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23/03/2022 às 17h16min - Atualizada em 23/03/2022 às 17h07min

Violência obstétrica: Como evitar ser vítima de um crime que afeta tantas mulheres

É estimado que no Brasil, 1 a cada 4 gestantes sejam agredidas durante o parto, muitas não tem nem consciência de que foram vítimas de um crime

Leticia Bregalante - Editado por Manoel Paulo
Scielo Brasil
Instituto Trata

A violência obstétrica é uma violência de gênero pois fere corpos biologicamente femininos, desrespeitando suas decisões, posicionamentos, e que fere fisicamente e psicologicamente mulheres em uma situação de vulnerabilidade. Mulheres pardas, negras, índigenas, e que dependem do SUS, geralmente lideram a maior taxa de casos de negligência e discriminação hospitalar.

 

De acordo com o artigo sobre violência obstétrica publicado pela Scielo Brasil, até o final do século 18 o parto era um evento realizado entre as mulheres. Era comum ter sempre uma ou várias parteiras pela região, que auxiliavam no parto humanizado de mulheres que costumam ter uma quantidade maior de filhos do que na atualidade. No final do século 19, essa prática se transforma em uma prática médica, onde intervenções como episiotomia (corte no períneo), manobra de Kristeller (pressão na parte superior do útero) e cesáreas (sem necessidade e contra a vontade da mulher) começaram a ser mais frequentes. 

 

Algumas dessas intervenções, como no caso da manobra de Kristeller, já foram banidas pelo Ministério da Saúde, por ter chances de causar danos físicos permanentes na mãe e no seu bebê.

 

Além de intervenções cirúrgicas, agressões verbais também são frequentes em salas de parto. A influencer Shantal Verdelho publicou em 2021 alguns momentos em que o agressor Renato Kalil, que foi seu médico obstetra, insultou Shantal diversas vezes durante o nascimento de sua segunda filha. A enfermeira obstetra Natalia Martins afirma que esse tipo de agressão pode afetar não apenas a mãe como também o bebê, já que a maneira como somos recepcionados no mundo pode impactar na sua vida, afetando assim, seu psicológico.

 

Nathalia afirma que o parto humanizado geralmente é o mais indicado, mas independente da escolha da gestante, uma doula diminui as chances de um parto agressivo, pois o acompanhamento de uma doula durante a gestação inclui o apoio físico e emocional da mulher em todo esse processo de parto e pós parto.

 

É  importante que a gestante, enfermeira, doula ou o próprio acompanhante fiquem atentos a qualquer prática abusiva cometida durante esse momento, além das intervenções cirúrgicas desnecessárias e agressões verbais, humilhações como: deixar a mulher nua sem nenhuma comunicação, uso de soro com ocitocina para acelerar trabalho de parto, lavagens intestinais, proibição de acompanhantes e afastamento da mãe com o bebê também são exemplos de práticas condenáveis.

 

Em caso de qualquer uma dessas práticas, é possível denunciar ligando no número 180 e dar detalhes sobre o abuso sofrido durante o parto, e iniciar tratamento psicológico para que o trauma não afete a relação entre mãe e filho ou tarefas diárias do cotidiano.


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