Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
09/07/2021 às 00h00min - Atualizada em 09/07/2021 às 00h01min

Como o Instagram influencia na distorção da autoimagem do usuário?

Filtros e aplicativos de edição têm papel fundamental na autoestima do indivíduo

Gabriela Pereira - Editado por Júlio Sousa
REPRODUÇÃO: GETTY IMAGENS

O Brasil está na liderança do ranking de cirurgias plásticas. Segundo pesquisa divulgada recentemente pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o país chegou a realizar cerca de 1.498.327 cirurgias plásticas em 2018. Dentre esse número, a maioria são mulheres. Grande parte da motivação para essas cirurgias é o advento das mídias sociais. 

Padrões de comportamento ou estéticos são observados em todas as sociedades. Homens e mulheres sofrem por não se enquadrarem no que é considerado adequado socialmente. Seja nas passarelas, ou nos meios de comunicação. Mulheres e homens com uma estrutura corporal específica se apresentavam e as outras pessoas queriam atingir aquela mesma estética.


REDES SOCIAIS

Com a internet e as redes sociais, o culto ao ideal de corpo perfeito começou a ser cada vez mais imposto aos usuários. Os aplicativos de edição de imagem montam um corpo inteiramente falso e que é vendido para milhões de pessoas como real e um padrão a ser seguido.

 

Com a frustração por não alcançarem ou se adequarem ao padrão inatingível, muitas pessoas recorrem a procedimentos estéticos perigosos e invasivos. O cirurgião plástico Alexandre Kataoka relata:
 

“Cerca de 20% das pessoas que procuram a clínica com o intuito de realizar cirurgias estéticas recebem uma negativa dos profissionais, pois são casos de exageros ou que coloquem em risco a saúde do paciente, e isso vai da percepção do médico. Existem muitas pessoas que chegam sem um encaminhamento e embora alguns se recusem a fazer os procedimentos, sempre vão existir pessoas que façam, e esse é o maior perigo”, afirma. 

 

Além dos danos físicos, aos quais o indivíduo pode se expor, a busca pela perfeição acarreta em danos à saúde mental. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas sofrem com distúrbios alimentares no mundo. 

 

O que acontece na internet é apenas uma representação da realidade social no mundo. As mídias sociais ampliam isso e dão maior visibilidade a esse tipo de comportamento.  Um estudo realizado em 2020 pela organização alemã Algorithm Watch em parceria com a Rede Europeia de Jornalismo de Dados, sobre a plataforma Instagram, quando o conteúdo é agradável de acordo com a estética proposta, os algoritmos dão um alcance maior para aquela postagem. De mesmo modo que conteúdos que exaltam as formas e corpos reais são prejudicados pelo mesmo algoritmo.

 

As pessoas adoecem por não se enquadrarem no padrão proposto pelas mídias, o tempo todo os usuários são bombardeados de informações e imagens que vendem o ideal de vida e corpo perfeito. O médico alerta: "não existe corpo perfeito, o paciente sempre vai achar algum defeito, nunca vai estar dentro dos padrões e as cirurgias podem se tornar prejudiciais”. 

 

Alexandre acredita que os filtros e os aplicativos de edição de fotos contribuem muito para o efeito de distorção da autoimagem. “As pessoas se olham daquela forma e isso gera um desejo de ser assim”, afirma. Os filtros podem parecer inofensivos mas diminuem a autoestima do usuário, causando problemas psicológicos. 

 

Uma pesquisa realizada pelo grupo Girlguiding, revelou que cerca de um terço dos jovens só publica fotos em suas páginas na internet após o uso desses modificadores de aparência. 39% dos entrevistados afirmam que estão insatisfeitos com sua real aparência. 

 

A modelo Sasha Pallari, criou a hashtag #filterdrop como forma de incentivar as pessoas a mostrarem sua verdadeira aparência nas redes, "Eu não quero que as crianças cresçam pensando que não são boas o suficiente por causa daquilo que elas enxergam nas mídias sociais." afirma a Sasha em entrevista cedida a BBC News. 

 

ALERTAS

 

Em janeiro deste ano, Liliane Amorim, modelo e influencer digital morreu após complicações decorrentes de uma lipoaspiração. A morte da modelo causou comoção e evidenciou o quanto as pessoas se arriscam na busca pelo ideal de perfeição. 

 

Esses procedimentos são invasivos e devem ser feitos por profissionais especializados. Recentemente houve uma onda de banalização e romantização das cirurgias plásticas nas redes sociais. Cada vez mais, influenciadores digitais comercializam e fazem publicidade desse tipo de procedimento sem fazer os alertas para os reais riscos. 

 

Além disso, outros procedimentos menos invasivos, mas que também têm como objetivo a mudança de aparência, são encorajados nessas mídias diariamente. No entanto, muitas pessoas têm se arrependido e estão fazendo o caminho inverso e lutando para voltar aos seus rostos e corpos naturais. 

 

Recentemente, a influenciadora digital Gabriela Pugliesi foi duramente criticada por refazer suas facetas dentárias de porcelana. Segundo Gabriela, as facetas que usava anteriormente eram “perfeitas demais” e ela fez a mudança para um estilo mais natural. 

 

Essa preferência ao que é natural evidencia como a busca por um padrão do que é belo e perfeito nunca vai acabar, todos os dias novas tendências são lançadas e as pessoas tentam se adequar a esses padrões, sem se importar com a saúde física ou mental.










 

REFERÊNCIAS

 

H. EMMA. FILTROS NO INSTAGRAM: MODELO POR TRÁS DA CAMPANHA #FILTERDROP. BBC BRASIL. 13 DE SETEMBRO DE 2020. DISPONÍVEL EM <https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-54092950
 

F. CLOVIS. DISMORFIA DO INSTAGRAM. MINHA VIDA. 3 DE NOVEMBRO DE 2020. DISPONÍVEL EM <https://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/36952-dismorfia-do-instagram-como-os-filtros-afetam-a-autoestima


FILTROS DO INSTAGRAM: COMO AFETAM A AUTOESTIMA DO JOVEM?. HOSPITAL SANTA MÔNICA. 15 DE MARÇO DE 2021. DISPONIVEL EM <https://hospitalsantamonica.com.br/filtros-do-instagram/>
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »