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26/02/2021 às 14h03min - Atualizada em 26/02/2021 às 13h47min

Homeschooling: A educação entre dois mundos

O ensino domiciliar foi oficializado em fevereiro de 2021, mas, surgiram muitas dúvidas sobre essa prática, inclusive sobre sua eficácia no ensino

Jennifer Valverde - Editado por Roanna Nunes
unsplah.com

A educação familiar, também conhecida por Homeschooling, ainda é um tabu para muitas pessoas. Este método ganhou mais espaço para discussão no Brasil no ano passado devido após sua liberação no Distrito Federal no dia 16 de dezembro de 2020, ainda assim, somente em fevereiro de 2021 começou a ser utilizado. 
 

Homeschooling é um método de educação onde a criança é ensinada dentro de sua própria casa, os pais podem ser seus tutores ou um professor particular. Essa prática por mais que pareça nova para a maioria das pessoas, é muito antiga e existe por séculos sendo fundamentada em alguns países. Entretanto, para alguns outros é caracterizada como crime, como é o caso da Alemanha e da Suécia. 

 

Os adeptos expõem que esse modelo de educação vai além do ensino escolar, pois os alunos se desenvolvem a partir de metodologias e práticas próprias de estudo. Para muitas famílias este método é agradável, porque além de evitar transtornos como o bullying, os pais ou tutores modelam a educação intelectual de seus filhos. 

 

Segundo a Associação Nacional de Educação Domiciliar (ANED) cerca de 7.500 famílias praticam esse tipo de ensino e existem em torno de 15.000 estudantes de 4 a 17 anos recebendo educação domiciliar nas 27 unidades da Federação, o que apresenta uma taxa de crescimento de 55% ao ano.

 

Houve também um aumento significativo de perfis em redes sociais (principalmente em questão da pandemia), onde pais e tutores apresentam sua rotina como educadores domiciliares e auxiliam outras pessoas que querem saber mais sobre o movimento e possivelmente praticá-lo. As famílias que optam por esse modelo relatam insatisfação com o ensino regular brasileiro, pois identificam falta de expansão e aprimoramento no nível intelectual das crianças e jovens, o que pode gerar um ensino defasado e muitas vezes raso. Elas acreditam que ao praticar esse método de estudo, trarão aos seus filhos uma visão mais aprofundada do mundo e eles entenderão com praticidade sobre todas as dificuldades e deslumbres que aquela criança apresenta ao começar a compreender a sociedade.

 

Ainda assim, existe uma série de problemáticas que são discutidas em torno desse tipo de educação.

 

O que ninguém vê fora da escola

 

Segundo dados do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, foram registradas 26.416 denúncias pelo canal ‘Disque 100’, entre março e junho de 2020, envolvendo violência contra crianças e adolescentes, o que representou uma queda de 12% em comparação com o mesmo período do ano de 2019. Isso se dá pelo afastamento das crianças do ambiente escolar, dificultando a comunicação e o relato de possíveis abusos aos docentes e toda estrutura educacional. Segundo Ariel Castro, advogado especialista em direitos da infância e juventude, numa entrevista para o G1, o afastamento obrigatório das crianças do amiente escolar por conta da pandemia pode ter gerado uma diminuição das denúncias. 
 


 

“A subnotificação das denúncias acaba sendo um efeito colateral do isolamento social e da suspensão de aulas para conter as contaminações por Covid-19. A maioria dos casos são descobertos por meio das escolas, mas os educadores e cuidadores de creches costumam se preservar e fazer denúncia anonimamente no 'Disque 100' ou nos Conselhos Tutelares. As denúncias são em sua maioria de negligência, além dos casos de violência física, psicológica e sexual”, diz.

 

Este fato gera uma preocupação em torno do ensino domiciliar devido a falta de comunicação diária na escola. Outro ponto destacado é a falta de conhecimento de mundo, que para alguns não será passado de forma democrática como se é transmitido dentro das escolas. 

 

Entretanto, o governo ressalta que para fazer parte desse método de ensino os pais ou tutores deverão comprovar a capacidade técnica para a transmissão de conhecimento de acordo com a Secretária de Educação. Também deverá ter o aval de um assistente social, um pedagogo e um psicólogo. Além disto, receberão acompanhamento do conselho tutelar e serão proibidos a esse tipo de educação os pais ou responsáveis legais que tenham algum antecedente criminal. 

Desta forma, é reforçado o que enfatiza o livro 'Educação clássica e educação domiciliar' sobre a questão da necessidade de conhecimento prévio dos pais, para que estes estejam capacitados para ensinar de forma ampla e democrática:

 

"Os pais que não leem, não estão preparados para fornecer a educação clássica [...] aos seus filhos."



 

Para você, que tipo de educação deveria ser melhor introduzida no Brasil? 





 

Referências:

https://saopauloparacriancas.com.br/regulamentacao-homeschooling-ensino-domiciliar-no-brasil/#:~:text=Pa%C3%ADses%20como%20%C3%81frica%20do%20Sul,regulamenta%C3%A7%C3%A3o%20para%20o%20ensino%20domiciliar.

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2020/12/16/homeschooling-lei-que-autoriza-educacao-em-casa-e-sancionada-no-df-e-vale-a-partir-de-fevereiro-de-2021.ghtml

https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/12/17/conheca-os-pros-e-contra-do-homeschooling-a-educacao-domiciliar-no-brasil.htm

https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/homeschooling.htm

https://www.aned.org.br/index.php/conheca-educacao-domiciliar/ed-no-mundo

https://blog.elos.vc/o-que-e-e-como-funciona-o-homeschooling-no-brasil/

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/09/10/denuncias-de-violencia-contra-criancas-e-adolescentes-caem-12percent-no-brasil-durante-a-pandemia.ghtml

 

 

 

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