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14/06/2019 às 18h27min - Atualizada em 14/06/2019 às 18h27min

Uso de fetos humanos para pesquisas científicas

Presidente Donald Trump nega financiamento para pesquisas com tecidos de fetos

Daiana Pereira - Editado por Thalia Oliveira
Fonte de imagem: mdig
Neste mês, foi afirmado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que não haverá mais financiamento em pesquisas científicas que usem tecidos de fetos humanos. Como justificativa para o corte dos investimentos, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) comunicou que “Promover a dignidade da vida humana desde a concepção até a morte natural é uma das principais prioridades da administração do presidente Trump”, afirma o HHS.

A partir do comunicado dado por Trump, nenhum pesquisador do National Institutes of Health (NIH) poderá usar mais os tecidos dos fetos humanos. O corte nas pesquisas causou polêmica e críticas por parte da comunidade científica, a qual afirma que “Embora tenham ocorrido alguns avanços nos últimos anos que reduziram a necessidade de utilizar o tecido em certas áreas de pesquisa, ele permanece criticamente importante em muitas outras áreas", criticam cientistas contra a ação do fim de financiamento na área de pesquisa.

Cientistas afirmam que os tecidos dos fetos humanos são importantes para encontrar alternativas para tratamentos de diversas doenças, como: Aids, Parkinson, diferentes tipos de câncer e de transtornos mentais. Com o corte, pesquisadores contam que pesquisas que podem salvar vidas serão colocadas em risco.
 
O tecido de um feto humano é relevante para pesquisas científicas e tratamento de doenças por conta das células-tronco embrionárias, que são pluripotentes, ou seja, são capazes de crescer e se diferenciar, e possuem a habilidade de se replicarem indefinidamente, diferentemente das células-tronco encontrada em adultos.  Devido a esses fatores, a célula-tronco embrionária é interessante para a medicina regenerativa e tratar “uma série de doenças genéticas do sistema sanguíneo e imunológico, cânceres e distúrbios, diabetes juvenil, Parkinson, cegueira e lesões na medula espinhal.”, segundo a descrição no Instituto de Pesquisa de Células-tronco, IPCT.
 
De acordo com Chao Yun Irene Yan, Professora Associada do Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento da USP, “o uso de fetos humanos é e deve continuar sendo altamente regulado e controlado. Sendo justificável apenas para situações onde não há substituição”. Entretanto, a professora explica que “São poucos os laboratórios que usam tecidos fetais, mas os que usam, precisam desse modelo para poder compreender a reação de células mais indiferenciadas em certas situações. E a melhor fonte de células indiferenciadas continua sendo embrionária.”

Irene Yan ainda esclarece que os fetos que eram usados nas pesquisas não eram originados de uma criação de embriões e fetos, mas de casos raros em que o tecido era "doado pelos pais após a decisão de aborto induzido ou aborto espontâneo”. Por conta disso,  a decisão de Trump não irá causar nenhum impacto no número de abortos e inseminação in vitro (recipiente controlado em laboratório), se era esse o objetivo.

 

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