02/05/2022 às 03h08min - Atualizada em 02/05/2022 às 00h29min
Paxlovid: O remédio que ajudará no combate ao coronavírus
Autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o medicamento mostrou-se eficaz nos estudos da farmacêutica.
Liza Modesto - Editado por Manoel Paulo
No final de março a Anvisa autorizou o uso de caráter emergencial do antiviral Paxlovid. O medicamento, fabricado pela Pfizer, poderá ser consumido por adultos que não requerem uso de oxigênio suplementar e não apresentam risco aumentado de progressão para caso grave.
A administração da medicação deve ocorrer na janela de oportunidade entre três e cinco dias dos primeiros sintomas.
Essa autorização foi concedida em outros 40 países por suas respectivas instituições reguladoras, dentre eles: Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, integrantes da União Europeia, México, China e Reino Unido.
Segundo a farmacêutica, o remédio mantém sua eficácia contra a variante ômicron. Entretanto, sabe-se que o vírus é mutável, assim, não é garantido que se manterá eficiente frente a outras mutações.
Composição e ação
O medicamento consiste em dois compostos administrados juntos, o nirmatrelvir e o ritonavir. Sua administração é oral. O primeiro ajuda a bloquear a protease, enzima necessária para replicação do vírus Covid-19, impedindo que complete seu ciclo de vida. O segundo, mantém o primeiro ativo mais tempo no organismo em maiores concentrações, tornando o tratamento mais eficaz. É também utilizado no tratamento do HIV.
Fala-se em tratamento precoce, pois deve ser iniciado nos primeiros dias dos sintomas, na janela de oportunidade, uma vez que a eficácia do Paxlovid diz respeito à contenção da replicação do vírus. É importante, entretanto, distinguir precocemente, o antiviral não é recomendado para profilaxia.
O estudo das fases 2 e 3 da chamada EPIC-HR (sigla em inglês para "Avaliação do Inibidor de Protease Para a Covid-19 em Pacientes de Alto Risco") foi realizado em 1881 pacientes. Segundo uma publicação no New England Journal of Medicine, o antiviral demonstrou reduzir em 89% o risco de agravamento da infecção, reduzindo a hospitalização e a morte em contraste com aqueles que tomaram o placebo no teste.
A venda deve ser feita por prescrição e o uso não deve ser feito sem acompanhamento médico.
Contra-indicações
É contra-indicado o uso por mais de 5 dias. Além da gravidez durante a administração do medicamento, haja vista a ausência de dados, o tratamento também é contraindicado para aqueles que sofrem de insuficiência renal grave, pois a dose para esses indivíduos ainda não foi estabelecida.
"É preciso saber que, no estudo, o ritonavir não tem efeito antiviral, mas ajuda o Paxlovid a ser melhor aproveitado pelo organismo. Em pacientes com HIV, a dificuldade era a tolerância a esse medicamento. Mas a terapia proposta no EPIC-HR prevê cinco dias de tratamento, o que não deve trazer efeitos indesejados, nem mesmo as temidas interações medicamentosas", explica Mônica Gomes, infectologista do Hospital das Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Também não está autorizado o uso do antiviral para profilaxia, e nem para o início de tratamento daqueles que precisam de hospitalização por manifestarem um quadro grave.
E a vacina?
A vacina ainda é crucial e central no enfrentamento da pandemia. A medicação trata-se de uma adição na estratégia contra a covid-19, e não uma substituição.
“Reitero que a vacinação continua sendo a melhor estratégia para evitar a covid-19, as hospitalizações e os óbitos”, disse Meiruze Freitas, da Diretoria Colegiada da Anvisa.