18/10/2020 às 21h35min - Atualizada em 18/10/2020 às 21h23min
A literatura forma leitores de mundo
O impacto da literatura no cotidiano das crianças e possivelmente uma imenente e proeminente sociedade
Dayanne Borges - Editado por Bruna Araújo
Paulo Freire, pensador exponencial da Pedagogia, por meio da sua extensa bibliografia, afirmou que a leitura de mundo é diferente da leitura da palavra. Ele sempre se opôs à alfabetização mecânica e defendeu o conhecimento prévio de mundo para uma leitura efetiva.
A leitura é substâncial para a educação seja conteúdista, seja social. O ato de ler traz inúmeros benefícios, como, a formação do senso crítico, a desenvoltura para a argumentação e a incoporação da norma padrão do português.
Para as crianças, essa benesse também acontece, mesmo que ela ainda não seja alfabetizada, por exemplo, quando um adulto lê para uma criança é proporcionada uma ligação entre ambos, além disso, a leitura pode melhorar a concentração e a comunicação do infantil.
A pesquisa Retratos da Leitura mostrou que no Brasil o número de leitores no geral caiu, entretanto, as crianças estão lendo mais, sobretudo as que se encontram na faixa etária de 5 a 10 anos. O que pode ser associado com os investimentos das editoras voltados para esse público.
Editoras como a Companhia das Letrinhas possui um volumoso acervo de leitura para crianças, muito relevante e de cunho social. ''Amoras'' do Rapper Emicida é uma obra que aborda, de forma lúdica, a importância do reconhecimento da ancestralidade. O tema gênero também é destacado em "Princesa Kevin'' de Roland Garrigue, Lígia Ulian e Michael Escoffier.
Ademais, um clássico da sociologia foi tornado acessível para as crianças, com a adaptação da editora Boitempo, ''O Capital'' de Karl Marx para '' O Capital para as crianças'' é possível apresentá-los a reflexão da luta de classes. A partir de ''Malala, a menina que queria ir para a escola'' a jornalista Adriana Carranca se propõe a difundir a história densa e necessária da Malala para as crianças.
Dessa forma, lendo esses temas, as crianças estão lendo o mundo e conhecendo as demandas sociais. Assim, fica o prenúncio de uma sociedade mais crítica, engajada e humana, capaz de viver em corpo social com a característica do diálogo.