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07/05/2021 às 08h55min - Atualizada em 07/05/2021 às 08h42min

"As mulheres da casa de Troia": protagonismo feminino e exemplos de força e resiliência em uma história já muito conhecida

Livro apresenta perspectiva distinta sobre uma das histórias mais famosas da mitologia grega

Hellen Almeida - Editado por Andrieli Torres
Ilustração: Capa “As Mulheres da casa de Troia”/ Reprodução:Amazon
Mulheres integrantes da maior classe social existente, vivem uma vida repleta de conforto e preciosidades, porém, em uma madrugada toda sua realidade muda: a cidade é massacrada, perdem filhos e maridos e com isso passam de figuras intocáveis para escravas. Doloroso, não? Pois, é disso que se trata a obra “As mulheres da casa de Troia”, escrita por Lia Neiva.

Este livro é compreendido como literatura juvenil, indicado para uma faixa etária acima dos 6 anos de acordo com a Editora Nova Fronteira. É composto por 175 páginas, que mesclam história e ilustrações impactantes criadas pelo ilustrador Renato Alarcão. Além de demonstrar uma linguagem clara e cativante.

A obra:

Muitas pessoas conhecem ao menos o básico sobre o cavalo de Troia: usado pelo exército de Esparta para que Troia (sua rival), compreendesse tal monumento como algo deixado pelo inimigo foi levado para sua casa como troféu pela conquista. Afinal, quem poderia invadir sua grande defesa? Foi o que o rei de Troia pensou:

“Nenhuma outra cidade possui uma defesa tão extraordinária quanto esta. Posídon construiu-a inexpugnável, e ela é garantia de que jamais seremos invadidos. As tropas aqueias, mesmo contando com muitos heróis, não a destruíram”


Entretanto, a confiança do rei nas muralhas de sua cidade foi a responsável não apenas por sua morte, como de todo seu povo, pois do grande cavalo de madeira, saiu todo o exército, que dissipou Troia.

Porém, pouco se sabe sobre o que ocorreu depois, especialmente as mulheres da realeza de Troia: Foram mortas? Declaradas como escravas? Poucos sabem até mesmo seus nomes. E são esses, entre outros questionamentos que Neiva busca responder. Se diferenciando das demais leituras sobre o tema, pois como a própria diz na introdução de sua escrita:

Este livro não é sobre o célebre cerco dos gregos á cidade troiana. É sobre cinco mulheres da realeza de Príamo – Hércuba, Cassandra, Polixena, Andrômaca e Helena -, que amaram, protegeram e choraram seus irmãos, filhos e maridos, vítimas da funesta guerra”


E de fato, essas protagonistas eram respeitadas e admiradas por todo seu povo, se tratavam de belezas indiscutíveis e mentes ainda mais sabias. Contudo, não eram ouvidas (afinal, eram mulheres! O que sabem do mundo?!)

E pensar que se tivessem dado ouvidos a Cassandra, filha do rei e dotada com o dom da visão pelos deuses – mas que era exilada por todos, pois não diferenciavam seu dom da loucura – tudo diferiria: ao pôr seus olhos no cavalo, a mesma disse em desespero:

” Não acreditem na partida dos aqueus! – bradou, enlouquecida. – Eu sei que Troia vai arder até seu último tijolo! Seu fim está previsto há tempos! É a vontade dos deuses. A retirada é um engodo, uma farsa! [...] Por que não acreditam em mim? [...] Não o tragam para a cidadela ou o céu azul de Troia se tornará negro!”

O manuseio entre futuro e presente

Uma característica marcante do livro é que, mesmo mostrando precocemente ao leitor o futuro dessas mulheres, o interesse não diminui. Pelo contrário, a curiosidade é elevada.

Usando as Moiras (três mulheres que na mitologia grega são responsáveis por iniciar, desenvolver e por fim a vida dos mortais) em determinada parte da leitura recebemos a informação de quando será o destino de quatro delas.

Átropo (responsável por cortar o fio da vida, dando fim a ela) diz:

“A minha tesoura enviará três delas para Hades em momentos bem diferentes. Uma irá muito em breve ao encontro do sortudo deus; outra chegará a seu reino dentro de poucos anos; a terceira viverá muito tempo antes de cruzar o rio do Inferno, mas a quarta jamais entrará na Terra das Sombras.”


Quem deve ler?

Como dito na matéria: “Não fique aí parado! Comece a ler” (https://labdicasjornalismo.com/noticia/7212/nao-fique-ai-parado-comece-a-ler) esta é uma leitura recomendada para quem busca conhecer a mitologia grega, especialmente por uma perspectiva distinta da já conhecida.

Cada protagonista apresenta sua própria jornada, todas de tirar o folego: desde vinganças, manipulações, injustiças, ameaças e fins inesperados. Sendo exemplos de força e resiliência.

E para aqueles que não sabem nada sobre os personagens da mitologia grega, a leitura apresenta um “Glossário” onde descreve cada personagem citado.

A autora:

Possuindo em torno de 20 obras publicadas, a autora brasileira tornou-se escritora em 1989 com a literatura intitulada: “Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonito do que eu?”. E desde então possui obras premiadas pela Fundação Nacional do Livro Infanto e Juvenil (FNLIJ) e em 1994 foi premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte o prêmio “Melhor Livro Infantil”.

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