leal Amado de Faria, nasceu em Ferradas, distrito de Itabuna- Ba, no dia 10 de agosto de 1912. Ao longo dos anos consolidou-se como o escritor brasileiro mais conhecido no exterior. Seus livros foram adaptados para a televisão e cinema, além de serem traduzidos para 56 países e 48 idiomas.

Sua obra é dividida em duas fases: a de denúncia social (Cacau, Capitães da Areia) e personagens populares (Gabriela - Cravo e canela, Tieta do Agreste e Tereza batista cansada de guerra). Elencamos a seguir algumas curiosidades sobre a vida do escritor.

 Colecionador de miniaturas
Jorge era um amante de miniaturas, sempre que viajava trazia alguma lembrança daquele lugar para integrar a sua coleção. Boa parte dos objetos de cerâmica que Jorge comprou ao longo da vida estão expostas na Casa do Rio Vermelho, em salvador - sua residência por cerca de 40 anos. Depois de sua morte, a casa foi aberta à visitação.  
 
Livro queimado em praça pública  
Capitães da Areia – livro que narra o dia a dia de meninos em situação de rua residentes em Salvador -  obra mais famosa do escritor, foi queimada em Praça Pública por ordem de Getúlio Vargas. O ato aconteceu em novembro de 1937 e estima-se que foram destruídos cerca de 1,8 mil exemplares de livros considerados simpatizantes do Comunismo.


Amizade com Saramago
Há quem diga que existe rivalidade entre escritores. Se é verdade ou não, não se tem como provar, mas Jorge Amado e o português José Saramago provaram que dá para cultivar a amizade mesmo sendo colegas de profissão. A companhia das Letras reuniu no livro “ Com o mar por meio – uma amizade em cartas”, as correspondências trocadas entre eles e suas esposas durantes anos. Os assuntos eram os mais variados possíveis e chegavam até a gracejos de quem seria o próximo a ser contemplado com o Nobel de Literatura.

 A Música “ É doce morre no mar” de Dorival Caymmi é inspirada no livro “Mar Morto”

O compositor baiano, Dorival Caymmi inspirou –se no livro “ Mar Morto” – narrativa que descreve o dia a dia dos marinheiros e a vida no cais – para compor a música “ É doce morrer no mar”. Ele também foi responsável por produzir as trilhas sonoras de algumas obras adaptadas de Jorge para o teatro (Terra do sem Fim) e minissérie (Vamos falar de Teresa).

Jorge era um narrador observador
Durante entrevista ao Programa “Gente de Expressão” (Rede Manchete) apresentado por Bruna Lombardi, Jorge foi questionado sobre o  processo de criação de suas obras. Embora tenha conhecido muitos países o pano de fundo das suas histórias era regional e se concentravam em dois núcleos: a zona cacaueira e a cidade da Bahia. O escritor declarou que: “ eu não sou capaz de escrever alguma coisa de criação [...] na qual eu não tenha conhecimento vivido”.

 
 
 
 

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