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15/07/2021 às 18h18min - Atualizada em 15/07/2021 às 17h53min

Mulheres nas Olimpíadas: a luta pela conquista do espaço no esporte

Presença feminina no torneio só foi permitida em 1936; só em 2012 houve mulheres nas disputas de todas as modalidades

Ianna Mendonça - labdicasjornalismo.com
Foto: Reprodução/Instituto Reação
Se hoje a participação das mulheres nas Olimpíadas é algo comum, é porque houve muita luta e esforço para que esse espaço fosse conquistado. Nascido na Grécia Antiga, os Jogos Olímpicos não permitiam nem mesmo a presença de público feminino. Atualmente, as mulheres estão presentes em todas as modalidades e, em 2021, na edição de Tóquio, o percentual da participação feminina atingiu um número recorde de 49%, segundo dados publicados pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).

A conquista do direito de competir

Em 1896, após a 1ª Olimpíada da Era Moderna, ocorreu um protesto feito pela atleta Stamati Revithi. Um dia depois da corrida oficial masculina, ela realizou todo o percurso da maratona em resposta à proibição das mulheres nas modalidades olímpicas. Já o primeiro registro da participação feminina nos Jogos Olímpicos aconteceu em 1900, em Paris. Com a presença limitada em provas de tênis e golfe – porque não tinham contato físico – as vencedoras não ganhavam medalhas, apenas certificados. Foi por isso que, em 1917, a francesa Alice Melliat fundou a FEFI (Federação Esportiva Feminina Internacional), que conquistou seu objetivo em 1936, quando as mulheres foram oficialmente incluídas como atletas olímpicas.

No Brasil, o Decreto-Lei 3199/41, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, tornou ilegal que mulheres praticassem certas modalidades esportivas. O fim do decreto ocorreu oficialmente em 1979, mas apenas em 1983 a regulamentação foi feita. Assim, 38 anos se passaram para que as medalhas conquistadas por atletas brasileiras fossem entregues.

O gradual de porcentagem da participação feminina nos jogos cresceu durante os anos, principalmente no século XXI. Além disso, na edição de Londres, em 2012, as mulheres competiram em todas as modalidades e estavam presentes como participantes em todos os países, algo que não tinha acontecido em nenhuma outra Olimpíada.

Mulheres históricas

Maria Lenk é considerada a pioneira da natação moderna. A atleta foi a primeira brasileira e sul-americana a competir nos Jogos Olímpicos de 1932. Outro marco histórico feito pela nadadora se realizou quatro anos depois, quando foi a primeira mulher a utilizar o nado borboleta. Em 1964, Aída dos Santos, única mulher da delegação brasileira, superou a falta de uniforme, tênis e técnico e conquistou o quarto lugar inédito no salto em altura.
Também em 1964, Larissa Latynina, representante da União Soviética, tornou-se a mulher com mais medalhas na história dos Jogos Olímpicos. A ginasta subiu no pódio 18 vezes em três edições.

O primeiro pódio feminino do Brasil veio em 1996, com Sandra Pires e Jaqueline Silva, na categoria vôlei de praia. As atletas disputaram a medalha de ouro com mais duas brasileiras, Adriana Samuel e Mônica Rodrigues. A carioca Rafaela Silva foi a primeira atleta na história do judô brasileiro a alcançar o título de campeã mundial e olímpica. Seu feito aconteceu em 2016, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro.

A participação da mexicana Enriqueta Basilio marcou um momento histórico diferente dos demais nas Olimpíadas. A velocista foi a primeira mulher a acender a pira, na abertura dos Jogos do México, em 1968.

Igualdade nas Olimpíadas

Todo o esforço realizado por atletas femininas ao longo dos anos e a conquista do seu espaço no esporte vai desde os diversos pódios adquiridos até a importância da luta e seu impacto em todas as esferas sociais. Hoje, a participação percentual feminina é muito próxima à masculina, mas ainda assim o preconceito e a desigualdade no mundo esportivo persistem.

Christophe Dubi, diretor-executivo do COI, afirmou, em uma coletiva de imprensa na Argentina, que uma das principais metas é trabalhar na igualdade de gênero. Em 2024, na edição de Paris, a recomendação de um projeto feito pelo Comitê é que exista o mesmo número de vagas oferecidas para homens e mulheres e também a mesma quantidade de disputas por medalhas.

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