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13/02/2021 às 14h22min - Atualizada em 13/02/2021 às 13h36min

Saiba mais sobre o Centrão e a política brasileira

Adesismo aos governos da vez, conveniência e “toma lá dá cá" ajudam a entender o bloco informal de partidos

Carlos Aquino - Editado por Ana Paula Cardoso
Arthur Lira (PP - AL), o novo presidente da Câmara (Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

Nas semanas que antecederam as eleições no Congresso, a aproximação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dos partidos ligados ao Centrão ganhou grande repercussão. Com a vitória de seus dois candidatos, Arthur Lira (PP - AL) na Câmara dos Deputados e Rodrigo Pacheco (DEM - MG) no Senado, o governo espera a tramitação de pautas importantes para o resto da gestão.

O êxito nas disputas para o legislativo se deve, em grande parte, às articulações com os parlamentares do Centrão ou ligados a ele. Esse grupo é conhecido por negociar apoio aos governos em troca de recursos e cargos nos mais variados escalões, mas também depende do contexto político e social, visto que a atuação desse grupo foi muito importante para o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016.

 

Surgimento

A história do Centrão tem início na segunda metade da década de 1980, quando ocorria no Brasil a Assembleia Nacional Constituinte. Naquele momento, partidos remanescentes da Arena, e alguns parlamentares da direita tradicional, se uniram para reagir às medidas progressistas e defender temas de seus interesses. Nesse contexto, se tornou marcante a frase do então deputado Roberto Cardoso Alves (PMDB - SP), que afirmou que “é dando que se recebe”.

Essa filosofia se manteve constante ao longo dos próximos governos e sua composição foi se modificando, “mas o núcleo duro se manteve e outros partidos novos entram no final dos anos 90 e início dos anos 2000”, comenta a cientista política e professora da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Maria do Socorro Sousa Braga .

Mudanças eleitorais

Com rearranjos e estruturações, hoje o Centrão conta com alguns partidos considerados pequenos dada a fragmentação comum das direitas. Esse cenário entra em contraste com medidas que visam diminuir o número de partidos no país para melhorar o sistema representativo.

As mudanças que se destacam são a proibição das coligações partidárias nas eleições proporcionais e a instauração da cláusula de impedimento para os partidos que não alcançarem determinada porcentagem de votos para o Congresso. “Com as mudanças nas regras do jogo, a tendência é que os partidos pequenos ou nanicos se fundam com outros, ou seus parlamentares busquem partidos maiores”, afirma Braga.

Cabine de votação em Brasília. (Antonio Cruz/Agência Brasil)
 

Desempenho 

Nas eleições municipais de 2020, os partidos registraram grande crescimento no número de prefeituras em comparação com os resultados de pleitos anteriores. Entre os mais vitoriosos estão o Progressistas (PP), de Arthur Lira, com 685 prefeitos eleitos e o Partido Social Democrático (PSD) com 655.

Os mais tradicionais da política brasileira, em comparação, tiveram um resultado pior. O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) continua com o maior número de prefeitos eleitos, mas diminuiu de 1.084 em 2016 para 784 em 2020. Já o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) perdeu 279 prefeituras de uma eleição para outra.

 

Expectativas

Com a eleição de Lira e Pacheco para as presidências do legislativo, o governo Bolsonaro conta com o ritmo das casas mais alinhado às pautas do governo e para Maria, "eles vão focar muito mais nas pautas econômicas e nas questões de saúde, como a pandemia. Porque aí uma coisa está relacionada com a outra, como o auxílio emergencial."

Sessão Solene na Câmara com a presença do Presidente da República, Jair Bolsonaro, Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM - MG) e Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP - AL) (Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

A expectativa nesse início é a aprovação de pautas como o orçamento da União e a PEC emergencial, para posteriormente entrar em discussão as reformas que o governo planeja realizar. Há também o compromisso com o combate ao coronavírus e a disponibilização de vacinas para todo o país.


 

REFERÊNCIAS:

 

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Emenda Constitucional Nº 97. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc97.htm > Acesso em 12 de fevereiro de 2021.


TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Repositório de dados eleitorais. Disponível em: <https://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/repositorio-de-dados-eleitorais-1/repositorio-de-dados-eleitorais> Acesso em 12 de fevereiro de 2021.

 

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