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23/09/2020 às 01h31min - Atualizada em 23/09/2020 às 01h27min

O arroz é popular, o agro tá mais pra pop

Preço de um dos alimentos mais populares do país não sai da boca do povo

Junio Silva - Editado por Bruna Araújo
Nas bandas onde vivem aqueles que precisam fazer mágica pra sobreviver, sem ver o nome ficando sujo no fim do mês, o assunto não é outro: o preço do arroz tá assustando mais que agiota cobrando um empréstimo.

Mas não podia ser diferente no país que voltou para o mapa da fome. São 10,3 milhões de pessoas sem ter o que comer, como mostraram os dados recentes da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada pelo IBGE.

Era mais um dos vários Silvas do país, com idade de aposentadoria, mas que vivia de bicos como pedreiro para sustentar a casa, mas o assunto era o mesmo.

Com a sabedoria de um experiente pai de família que sabe como as coisas funcionam porque dói em seu bolso, tinha um número surpreendente. Um menino novo, hoje em dia, tá comendo quase 4 quilos de arroz por mês.

Saber a verdade ou não desse calculo de custo fica na conta dos pesquisadores e estudiosos.

O que dava pra ter certeza era que aquele homem ia precisar fazer muito mais massa de reboco, bater nível de parede, assentar tijolo e todos os outros serviços que não deixa escapar quando pinta, para que não faltasse a sustança na mesa.

Mundo engraçado.

Enquanto alguns gastam dinheiro para fazer dietas que rendem ótimas fotos para as redes sociais e um corpo ideal para o verão, outros contam as moedas pra não ficar de barriga vazia.

O assunto não sai da boca do povo, porque afeta diretamente sua vida. Mexer com um dos alimentos mais consumidos no país, que é mais que um acompanhamento em muitas mesas, é de fazer a cuca esquentar.

Parecem até dois mundos.

Enquanto o pobre faz cada vez mais parte dos mais de 12 milhões de desempregados, o empresário rural fica na lista do único setor da economia que cresceu desde que o país pisou no freio por conta da pandemia.

Uma questão de lógica, afinal, com 1 dólar valendo R$ 5,47, tem gente faturando muito aí com as exportações. Aí a quantidade de arroz daqui acaba diminuindo, na hora onde seu consumo aumentou com pessoas cada vez mais em casa.

O arroz é popular, o agro tá mais pra pop.

Mas isso é história pra boi dormir na cabeça de quem dorme e acorda pensando nas contas, em fazer a feira do mês e não faltar nada pra família.

Não deu pra saber direito sobre aquela história de uma criança comer 4 quilos de arroz por mês. Silva não fazia parte dos que enxergavam a situação como uma forma de reduzir o carboidrato.

Pelo contrário. Agora, com esse preço, ia precisava ser o mais rápido possível pra terminar um serviço e procurar um outro se não quisesse comer duas colchas de arroz ao invés de três.
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