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27/08/2021 às 07h48min - Atualizada em 27/08/2021 às 07h46min

Seria possível cancelar a cultura do cancelamento?

Querer abafar um acontecimento depois que ele é exposto nas redes é traumático, as personalidades públicas são as mais atingidas uma vez que possuem suas vidas direcionada para os holofotes

Vitoria Fontes - Editado por Andrieli Torres
Foto.: Pessoa com o rosto coberto sentada em frente ao computador | Reprodução: Bermix Studio

Muito se discute sobre o processo de desconstrução envolvendo conceitos, práticas e costumes que antigamente eram tratados com normalidade pela sociedade. Com o passar dos anos, alguns comportamentos tornaram-se ultrapassados na perspectiva de uma parte dos cidadãos, já a outra, permanece fiel às suas convicções; comentários racistas, homofóbicos e machistas são grandes protótipos a serem reproduzidos e intolerados por uma significativa parcela da comunidade social.

A internet se faz o cenário perfeito para esse espetáculo assombroso, é comum observarmos debates, no entanto, frequentemente o âmbito cibernético presencia manifestações que acabam por se convergirem em linchamento virtual.

A lista de celebridades que foram canceladas pelo público, recebendo boicote em seu meio social e artístico é enorme: A rapper Karol Conká puxa a fila sendo reconhecida por conta do maior índice de rejeição na história do reality show “Big Brother Brasil” dentre suas 21 edições, logo atrás temos os cantores Vitão e Luísa Sonza que sentiram na pele o fracasso refletindo em seus recentes lançamentos.

Karol Conká, 35 anos, protagonizou uma das maiores problematicas em sua passagem pelo BBB21, após se posicionar de maneira intensa, egoísta e violenta,
A cantora e apresentadora tornou-se alvo após um recorde de votos que resultaram em sua eliminação, antes disse, a rapper desenvolvia um papel de mira e atingia a todos que pudesse da maneira que fosse.

 

"A minha vontade é dar uma voadora, soco e murro nele"

"Ele está falando alguma coisa? Porque assim... Eu vou jogar água na cara dele", ameaçou e continuou: "Quero comer na paz do Senhor, entendeu? Não quero que você fale enquanto estou na mesa comendo”.

"Você não olhe para mim, cara! Você não olhe pra mim. Vira essa b*sta dessa cara para lá. Isso, respeita a mamacita", criticou.

 

Após conquistar 1,8 milhões de seguidores em suas redes sociais, a assessoria da cantora viu o perfil perdendo cerca de 300 mil, assim, chegando à marca de 1,5 milhões e isso tudo após as polêmicas em que se envolveu com os demais participantes.

A artista perdeu espaço entre seus patrocinadores, logo foi desligada do cargo de apresentadora do programa “O prazer feminino” transmitido pelo canal da GNT; era uma das atrações de um festival online que aconteceria e por conta de sua postura preconceituosa também teve sua participação anulada, assim, tendo sua marca pessoal severamente prejudicada.

Em uma tentativa de tentar reconstruir sua imagem, Karol Conká, foi convidada pela Rede Globo de Televisão para protagonizar um documentário, “A vida depois do tombo” mostra o início de sua trajetória no reality, o impacto que seus posicionamentos causaram no público que assistiu fielmente ao programa e também toda a manifestação em massa no dia de sua eliminação, bares, lanchonetes por todo o Brasil encontravam-se lotados, uma espécie de torcida organizada num só objetivo, comemorar e mostrar o fracasso da rapper.

Luísa Sonza e Vitão também foram alvos desse cancelamento, após o término de seu casamento com o comediante Whindersson Nunes, Luísa foi acusada de ter o traído com Vitão após uma parceria musical.

A cantora foi duramente julgada, a internet tornou-se um campo minado para Luísa que, um tempo depois, decidiu assumir seu relacionamento com Vitão, logo, toda a história da suposta traição ganhava mais força e com isso o casal passou a lidar com a rejeição crucial do público o que refletiu nitidamente em suas vidas profissionais.

O lançamento “Flores” – protagonizados por Vitão e Luisa – contou com 24 milhões de visualizações em 3 dias, entretanto, o índice de “deslikes” que o clipe recebeu juntamente com um montante de comentários machistas foram suficientes para boicotar todo um trabalho.

Luísa foi duramente apontada por uma traição que se quer aconteceu, a internet exerceu seu papel de tribunal e juízes, assim, dando a sentença final à uma mulher e mostrando que por mais que estejamos avançados em muitos quesitos, o machismo ainda permanece enraizado.

Tais acontecimentos foram suficientes para prejudicar a saúde da artista que apareceu em sua conta do Instagram fazendo um desabafo e logo depois ficou um tempo longe das redes.

A cultura do cancelamento vem forte, dando a entender que errar parece ser algo exclusivo de algumas pessoas e que outras passam ilesa. A internet é palco dessa discussão e cada vez mais vai se afundando nesse mar, assim, engolindo e afogando cada vez mais pessoas e destruindo sua saúde física e psicológica.

Seres humanos são palpáveis de erro e reconhecimento, o julgamento reprimi ao invés de ensinar, o cancelamento de condena, desgasta e destrói.


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