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26/08/2021 às 22h51min - Atualizada em 26/08/2021 às 22h48min

Montueiro de gente

O sistema prisional brasileiro e o caos antes e pós-pandemia. Refletir sobre a dura realidade dos detentos para além dos crimes cometidos

Sheyla Ferraz - Editado por Andrieli Torres
Fotos: Reprodução/Internet - Edição da imagem: Sheyla Ferraz
O sistema penitenciário brasileiro é um retrato de horror. Não é de hoje a superlotação entre detentos masculinos e femininos, sempre foi um problema no setor, mesmo antes da pandemia.

Maus tratos, má alimentação, tensão, violência, descasos e outras dores – compõe o cenário e reforça o que dito popular diz: “lá você come o pão que o diabo amassou.”Ver o sol nascer “quadrado”, ter péssimas condições ao dividir uma cela que comporta três ou menos, comportando o número limite em disputa com o mau cheiro e consequentemente, com as doenças.

Cada encarcerado tem uma história, a qual vista de longe não parece ter valor algum, mas quando visto de perto, mostra a causa e efeito de um presente tão doloroso que é o de estar preso.Sem poder acompanhar o crescimento e pequenas conquistas dos filhos, como é o caso de mulheres mães que são presas. Sem o respeito da sociedade, sem uma gota se quer de compaixão ou empatia. Sem levar em conta o que cada um carrega na bagagem da vida e sem justiça alguma para com quem foi vestido de culpa sem ter.

Isso lá é lugar de gente? A essas alturas, em tempos de pandemia, 45.875 casos de covid-19 já foram contabilizados em prisões e unidades prisionais do Brasil, e 143 vestiram paletó de madeira. *

Quem está fora sofre e chora. Quem está dentro, não vê o tempo passar. O estresse e melancolia são companheiros constantes e os dias melhores parecem cada vez mais distantes. A esperança padece, os sonhos silenciam e o brilho no olhar empalidece a cada novo dia.

Agora, além de presos, estão contaminados. Mais uma dura condição para conta, mais um quilo a mais de peso que nos dias de pré-pandemia já estavam sendo arrastados pelo pesadelo de viver dentro de uma cela. O que vai sobrar dessas histórias? Como serão contadas, ou melhor, será que serão contadas? O que elas são capazes de mudar no meio em que vivemos?


O que há para além do crime cometido, que nunca deixará de ser um fato? O que há para além de um crime que não foi cometido? Há vida, há um roteiro de vida. Uma razão, raízes que levaram ao problema. Há uma família que sofre junto e lamenta dia e noite e torce para que tudo passe brevemente. Há muito mais do que um dia já disseram ou conseguiram dizer.

* Paletetó de madeira: quando alguém morr
e.  
 
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