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05/12/2021 às 15h34min - Atualizada em 29/11/2021 às 23h22min

"Black Friday" é um termo racista?

Conheça mais sobre a origem do evento e sua chegada no Brasil

Laiz Vaz - editado por Larissa Nunes
Banner "Black Friday" neon. (Reprodução: Freepik)

No dia 26 de novembro, ocorreu a "Black Friday", o evento comercial que é marcado com promoções em diversos setores. A data surgiu originalmente nos Estados Unidos, para comemorar a volta do comércio após o feriado de Ação de Graças, (que acontece na última quinta-feira de novembro) e ao decorrer dos anos se espalhou para outros países devido a globalização.

 

O evento ocorre oficialmente na última sexta feira do mês e a versão mais popular de seu surgimento, é que no início da década de 90, na Filadélfia, os policiais da região apelidaram de "Black Friday" o dia seguinte ao feriado, por conta da reabertura do comércio e o início da temporada de natal, com isso muitas pessoas vão às ruas e causam grandes aglomerações na cidade.

 

O Brasil importou a "Black Friday" aos poucos, mesmo sem trazer o dia de Ação de Graças, tirando de contexto a proposta do evento. Sua primeira edição brasileira, foi realizada em 2010, de forma online e nos anos seguintes, com o sucesso comercial e um período de muitas vendas, as lojas físicas aderiram ao evento. Um ponto que demonstra a força do evento, é que na edição de 2020 no Brasil, houve um crescimento de 25% com relação à edição de 2019, com faturamento de R$ 4,02 bilhões apenas em e-commerce’s, segundo estudo da consultoria Ebit Nielsen.

É importante ressaltar que, mesmo tendo o nome igual ao original e baseado na mesma ideia comercial, existem algumas diferenças entre a realização da data comercial nos Estados Unidos e no Brasil. Sophia Utnick, empresária brasileira que mora nos EUA, acredita que as alterações no evento se dão pela adaptação cultural, segundo a entrevista dada ao portal Jornal Contábil. “Existem diferenças entre os tipos de produtos e o modo de compra que o brasileiro e o americano buscam na Black Friday”, explicou.


De acordo com Sophia, uma das mais notáveis discrepâncias entre os dois países são as lojas presenciais. “Nos EUA é tradição ir até as lojas para participar das promoções. Por isso, vemos filas enormes e lojas lotadas. Acho que como a data chegou no Brasil mais recentemente, o e-commerce ganhou uma certa prioridade”, opinou ao portal.

Outro ponto bem diferente é que nos Estados Unidos, a Black Friday é realizada durante 24 horas apenas, enquanto no Brasil, diversas lojas acabam estendendo o período de promoções durante todo o mês de novembro.

Mesmo com toda a comoção sobre o evento, a crescente discussão sobre o racismo estrutural, que busca mais igualdade, respeito e consideração entre as raças é tão relevante quanto a indústria. Por isso, durante o período da "Black Friday", foi colocado em pauta nas redes sociais se há ou não racismo presente no termo.

Que o Brasil é um país racista, apesar de ter cerca de 54% da população negra e parda de acordo com o IBGE, é inegável, porém como já dito anteriormente a criação do termo não é brasileira, o que dá uma nova percepção sobre o caso. De acordo com Guilherme Gobato, fundador da consultoria em diversidade e inclusão Diálogos Entre Nós, para o portal 6MinutosEm inglês, existe a expressão ‘to be in black’, que corresponde ao que chamamos de ‘ficar no azul’, ou ‘sair do vermelho’, um balanço positivo do mercado”, por isso nos EUA, o termo não é considerado racista, apenas dá a entender que as empresas está “saindo do vermelho”, por conta do aumento das vendas.

Contudo, mesmo que o termo não seja comprovado efetivamente se é racista, as marcas estão optando por trocar a chamada de vendas para uma mais pessoal e representativa dos ideais das empresas e seus respectivos públicos, como a Imaginarium, com a Color Friday, as Lojas Americanas, com a Red Friday e a Boticário, primeira empresa a optar pela troca e se posicionar a percepção racista do termo, com a Beauty Week.

 

 
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