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09/04/2021 às 11h02min - Atualizada em 09/04/2021 às 10h15min

Escrita terapêutica: um recurso para todos

“Uma escrita que promove bem-estar, amplia a consciência, alivia, acalma, traz reflexões...”

Ianna Oliveira Ardisson - Editado por Andrieli Torres
Fonte/Reprodução: Google
Algo tão simples como papel e caneta podem ser ferramentas para auxiliar nosso autoconhecimento e até ser o canal que possibilitará a cura de uma situação traumática. Podemos usar esses recursos tão simples para desenvolver uma escrita terapêutica. Ter um diário para no fim do dia relatar o que lhe aconteceu e como se sentiu, é uma das possibilidades de escrita que ajudará no processamento mental daquilo que foi vivenciado. Escrever é um excelente “remédio” disponível a nós e podemos aprender a nos beneficiar dele.
 
Gabriele Ribas, psicóloga, escritora e arte terapeuta, explica que a escrita terapêutica é uma manifestação livre, sem preocupação com certo ou errado, pela qual se desenvolve uma melhor comunicação consigo mesmo. De forma simples ela define o que é:  
 “Escrita terapêutica é a escrita do autoconhecimento. É quando você escreve para organizar seus pensamentos, expressar suas emoções, conectar com suas sensações e intuições. Nessa escrita, não há preocupação com certo ou errado, bonito ou feio. Você não está escrevendo para o trabalho, nem para o estudo, nem para os outros. É para você se comunicar melhor com você. É para se compreender, se observar, imaginar, criar e sintonizar com a sua sabedoria interior. Essa escrita promove bem-estar, amplia a consciência, alivia, acalma, traz reflexões…Escrever para se conhecer é uma prática de autocuidado e auto amor. Escrever é uma forma de falar sem ser interrompido, é uma oportunidade de se observar, visualizar e enfileirar os pensamentos, ganhando uma nova clareza e oportunizando novas reflexões.”  
 
Gabriele apresenta também alguns tipos de escrita terapêutica e alerta para os benefícios proporcionados por ela:
 
“Há vários tipos de escrita terapêutica, por exemplo, a escrita de listas, diários, cartas… Essa escrita pode ser livre ou guiada por exercícios terapêuticos de autoconhecimento, que podem ser cuidadosamente escolhidos para promover o auto-encontro e autodescoberta. Há inclusive diversas pesquisas científicas realizadas desde a década de 80, comprovando os benefícios da escrita para o bem-estar emocional e físico.”

A psicóloga compartilha a experiência dela  com a escrita e enfatiza que possui uma “relação profunda de amor” com essa prática:
“Desde jovem sempre gostei muito de ler e escrever. Comecei a escrever diários com 11 anos de idade e foi ali que descobri na prática o potencial terapêutico da escrita. Escrever terapeuticamente foi um processo bem fluido, orgânico e natural, que me acompanha desde então. Eu me considero uma pessoa mais sensível e introspectiva, e a escrita é uma grande fonte de inspiração, criatividade e acolhimento para mim. Aprecio muito escrever poesias, sinto que é uma bela forma de traduzir as emoções em palavras.  Depois, com minha formação em Psicologia, pós-graduação em Arteterapia e estudos em diversas áreas como a Psicologia Positiva e Psicossíntese, pude aprofundar minhas experiências iniciais com a escrita e passei a desenvolver recursos terapêuticos para o autoconhecimento. Desenvolvi em 2014 o Caderno da Gabi e desde então tenho compartilhado sobre esses temas do desenvolvimento pessoal. Fico feliz em poder acompanhar milhares de pessoas que também relatam os benefícios da escrita terapêutica em suas vidas... A escrita para mim significa meu trabalho, meu hobby, minha diversão, meu autocuidado, minha inspiração, meu propósito e também é uma forma de deixar um legado. Além de psicóloga e trabalhar com a escrita terapêutica, também sou escritora, então, para mim, escrever realmente é uma relação profunda de amor por esse portal criativo de auto-expressão e autoconhecimento.”
 
 




 
Já é bem conhecida a importância da fala nos processos de terapia com psicólogos ou psicanalistas, por meio daquilo que falamos abrimos caminho para alcançar a solução do que nos aflige. Percebe-se que as palavras traduzem informações sobre os indivíduos. Essas palavras tanto podem ser ditas como registradas por escrito de formas variadas. Podemos traduzir as emoções ou aflições em linguagem escrita e isso pode ser libertador. A expressão escrita é também uma ferramenta terapêutica em contexto de saúde, é uma técnica que pode ser utilizada sozinha ou em conjunto com outras.  
 
Gabriele avalia que esse tipo de escrita pode ser utilizada por todos, entretanto alerta que essa prática não substitui uma sessão de terapia, caso a pessoa esteja passando por um grande sofrimento é fundamental um acompanhamento especializado. Ela nos apresenta algumas considerações a respeito da escrita terapêutica:
“Na minha visão, a escrita é para todos que estejam dispostos a escrever e se conhecer. A escrita é uma forma de comunicação e expressão, assim como a fala. A escrita terapêutica é como se fosse um espelho… mas que reflete nossa alma, nosso mundo interior. Se estivermos em sofrimento profundo, possivelmente essas emoções vão aflorar na escrita também. Por exemplo, imagine uma pessoa mais reservada, tímida ou introvertida, talvez em uma conversa pode se sentir inibida para desenvolver sua fala, mas na escrita tem a chance de transbordar livremente, sem preocupação e sem julgamento, o que realmente está sentindo e pensando. Um fato curioso é que a escrita é uma oportunidade de acessar profundezas que muitas vezes a fala não acessa. Já acompanhei diversos relatos de pessoas que inclusive me disseram que descobriram coisas sobre si mesmas através da escrita, que não tinham acessado em anos de terapia. Outras pessoas, me afirmaram que foi a partir da escrita terapêutica que remexeram seus sentimentos e esse foi o impulso para decidir começar um processo terapêutico. É importante lembrar que a escrita terapêutica é uma ferramenta de autocuidado e autoconhecimento, não substitui uma sessão de terapia. A terapia inclui o vínculo terapêutico e o acompanhamento de um profissional. Na escrita terapêutica, pode ser apenas você com você. Também vale citar que muitos terapeutas e psicólogos podem utilizar a escrita como um recurso auxiliar em seus atendimentos.  Nesse caso, eles podem orientar alguns exercícios específicos para seu cliente, e depois aprofundarem através da fala. Diante disso, sim a escrita pode ser para todos que desejam se conhecer através da escrita. Mas ela não substitui uma terapia e um acompanhamento personalizado. Se a pessoa estiver em grande sofrimento ou sentindo necessidade de auxílio profissional, a escrita pode contribuir e complementar como uma ferramenta de autoconhecimento e bem-estar.”
 
Colocar em palavras os pensamentos e sentimentos de situações estressantes pode trazer benefícios em vários aspectos da vida das pessoas, o que inclui o bem-estar físico e psicológico do indivíduo. A escrita terapêutica possibilita essa transformação de sentimentos e emoções em palavras. Algumas pessoas têm dificuldade de se abrir e dizer o que as incomoda, nesses casos, o registro escrito, como mencionado no exemplo de Gabriele Ribas, é uma excelente ferramenta para possibilitar que se expressem.
 
É importante destacar que o indivíduo em sofrimento mental não conseguirá se reerguer sozinho. A ajuda de profissionais capacitados é necessária para que haja êxito nos processos de cura. A escrita terapêutica é um auxiliar, entretanto não substitui a ajuda especializada. Desenvolver essa prática tão acessível lhe possibilitará um melhor conhecimento de si, para aprimorar sua relação consigo e lhe proporcionar maior bem-estar.
 
Para nos ajudar a colocar em prática e começar a mergulhar nessa prática criativa Gabriele nos dá algumas dicas:
 
“Para começar a praticar a escrita terapêutica o convite é reservar um momento especial só para você. Esse é um momento para você sentir, refletir e se conectar com você. Pode ter um caderno e escrever à mão, com lápis ou caneta, como preferir. A sua letra também é uma forma de se expressar. Mas… sobre o que escrever? Bem, eu desenvolvo práticas de escrita terapêutica para o autoconhecimento, e criei uma coleção de cadernos terapêuticos para promover e facilitar a escrita terapêutica guiada. Vou deixar aqui alguns exemplos e ideias:
  • Diário de gratidão: escrever todos os dias, antes de dormir, três motivos para agradecer.
  • Diário de meditação: após sua prática meditativa, escrever como foi e como se sentiu.
  • Meditar escrevendo: escrever livremente duas páginas do seu caderno. Deixar fluir as ideias e pensamentos, sem julgar, apenas observando e estando presente com suas palavras e seu sentir.
  • Lista de autocuidado: escrever uma lista de atividades e práticas que renovam as suas energias e fazem bem para você.
  • Carta de amor próprio: escrever uma carta de amor para você, relembre suas vitórias, valorize suas qualidades e expresse seus desejos de bem por você e para você.
  • Perguntas inspiradoras: Como estou me sentindo agora? Como eu quero me sentir? O que me faria bem? O que sinto que preciso?
​Essas são algumas ideias para começar, mais sugestões de escrita terapêutica eu deixo o convite para aprofundar no portal do caderno da Gabi, para quem tiver interesse nesse assunto! Lembrando que não é qualquer tipo de escrita que é terapêutica. Tem conhecimentos e objetivos por trás de cada prática guiada, por isso que me dedico a organizar e desenvolver recursos terapêuticos passo a passo para facilitar essa autodescoberta.”
 
Escrever para se conhecer melhor é o convite e com tanta informação valiosa proporcionada por Gabriele já é possível começar agora.
 
Para conhecer melhor o trabalho da Gabriele Ribas acesse:  https://cadernodagabi.com.br/
 

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