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27/09/2020 às 14h37min - Atualizada em 27/09/2020 às 14h26min

Mês da luta pela inclusão: a importância dos esportes adaptados

Em entrevista ao Lab Dicas Jornalismo, os paratletas Israel Stroh e Mateus Moreira falam sobre a inclusão das pessoas com deficiência no esporte

Anna Voloch - Editado por Paulo Octávio
Israel Stroh, medalhista de prata nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. (Foto: Reprodução/Alexandre Urch/MPIX/CPB)
No mês de setembro, comemora-se o Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência. Dessa forma, os esportes adaptados são uma peça fundamental na luta dessas pessoas por inclusão, pois os diversos aparelhos ou locais utilizados são adequados de acordo com as diversas necessidades, dando a oportunidade dessas pessoas de praticarem, competirem e viverem do esporte, assim como as pessoas sem deficiência.
 
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quase 25% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. O esporte adaptado, principalmente através do Movimento Paralímpico, foi a forma encontrada para que essas pessoas se sentissem representadas e a prática de exercícios físicos fosse democratizada, compreendendo todas as deficiências e as mais diversas modalidades esportivas, como Natação, Tênis de Mesa, Halterofilismo, Atletismo, Basquete, Futebol, entre outras.
 
Dessa forma, a inclusão das pessoas com deficiência no ambiente esportivo ocorre em grande parte através dos esportes adaptados. Segundo o mesatenista paralímpico Israel Stroh, medalhista de prata nas Paralimpíadas de 2016, o esporte paralímpico é naturalmente inclusivo, pois há uma competição com as novas referências físicas, tornando a disputa equilibrada. Ou seja, nos esportes adaptados todos os competidores têm a oportunidade de vencer ou perder. Contudo, para Mateus Moreira, paratleta de halterofilismo, ainda há o que melhorar, pois existem esportes nos quais certas deficiências são ilegíveis.
 
Para que o esporte seja um ambiente que inclua e represente totalmente as pessoas com deficiência, é fundamental que as crianças com deficiência sejam incentivadas desde cedo. Mateus, que pratica esportes desde à infância, ressalta a importância do incentivo nessa fase, apesar de não ser algo muito comum no Brasil. Israel, apesar de ter descoberto sua deficiência depois de adulto, também destacou o quanto essa etapa é importante, tanto para estimular quanto para que a criança aprenda a se adaptar à sua deficiência, entendendo que pode ser independente, viver e fazer o que quiser.
 
“Quando a criança compete contra pessoas mais fortes que ela fisicamente falando, o desejo de parar acaba vindo mais cedo, acaba desestimulando a criança mais cedo. Quando há um movimento paralímpico, a criança com deficiência vê que não vai necessariamente perder, que pode haver a competição”, pontuou o medalhista paralímpico.
 
Além do incentivo às crianças, é necessário também combater qualquer tipo de preconceito. O capacitismo, nome dado a opressão e discriminação contra pessoas com deficiência, existe também no esporte, principalmente em relação à independência dos atletas e à “superação” apenas por estarem praticando e competindo em alguma modalidade. Mateus relata passar por isso com frequência: “Sempre que me veem treinando e/ou competindo falam que eu sou um exemplo de superação, inspiração”. Para ele, a melhor forma de combater isso é explicando às pessoas sem deficiência que aquelas com deficiência também vivem de forma igual.
 

Mateus Moreira competindo no 
Circuito Brasil Loterias Caixa, em 2019. (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
 
Israel, entretanto, acredita que apesar de problemático, esse tipo de pensamento pode ajudar a abrir portas para que as pessoas busquem conhecer o Movimento Paralímpico. “Eu acho que o movimento cria essa mensagem de que questões podem ser superadas. Tem quem reclame, mas eu estou do outro lado”, declarou. Para o mesatenista, esta pode ser uma conversa inicial, da qual podem surgir outras e um aprofundamento maior das pessoas de fora sobre o assunto, consequentemente mudando esse pensamento.
 

Israel Stroh competindo nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, onde ganhou uma medalha de prata. (Foto: Reprodução/
Alexandre Urch/MPIX/CPB)

Outra questão que entra em discussão quando se trata de esportes adaptados é falta de divulgação e de conhecimento das pessoas. No Brasil, ouve-se falar das modalidades apenas em anos de Paralimpíadas. Para Stroh, isso ocorre porque este é o único evento atrativo da área. O paratleta ainda completa dizendo que o ideal seria uma maior dedicação dos departamentos de marketing em realizar mais eventos que atraiam a atenção do público e da mídia, para que a divulgação venha por consequência. Como alternativa, atualmente existem sites como o Paradesportivo, que buscam contribuir com a divulgação de eventos, entrevistas com os paratletas e cobertura de competições.
 
Além do engajamento das confederações e dos paratletas, as pessoas sem deficiência também podem colaborar com a causa. Como pais, tutores, professores e responsáveis, a contribuição deve vir através de conhecer e entender a existência do Movimento Paralímpico e os benefícios diversos de recuperação, socialização e inclusão que essa ferramenta pode trazer. Como espectadores, pessoas sem deficiência podem apoiar ao seguir atletas com deficiência, mostrando e normalizando a prática das modalidades adaptadas e não colocar dificuldades. Também é importante buscar aprender sobre capacitismo, combater o preconceito e principalmente lembrar que a luta pela inclusão vai além do mês de setembro.
 
SIGA ATLETAS COM DEFICIÊNCIA!
 
Os entrevistados nessa matéria e o site mencionado estão ativos no Instagram:
 
Israel Stroh: @israelstroh
Mateus Moreira: @moreirapcd
Site Paradesportivo: @paradesportivohttps://paradesportivo.com.br

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