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16/10/2020 às 18h45min - Atualizada em 16/10/2020 às 18h36min

Horário eleitoral segue perdendo relevância

A propaganda eleitoral gratuita também vem perdendo espaço na grade televisional, em 2010 ocupava 50 minutos do tempo televisivo, hoje ocupa apenas 20 minutos

Gustavo Cardozo Moraes - Editado por Ana Paula Cardoso
Imagem ilustrativa sobre o horário eleitoral Foto: "Reprodução/Ricmais.com.br"
As eleições de 2018 foram um marco para a política brasileira. Até então, era quase impossível um candidato vencer as eleições com pouco tempo de propaganda na televisão. Mas, com grande apelo nas redes sociais e tendo um público fiel, Jair Bolsonaro, chegou a presidência do Brasil. O atual presidente tinha apenas nove segundos de TV na campanha eleitoral de 2018.

O grande questionamento está na relevância que o horário político tem no cenário atual. O crescimento da informação na internet e a expansão das redes sociais, colaboram muito para essa mudança. Ainda em relação as eleições de 2018, mostra justamente essa modificação no comportamento. O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, teve direito de cinco minutos e 32 segundos na telinha. Porém, o tucano não chegou nem ao segundo turno e terminou as eleições como quarto colocado, com 4,76% dos votos. Em entrevista para o podcast “Café da Manhã”, da Folha de São Paulo, Maurício Moura, fundador da IDEIA Big Data, diz que: “ A super exposição de um político, de um partido tradicional, em um momento de sentimento antipolítico muito forte, pode produzir o efeito reverso e isso se materializou nas campanhas que tiveram em 2018, tanto nas presidenciais, quanto na estaduais.”

Outro claro exemplo da queda de influência ocorreu no estado do Rio de Janeiro. O ex-governador, Wilson Witzel, venceu a corrida eleitoral com 27 segundos de propaganda. Enquanto seu principal concorrente, Eduardo Paes, teve três minutos e 43 segundos. Em Minas Gerais, também ocorreu de forma parecida, o governador, Romeu Zema, venceu as eleições em MG. Ele faz parte do partido Novo, eles não possuiam tanto espaço na propaganda eleitoral. O governador foi eleito com mais de 70% dos votos no segundo turno.

É uma tendência as propagandas eleitorais digitais ganharem mais espaço. O fator pandemia é o principal aspecto, pois, as campanhas estão sendo feitas de forma remota. Ainda na entrevista para o Café da Manhã, Moura alegou: “A tendência de continuidade nessa eleição de 2020 é muito maior que em 2018, porque não existe mais essa narrativa de antissistema, a eleição local passa muito mais para o ambiente digital e a gente tem um grau de continuidade em função do fortalecimento da imagem dos prefeitos e prefeitas”.

Com o aumento expressivo de conteúdos políticos nas redes sociais, o número de publicações falsas e fake news também subiram de forma absurda. O crescimento da desinformação também ocorre com essa “democratização do conteúdo”. O Tribunal Superior Eleitoral  (TSE), está com uma campanha contra a desinformação, a frases principal que a ação carrega é “Se for fake news não transmita”.

Fora a campanha do TSE, algumas outras medidas estão sendo tomadas para esse novo panorama. Um exemplo é o Comprova, projeto entre vários veículos de comunicação, coordenado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com intuito de verificar a veracidade de informações divulgadas nas redes sociais e na internet em geral. “Se gasta muito mais tempo e recurso do eleitor, dos candidatos e da imprensa discutindo desinformação e fake news. Isso tem um custo elevado para a democracia, porque a gente está gastando um tempo que era para se debater propostas, projetos para a cidade e utilizamos ele para identificar, negar e denunciar fake news", disse o fundador do big data, Maurício Moura, no Café da Manhã.

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