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21/02/2021 às 22h49min - Atualizada em 21/02/2021 às 22h07min

A MPB TRANSCENDENTAL

Beatriz Meneses - Revisado por Mário Cypriano
Os Tropicalistas e a banda Lamparina e A primavera / Montagem: Beatriz Meneses
Em meados dos anos 60, durante a ditadura militar, ocorre a estabilização da nomenclatura "MPB" como gênero musical da cultura brasileira, sendo fundamentada pelos movimentos de ruptura ao tradicionalismo, como: a bossa-nova, jovem guarda e o tropicalismoDo axé ao sertanejo, do samba ao xote, do violão de nylon do João Gilberto ao atabaque das rodas de capoeira nasce a MPB (Música Popular Brasileira), filha do movimento bossa-nova e do ecletismo tupiniquim.

O gênero moderno trouxe a fusão da brasilidade com o rock, jazz, soul e diversos estilos, provando que a nossa música sofre mutações a todo instante. A sofisticação e o regionalismo de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Milton Nascimento, entre outros cantores sessentistas e setentistas, foram essenciais na trajetória do estilo musical.

Atualmente, novos artistas e novos sons são incorporados ao gênero, representando a “Nova MPB”. A expressão “nova” adquiriu o caráter de atualização, cujo sentido tem a ver com o tempo, podendo ser entendida de diversos aspectos a depender do intérprete.

Então, será que realmente existe uma “Nova MPB”?
 

O doutorando em Música Thiago de Souza considera a MPB “menos colonizada” e diz que a sua fala não é negativa, pois o gênero tinha muita preocupação com as questões sociais do Brasil. Precisamente, ele define a “Nova MPB” como um estilo antropofágico que se alimenta de questões contemporâneas. O artista Cotô Delamarque, da banda Lamparina e A Primavera, traz sua visão um pouco conflitante ao dizer que não sabe se existe uma nova música popular brasileira. Delamarque interpreta a música atual como um reflexo do que já ocorreu onde muitas pessoas querem fazer o novo.

Trazer a expressão do seu tempo para as obras é um desafio que todo artista enfrenta. O conceito da novidade é mutável, porque o que é novo hoje, amanhã não é mais. Cotô Delamarque afirma que só é considerado inovador o que o público quer ouvir, pois se ninguém ouve, o som é considerado ruim. O artista também diz que suas letras têm a preocupação de respeitar o público, e consequentemente fazer com que as pessoas se identifiquem. Será que o respeito é um dos segredos da inovação?!
 

Derramarei
Tu vais me achar
Que esse povo é raso, amor
Que esse povo é raso, amor
Vem, vem, vem
Que eu tô facin', facin' demais
Que eu tô facin', facin' demais


O trecho acima é da música  “Não me entrego pros caretas” da banda belorizontina Lamparina e A primavera, escrita por Cotô Delamarque e seu irmão, Calvin Delamarque. A letra da música combate o clichê dos apaixonados, apresentando uma outra visão do amor, trazendo consigo um refrão que gruda na mente, através uma combinação de estilos musicais, deixando-a mais dançante.

A liberdade do gênero MPB ao mesclar estilos vem desde a década de 70. Caetano Veloso em uma das suas músicas do disco Transa, de 1972, traz a mistura de instrumentos da capoeira, afoxé e sertanejo. Lamparina e A primavera mesclam os ritmos e se apropriam do eletrônico
em suas canções. A música e a tecnologia estão interligadas e Cotô afirma que o eletrônico já está intrínseco na cena atual e que não pode negar e sim “entrar e ver a beleza que tem”.
 
A mistura de ritmos e letras encantadoras da MPB é o retrato da colonização brasileira, que com a arte conseguem afirmar cada vez mais que a diferença é a perfeição. A MPB transcende a cada dia e, sendo “nova” ou “velha”, continua cada vez mais viva. 

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