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16/07/2021 às 15h17min - Atualizada em 16/07/2021 às 14h18min

As reflexões sobre "Alice no País das Maravilhas"

O que há por trás da história infantil?

Daniela Palmeira - Edição por Brenda Freire

        Alice no País das Maravilhas é um clássico da literatura e foi escrito na Inglaterra durante o período vitoriano por Lewis Carroll, pseudônimo pelo qual o matemático Charles Lutwidge Dogson assinava suas histórias. O livro foi publicado originalmente em 4 de julho de 1865.
         Na história acompanhamos as aventuras de Alice, uma menina de cerca de 7 anos, que depois de seguir um coelhinho branco, se vê de repente transportada para outro lugar muito diferente: o País das Maravilhas. Ao chegar lá, Alice começa a desbravar esse lugar tão diferente, repleto de criaturas no mínimo peculiares.
         À primeira vista, a obra é uma fantasia infantil com um grande potencial de conquistar várias crianças. No entanto, o que faz dessa produção um grande clássico da literatura, é justamente todas as reflexões e mensagens contidas em sua trama e em seus personagens, indo muito além da categoria de “história infantil”.
      Segundo a pesquisadora Sandra Vasconcelos, Alice no País das Maravilhas é um livro que pode ser lido de duas formas, a primeira é pela perspectiva infantil da história, que incentiva o lúdico e desperta a curiosidade. A segunda forma seria por uma perspectiva “adulta”, ou seja, mais lógica. Para Vasconcelos, o livro abrange as duas personas do autor; o Lewis Carroll escritor, que inaugura o gênero infantil nonsense e o Charles Lutwidge Dogson, matemático, lógico e que traz para a história a visão do mundo vitoriano.
A história do ponto de vista mais lógico nos permite várias interpretações. Uma dessas possibilidades é encarar as aventuras de Alice como uma jornada de crescimento e de amadurecimento.

 

A jornada

       Ao chegar ao País das Maravilhas, a garotinha se depara com um mundo totalmente diferente do seu, onde seus valores, crenças e verdades são colocados à prova. Nesses momentos, Alice percebe que suas verdades não são absolutas e as regras tão valiosas no seu mundo, de nada valem no País das Maravilhas. A partir disso é possível ver também a dicotomia do autor ao contrapor a rigidez do mundo vitoriano à realidade desse novo mundo subterrâneo que é inversamente proporcional ao mundo lá em cima, um lugar que não tem espaço para a lógica.
        Tudo aquilo que Alice aprendeu na escola, as regras de etiqueta e todos os ensinamentos, que por vezes são despejados na cabeça das crianças, até mesmo o tempo, de nada valem ali. Com isso, ela percebe que não há uma única maneira de algo acontecer.
Em diversos momentos do livro, Alice é confrontada com ideias diferentes das suas, com criaturas curiosas e acontecimentos inesperados. A medida que avança e conhece mais do País das Maravilhas, ela vê todos os princípios que a guiavam desmoronando. Em um dos diálogos mais marcantes do livro, Alice conversa com a Taturana e podemos perceber a confusão da garota com tudo que vem acontecendo:

“ – Quem é você? – perguntou (Taturana)
(...)
 – Eu... nem sei direito, agora... eu... pelo menos eu sei quem eu era quando acordei, mas acho que desde então já fui trocada várias vezes. (Alice) ”

                                                                                           
        Nesse mundo Alice é obrigada a lidar com todos esses confrontos sozinha. Assim como muitas vezes na vida, mesmo com medo, trilhamos infindáveis obstáculos estranhos, desconhecidos, mas que devemos aprender a enfrentar. É a partir dessas experiências que crescemos e entendemos a necessidade de percorrer esses caminhos, e é dessa forma que Alice nos mostra que enfrentar o desconhecido é parte essencial do processo de crescimento.

“ – Você poderia me dizer, por favor, para qual lado devo seguir? (Alice)
 – Isso depende bastante de onde você quer chegar,  respondeu o Gato.
– O lugar não me importa..., disse ela.
– Então também não importa para qual lado você vai", afirmou o Gato.
      

        
         Perto do final da história, a protagonista presencia um julgamento comandado pelo Rei e pela Rainha de Copas. Ela fica impactada com o modo com que se dá o episódio, e em determinado momento ela reage contra aquilo que considera uma injustiça. Alice se rebela contra a rainha de copas e também contra os guardas e diz “Quem liga pra vocês? Vocês não passam de um baralho!”, é esse ato de rebelar-se pelo que acredita e essa tomada de consciência que faz com que Alice acorde da epifania e saia do País das Maravilhas. E aqui um ciclo se encerra.
         Alice no País das Maravilhas é um livro que possibilita diversas interpretações e novas descobertas a cada leitura. Interpretações essas que não cabem somente nesse texto. A história nos oferece um mundo novo para descobrir e tirar de lá, assim como Alice, conhecimentos importantes, além de uma forma mais interessante de encarar a vida.

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