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01/05/2021 às 14h15min - Atualizada em 01/05/2021 às 13h28min

Crimes e roubos na pandemia; entenda o estudo inédito do ISP

A Semana Epidemiológica é uma convenção internacional que conta as semanas de domingo a sábado anualmente

Ana Paula Jaume - Editor: Ronerson Pinheiro
Foto: ISP - Reprodução: Instituto de Segurança Pública



A pandemia de Covid-19 não foi um fator preponderante para reduzir os homicídios e roubos de carga no estado do Rio de Janeiro, em 2020. É o que aponta um estudo inédito do Instituto de Segurança Pública (ISP), lançado em 20 de abril. Os roubos de veículos seguiram tendência de queda, percebido desde antes do isolamento social, em 2018.
 
Homicídios
 
Entre 2014 e 2015 o número de crimes de homicídio doloso caiu, mas ficou com tendência de crescimento nos anos de 2016 e 2017. Ao observar as semanas epidemiológicas, depois do decreto n° 46.973, quando declarado situação de emergência no RJ, em 16 de março, a média se alterou. Até a 15° em média, eram 79 vítimas por semana. A partir da 16º, a cifra caiu para 60. Após o mês de abril, a quantidade de vítimas ficou abaixo do previsto. Esse valor está entre os 80% a 95% de confiança, no limite da série histórica.
 
A Semana Epidemiológica é uma convenção internacional que conta as semanas de domingo a sábado anualmente. A primeira do ano tem o maior número de dias de janeiro e a última, o maior de dezembro. Em 2020 a primeira semana foi de 29/12/2019 a 04/01/2020. 
 
Roubos de carga
 
Em 2020 o crime de roubo de cargas caiu 33%. Nos meses seguintes ao decreto de emergência sanitária no estado, os registros ficaram perto do esperado no modelo comparativo dos pesquisadores do ISP. Desde 2018, há tendência de baixa.
 
No ano passado, as médias semanais foram 113, 92, 109 e 83 casos. Vale lembrar que são pequenas as variações, mas que não indicam um efeito significativo da pandemia, e perto do esperado no modelo ajustado pela série histórica. 
 
O estudo
 
O objetivo foi analisar a relação da pandemia com a criminalidade no estado do Rio de Janeiro. A análise do ISP debruçou-se nas vítimas de homicídios dolosos e mortes por intervenção de agente público.
 
Nesse âmbito, a média de mortes por intervenção de agente do Estado era de 35 até a 20° semana. Depois, caiu para 13 vítimas (entre a 21° e a 38° semana). Por fim, esse número subiu para 26 na semana 39.
 
Roubos de celular e a transeunte também constam no estudo, além de apreensões por tráfico de drogas. Até a semana 11 de 2020, a média era 1.803 casos de roubos de celular. Com o decreto de emergência, foi para 810; na semana 24, a média saltou para 1.072.
 
A pesquisa se apoia na teoria das atividades rotineiras. Para elas, os números de crimes se alteram pela relação entre infratores, alvos e vigilância. Assim, a diminuição de crimes de oportunidade, por exemplo, se deve a menos pessoas circulando nas ruas.
 
O estudo mostrou que a pandemia teve impacto na queda de números de roubos e furtos de celular e a transeunte. Uma vez que esses crimes se ligam ao fluxo de pessoas nas ruas.
 
Metodologia
 
De antemão, os especialistas do ISP criaram um modelo comparativo. O intuito era descobrir, considerando a série histórica de cada crime, sua tendência entre março e outubro de 2020. A pesquisa usou as séries temporais, compostas por tendência, ciclo e sazonalidade. O primeiro indica queda, aumento ou estabilidade dos dados na série histórica. Ciclo refere-se a ondas, que podem surgir nesse período, e a sazonalidade traz padrões regulares da série, (estações do ano ou períodos semanais) como pretextos para crimes.
 
“O ISP tem a preocupação constante em analisar as estatísticas da área de segurança pública da forma mais fiel possível à realidade.”, coloca a diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz. “Esse trabalho é essencial para gestão da segurança pública, porque, entendendo melhor essas mudanças, os recursos podem ser alocados de maneira mais eficaz.”, conclui.


Os dados são da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro (SEPOL), entre 2014 e 2020, e consideram a data da ocorrência, diferente da divulgação do ISP, em que as estatísticas são pautadas no registro dessa ocorrência. 
 
Os analistas utilizaram o histórico de localização dos usuários do Google. Isso viabilizou a constatação: uma semana depois das medidas restritivas, o RJ teve menos visitas a lugares de lazer e cultura; 70% a menos, comparando com o período referencial de 3 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020.



Editora-chefe: Lavínia Carvalho 

 



 
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