Na última sexta-feira (18), Thiago da Conceição, 16, acordou pela manhã e, em sua locomoção do quarto para a sala, foi alvejado por um tiro na cabeça. Thiago, jovem negro, favelado, estudante. O sonho de ser militar foi interrompido por um projétil de bala.
No dia em que Thiago morreu, a Polícia Civil realizou a Operação Coalizão Pelo Bem, no Complexo da Penha, para prender chefes de quadrilha de outros estados que se escondiam na favela. Em entrevista ao G1, Jeovane dos Santos, tio de Thiago, afirmou que o tiro veio de um policial civil, que eram os únicos que estavam na comunidade no momento.
“Não havia nenhum policial naquela localidade. Eles perceberam um tumulto à distância, e obtiveram a informação que o adolescente tinha sido baleado”, disse Rodrigo Oliveira, subsecretário do RJ, durante coletiva de imprensa.
Em entrevista ao G1, o tio de Thiago afirmou que assim que o adolescente foi baleado, a família pediu ajuda aos policiais, os mesmos negaram o pedido de socorro. O jovem foi socorrido pelos familiares e levado ao hospital. Vídeos gravados por moradores mostram carros da polícia na região, no exato momento em que Thiago é resgatado pelo carro do tio.
Thiago da Conceição virou mais um número, mais um sonho interrompido. Casos como este fazem parte da normalidade na vida social dos moradores de favelas. Alguns casos reverberam enquanto notícia quente e logo caem no esquecimento da sociedade, mas nunca no da família.
Não esquecemos de:
Marcus Vinicius, 14 anos, estudante, flamenguista, só tirava nota B na escola, segundo a mãe. Foi morto a caminho da escola, em 2018, na favela da Maré, por policiais civis que sobrevoavam em helicópteros. Testemunhas viram o exato momento em que atiraram na direção do garoto, que teve a vida ceifada com o uniforme da escola.
Kathlen Romeu, 24 anos, designer de interiores, estava grávida do primeiro filho. Foi atingida por uma bala na Comunidade do Lins, em uma operação policial, em junho de 2021. Kathlen era ex-moradora do Lins, tinha ido neste dia visitar a avó, ela e o bebê foram vítimas da violência.